Arquidiocese de Braga -

7 março 2022

"O desafio de continuar a cuidar das linhas da vida"

Fotografia

MMTC | LOC/MTC

Mensagem para o Dia da Mulher, pelo Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos, em parceria com a LOC/MTC.

\n

O "Dia Internacional da Mulher", que tem a sua origem num facto trágico de 8 de março de 1908, voltamos a vivê-lo em 2022 no meio de uma pandemia sanitária que causou estragos nas economias e sociedades do mundo, e, que ao mesmo tempo, nos mostrou as desigualdades estruturais no desenvolvimento de todos os âmbitos das nossas vidas.

Neste tempo particular de crise, as mulheres estiveram na primeira linha dentro e fora do lar. No âmbito privado, mais do triplo das horas de trabalho de cuidado não remunerado já recaíam sobre as si, a pandemia veio a aumentar essa realidade, e, no âmbito social, a sua função foi fundamental para servir nas cantinas populares, as refeições comuns, a auto-organização do bairro, a promoção da saúde nos bairros, mesmo quando os recursos pessoais e a capacidade institucional foram limitados e os direitos reconhecidos também se viram ameaçados.

Apesar deste trabalho das mulheres, desarticularam-se os sistemas sociais, os de proteção e os apelos de auxílio, as denúncias de violência e os abusos sexuais aumentaram. As mulheres ficaram à mercê da violência doméstica em condições de maior vulnerabilidade, produzindo-se um aumento de feminicídios como expressão mais horrenda contra elas.

Nessa mesma linha, em termos de emprego, é inegável que em todo o mundo foram as mulheres as mais afetadas pelos despedimentos e a redução de salários antes e durante a pandemia, agravando os desequilíbrios e as consequências negativas. De facto, a América teve a maior queda regional no emprego de mulheres devido à pandemia.

Segundo os dados da OIT espera-se que, durante o ano 2022, o emprego dos homens chegue aos níveis do ano 2019 (68,6% dos homens na idade de trabalhar com emprego), enquanto que o emprego das mulheres em idade de trabalhar só atinja 43,2%. Perante esta realidade, a situação das mulheres na região continua a ser sombria.

Por isso, urge redirecionar os caminhos, rectificar essas desigualdades históricas, romper com o silêncio e construir um mundo mais humano. É importante lutar contra outras pandemias que continuam a matar mulheres, para que deixem de viver na situação mais precária.

No meio destas diferenças que se tornam cada vez mais vincadas e que tentam travar a vida, a pergunta que pode marcar o patamar solidário e fraterno é: onde está o teu irmão? (Gn 4, 9), (ou dito de outra forma) onde está a tua irmã? Porque se a voz do sangue do irmão (irmã) clama a Deus desde a terra, terá de se tentar, tendo ouvidos, ouvir o grito que se expressa perante a violência contra as mulheres e crianças que morrem perante as injustiças.

Assim, a partir do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos, somos chamadas e chamados a estar presentes na história todos os dias. Como diz o Papa Francisco, temos a responsabilidade de "não nos envergonharmos da vida, mas participarmos nela, como fez Jesus". Dar testemunho da Boa Nova é também construir esperança e fazer recuar a violência e a injustiça.

Por isso, comemoramos este 8 de março, Dia Internacional da Mulher, aproximando-nos das nossas irmãs, com o amor e a vocação de continuar a cuidar as linhas da vida, ainda que isso implique deixar comodidades e costumes.

 

Oração para o Dia da Mulher

DEUS DO AMOR,
sabemos que homem e Mulher nos criaste
sejamos Homem ou Mulher, nos amaste,
desde o princípio da criação!

DEUS DO RESPEITO,
sabemos que desde o princípio dos tempos
nos respeitas a todos e cada um de nós
com as nossas diferenças e as nossas complementariedades!

DEUS DA JUSTIÇA,
sabemos que o teu Filho Jesus soube escutar
mulheres rejeitadas, feridas, exploradas, não amadas.
E sabemos que ao fazê-lo inquietou, e até escandalizou!

DEUS DA VIDA
Dá-nos O valor de seguir os passos do teu Filho.
Dá-nos a força para mostrar respeito por toda a vida.
E em todas as ocasiões.

Te pedimos DEUS: nosso PAI e Nossa MÃE
por todos os séculos! Amém.

(Texto de Bernard Robert, Assistente do MMTC)