Arquidiocese de Braga -

17 março 2022

Rezando pela Ucrânia, Parolin pede que as armas sejam silenciadas

Fotografia

DACS com Crux

Numa missa especial celebrada pela paz na Ucrânia, o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, disse que a oração nunca é inútil e pediu a todos os lados que imitem o chamamento de Jesus para serem pacificadores, silenciando as armas.

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Parolin celebrou a Missa de 16 de Março na Basílica de São Pedro com o corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé.

Ambos os embaixadores da Rússia e da Ucrânia junto à Santa Sé estiveram presentes na missa, assim como vários oficiais do Vaticano, incluindo o arcebispo britânico Paul Gallagher, secretário do Vaticano para as relações com os Estados.

Na sua homilia, Parolin disse que se reuniram “para implorar a Deus o dom da paz na Ucrânia e pedir-Lhe que ajude todos os homens e mulheres de boa vontade a serem pacificadores”.

Recordando a afirmação de Jesus no Sermão da Montanha de que “bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”, Parolin disse que a paz é “uma característica do próprio Deus”.

Observando que Deus é descrito por São Paulo nas Escrituras como um “Deus da paz”, Parolin disse que Deus ama a sua criação e vigia-a como um pai e, como tal, Ele “não é indiferente à situação que estamos a viver”.

Citou o discurso do Papa Francisco no Ângelus no Domingo de 6 de Março, no qual o Papa disse que “rios de sangue” estão a correr pela Ucrânia e insistiu que o conflito “não é apenas uma operação militar especial”, como as autoridades russas insistem desde que invadiram a Ucrânia a 24 de Fevereiro, mas é “uma guerra que semeia morte, destruição e miséria”.

“Se estamos aqui para rezar pela paz, é porque estamos convencidos de que a oração nunca é inútil, que a oração também pode mudar as situações mais desesperantes, pode mudar corações e mentes”, disse Parolin.

Isto, observou, é afirmado pelo profeta Ezequiel, que disse: “Dar-vos-ei um coração novo e introduzirei em vós um espírito novo: arrancarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne”.

“Temos essa certeza”, disse Parolin, e agradeceu ao corpo diplomático por se reunir para a eucaristia.

Voltou-se para a leitura do Evangelho do dia, na qual a mãe de Zebedeu pediu a Jesus que reservasse para os seus filhos um assento à sua direita e à sua esquerda no céu.

Embora este seja “um desejo legítimo de uma mãe, pois todas as mães querem o melhor para os seus filhos”, Jesus tem outra coisa em mente, dizendo aos seus discípulos que, enquanto os governantes do mundo dominam o seu poder sobre os outros, “Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande seja vosso servo e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo”.

Nesta cena, há “duas lógicas diferentes” e dois tipos diferentes de glória, disse Parolin, insistindo que a glória de Deus “passa pela cruz”, enquanto a do mundo é vista em demonstrações de poder e sucesso.

“Através da Cruz alcançamos a vida, a glória... Esta é a grandeza de Deus”, que lavou os pés dos seus discípulos, disse, acrescentando: “Não acham que se realmente colocarmos em prática estas palavras de Jesus, este exemplo de Jesus, todos os conflitos do mundo irão lentamente, um por um, desaparecer?”.

“Não acham que se ouvíssemos mais o nosso Senhor, as armas seriam silenciadas, na verdade nem deveriam ser construídas e produzidas?”, questionou.

Em última análise, a guerra não é apenas um problema político e económico, mas espiritual, afirmou.

“Queremos deixar-nos interrogar e fixar no coração as palavras de Jesus que dizem que não será assim entre vós. O crente com a sua vida testemunha que a glória de Deus não é oprimir, mas é exactamente o contrário”, disse Parolin.

Observando que Jesus na Última Ceia começa por dizer aos seus discípulos: “Dou-vos a Paz”, Parolin disse que essa paz é o “seu legado e por essa razão o discípulo nunca perde a esperança”.

“Quem reza pela paz contribui para tornar a terra mais misericordiosa e mais humana. Que as armas fiquem em silêncio, Deus está com os pacificadores”, disse e, acrescentando: “Nós voltamo-nos para Deus com o coração partido pelo que está a acontecer na Ucrânia … Salve esta terra da destruição e da morte generalizada”.

Artigo de Elise Ann Allen, publicado no Crux a 17 de Março de 2022.