Arquidiocese de Braga -

9 junho 2022

Francisco, em L'Aquila e diante dos restos mortais de Celestino V, deixará uma mensagem de “misericórdia” para ressoar na Ucrânia

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

Bergoglio tornar-se-á o primeiro Pontífice em 728 anos a abrir a Porta Santa da Basílica de Santa Maria di Collemaggio a 28 de Agosto.

\n

Muitos ainda associam a cidade italiana de L'Aquila, em Los Abruzzo, ao terramoto que a devastou em 2009.

Mas, além de um desastre que ainda marca o quotidiano do seu povo, para a história permanece como o lugar que abriga os restos mortais de Celestino V, monge eremita que foi Papa por cinco meses, em 1294, até renunciar oprimido pela corrupção eclesial.

Preso pelo seu sucessor, Bonifácio VIII, temendo que seus seguidores incorressem num cisma, Celestino V morreu em circunstâncias misteriosas na sua cela.

Canonizado em 1313 pelo Papa Clemente V devido à enorme devoção popular que por ele se professava, Celestino V sempre foi considerado um ícone do cristianismo mais essencial e enraizado no amor fraterno.

Assim, desde então, L'Aquila celebra um festival muito especial, o “Perdão”, no qual é concedida a indulgência aos seus participantes.

 

Com todos os cardeais

Como anunciado há dias, Francisco tornar-se-á o primeiro pontífice em 728 anos a abrir a Porta Santa da sua Basílica de Santa Maria di Collemaggio a 28 de Agosto.

Um momento cheio de simbolismo e no qual o Papa, que seguirá os passos de Bento XVI, que se prostrou diante dos restos mortais de Celestino V em 2009 (num gesto que muitos interpretaram como profético da sua própria renúncia, quatro anos depois), irá fazer uma interrupção no seu importante encontro com os cardeais de todo o mundo, que virão a Roma nesses dias para participar no consistório e num momento de reflexão sobre a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium.

O Cardeal Giuseppe Petrocchi, Arcebispo Metropolitano de L'Aquila, saudou a visita e, em declarações ao meio de comunicação local Capoluogo, destacou que, graças a Francisco, este ano o perdão irá alcançar “um nível planetário”.

 

Mãe da justiça e da paz

Algo necessário num tempo como este, marcado em grande parte por guerras e desigualdades: “a mensagem do perdão é constantemente actualizada, como também foi sublinhado por Papas recentes, que definiram a misericórdia como a mãe da justiça e da paz”.

A paz, infelizmente, está comprometida “no coração da Europa. A guerra na Ucrânia despedaça não só os países envolvidos, mas também toda a convivência que foi capaz de construir desde o pós-guerra até aos dias de hoje. É preciso um empurrão que motiva um desejo efectivo de paz e de perdão e, neste sentido, pode ser, através da voz do Papa, uma exortação importante que pode ter efeitos que hoje não podemos medir de forma alguma”.

 

Capital do perdão

Quanto ao que a visita significa “para a Igreja e a cidade de L'Aquila”, Petrocchi acredita que “este encontro significa que o perdão dado pelo Papa Celestino torna a cidade a capital do perdão, não apenas anunciado, mas concretizado na vida quotidiana, uma riqueza para toda a humanidade”.

Assim, serão abraçados por “um Papa cheio de ternura” para com eles.

 

Artigo de Miguel Ángel Malavia, publicado em Vida Nueva Digital a 8 de Junho de 2022.