Arquidiocese de Braga -

12 maio 2022

Núncio na Ucrânia: “Esta guerra não pode ser vencida, a única coisa que resta é pará-la”

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

D. Visvaldas Kulbokas aplaude “coesão e diálogo” entre todas as confissões presentes na Ucrânia.

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O arcebispo lituano Visvaldas Kulbokas, núncio apostólico em Kiev, pediu mais uma vez a paz na Ucrânia “o mais rápido possível” e o fim de uma guerra “que não pode ser vencida”. O prelado, que não saiu da cidade nem nos piores momentos dos ataques russos, e uma testemunha excepcional do horror, pediu que as balas e as bombas dessem lugar à diplomacia e ao diálogo.

Kulbokas lamentou que ainda existam países que continuam a falar sobre “como vencer a guerra”. O núncio, no entanto, refere-se à sua própria experiência no terreno para explicar que isso é impossível: “O que significa «ganhar» quando há dezenas de milhares de mortos? A única coisa que resta é detê-la, a guerra. Se alguém tiver hipótese de o fazer, que o faça agora. A guerra mata toda a gente”.

 

Oprimidos por emergências

A situação causada pelo conflito leva-os ao limite todos os dias. “Estamos sobrecarregados de emergências, começando pelas questões humanitárias, às vezes com intervenções pontuais no terreno, às vezes – e esta é a esfera de competência da nunciatura – aquelas que exigem o uso de canais diplomáticos…”-

No entanto, é realista sobre a sua capacidade de influenciar os partidos: “Não temos a força das superpotências políticas e militares, teria que se lhes perguntar. Nós somos pequenos. Mas o que podemos fazer é ficar aqui e fazer a nossa parte, o nosso trabalho de persuasão moral, que tem muitas facetas e obviamente tem que ser confidencial. Estar lá e recordar o essencial”.

 

Exemplo de união ecuménica contra a guerra

Neste aspecto, o lituano quis destacar a comunhão entre as diferentes confissões que se encontram na Ucrânia. “Um aspecto encorajador é a coesão entre os homens de fé. Aqui na Ucrânia existe um Conselho de Igrejas e Organizações Religiosas que reúne representantes das principais confissões, cristãs e não cristãs, e que é um importante exemplo de coesão e diálogo. Uma arma espiritual e positiva que mostra como toda a humanidade deve estar unida na luta contra a guerra”.

Questionado pela esperança de a guerra parar em breve, Kulbokas abriu uma janela de esperança com a ajuda de Deus. “Humanamente falando, parece não haver hipótese. Mas, como homens de fé, temos a vocação de esperar contra todas as probabilidades, porque sabemos que Deus está lá e intervirá enquanto fazemos a nossa parte”.

Artigo de Israel Duro, publicado em Vida Nueva Digital a 12 de Maio de 2022.