Arquidiocese de Braga -

28 fevereiro 2022

Vaticano pronto a “facilitar negociações” entre Ucrânia e Rússia

Fotografia Sergei Kholodilin/Belta via Reuters

DACS com Agência Ecclesia/Público

Representantes da Rússia e Ucrânia estão reunidos esta segunda-feira na Bielorrússia após o presidente ucraniano aceitar no domingo que os dois países em guerra se reuniriam sem “pré-condições”.

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O secretário de Estado do Vaticano disse este domingo que o Vaticano está pronto para “facilitar negociações” entre a Rússia e a Ucrânia, e alertou para a “catástrofe gigantesca” que representa a escalada do conflito.

O cardeal Pietro Parolin, um dos principais colaboradores do Papa, considerou que “nunca é tarde demais” para travar os bombardeamentos e procurar o diálogo, a única forma razoável e construtiva de resolver as diferenças é através do diálogo, como o Papa Francisco não se cansa de repetir.

O chefe da diplomacia da Santa Sé recordou a visita inédita que o Papa fez na última sexta-feira à embaixada da Rússia junto da Santa Sé, e renovou o convite de Francisco a “cessar os combates e retomar as negociações”, afirmando que “deve ser interrompido imediatamente o ataque militar, cujas consequências trágicas já estamos a testemunhar”.

secretário de Estado mostrou-se particularmente preocupado com a possibilidade de o conflito se alastrar e envolver directamente outros países europeus, descrevendo esse cenário como “uma catástrofe de proporções gigantescas, ainda que, infelizmente, não seja uma eventualidade a ser totalmente descartada”.

“O eventual regresso a uma nova guerra fria com dois blocos opostos também é um cenário perturbador. Vai contra a cultura de fraternidade que o Papa Francisco propõe como único caminho para construir um mundo justo, solidário e pacífico”, acrescentou.

D. Pietro Parolin explicou que o Vaticano tem acompanhado de forma constante, discreta e com grande atenção os acontecimentos na Ucrânia, oferecendo a sua disponibilidade para facilitar o diálogo com a Rússia”, e que está pronto para ajudar as partes a retomar este caminho”.

O cardeal italiano considerou ainda que os acontecimentos dos últimos meses não fizeram nada além de “alimentar a surdez mútua, levando a um conflito aberto”, e que as “aspirações de cada país e a sua legitimidade devem ser objecto de uma reflexão comum, num contexto mais amplo e, sobretudo, tendo em conta as escolhas dos cidadãos e no respeito pelo direito internacional

Representantes da Rússia e Ucrânia estão reunidos esta segunda-feira na Bielorrússia após o presidente ucraniano, Volodimir Zelenskii, aceitar no domingo que os dois países em guerra se reuniriam sem “pré-condições”. Zelenskii admitiu não ter grandes perspectivas de sucesso após mais uma noite de bombardeamentos e ataques na Ucrânia, a ameaça nuclear feita por Vladimir Putin, presidente russo, no domingo, e não acreditando que a Rússia abdique das exigências realizadas anteriormente, nomeadamente a desmilitarização da Ucrânia, renúncia à NATO e assumir-se como estado “neutral”.

Para tal contribui, também, o local de negociações. De acordo com o jornal Washington Post e a agência Associated Press, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko está a ponderar enviar tropas bielorrussas para o conflito a qualquer momento e a Bielorrússia aprovou em referendo, este domingo, uma emenda constitucional que rejeita o estatuto de “país não-nuclear” e que pode levar a Rússia a transferir para lá parte do seu armamento nuclear.

A guerra, despoletada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, vai no quinto dia. De acordo com o exército ucraniano,as tropas russas “continuam a bombardear em quase todas as direcções”, com cidades como KievKharkiv, Mariupol e Chernihiv a serem novamente atacadas entre a noite de domingo e as primeiras horas desta segunda-feira – conseguindo, no entanto, rebater os avanços russos.

Segundo a ONU, o conflito já vitimou 102 civis, provocando ainda 500 mil refugiados, disse o Alto Comissário para os Refugiados, Filippo Grandi.