Arquidiocese de Braga -
22 fevereiro 2022
Bispos polacos apelam ao acolhimento de refugiados ucranianos
DACS com Vatican News/Público/NYTimes
O líder dos bispos polacos lembrou que a Polónia tem sido, “durante séculos”, um refúgio de quem foge “da perseguição e do ódio”.
O presidente da Conferência Episcopal da Polónia apelou esta segunda-feira aos católicos polacos que acolham os refugiados ucranianos que possam vir a procurar abrigo no país vizinho como resultado dos mais recentes desenvolvimentos acerca do Leste da Ucrânia.
O arcebispo Stanislaw Gądecki, de Poznań, escreveu que todos “têm o direito de viver em paz e segurança” e que “todos têm o direito de procurar, para si mesmos e para os seus entes queridos, condições de vida seguras”.
O líder dos bispos polacos lembrou que a Polónia tem sido, “durante séculos”, um refúgio de quem foge “da perseguição e do ódio”, e que nos últimos anos o país tem aberto as portas a emigrantes da Ucrânia, que "vivem entre nós, trabalham connosco, rezam em igrejas polacas e estudam em escolas polacas”.
O arcebispo Gądecki pediu ainda que a hospitalidade perante a possível chegada de refugiados ucranianos seja expressa através do apoio a organizações como a Cáritas Polónia, Cáritas diocesanas e paroquiais e outras associações de caridade. De acordo com Gądecki, a Cáritas Polónia preparou um programa adicional de apoio a refugiados da Ucrânia para o caso de serem desencadeadas mais acções militares.
A União Europeia decidiu esta segunda-feira enviar um apoio financeiro extraordinário de 1.200 milhões de euros à Ucrânia. A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) congratulou-se com a decisão e convidou a “reforçar o Estado de direito e a governação da Ucrânia e a resiliência do país, especialmente nos sectores económico, financeiro e energético”.
As tensões entre Rússia e Ucrânia subiram de novo também esta segunda-feira, com o anúncio pelo presidente russo, Vladimir Putin, do reconhecimento oficial da independência das auto-proclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Leste da Ucrânia, e consequente envio de “forças de manutenção de paz” para as duas regiões ocupadas por separatistas pró-russos desde 2014. Jon Finer, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, considerou esta terça-feira que a decisão de enviar tropas é “o início de uma invasão russa na Ucrânia”.
Em resposta aos movimentos do Kremlin, a Alemanha anunciou a suspensão da certificação do gasoduto Nord Stream 2, uma infra-estrutura que transporta gás directamente da Rússia para a Alemanha, duplicando o fornecimento actual de gás russo. De acordo com o jornal Público, a União Europeia incluiu os nomes dos 450 membros eleitos da Duma, a câmara baixa do parlamento da Rússia, na lista de indivíduos e entidades a sancionar imediatamente, com o congelamento de bens e a proibição de entrada em território europeu, integrando-os no pacote de sanções a ser aprovado esta tarde pelos ministros de negócios estrangeiros da União Europeia.
Já o Reino Unido reagiu com o congelamento dos bens de cinco bancos e de três oligarcas russos. O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, vai falar em público sobre a situação esta terça-feira, às 18 horas portuguesas.
A Ucrânia passou por duas revoluções no século XXI, em 2005 e 2014, rejeitando ambas as vezes a influência da Rússia e aproximando-se da União Europeia e da NATO, movimentando-se no sentido da adesão a ambas as alianças.
Depois da revolução de 2014 (Revolução da Dignidade), em que meses de protestos acabaram por derrubar o presidente pró-Moscovo Viktor Yanukovych, Putin utilizou o vazio no poder a seu favor e anexou a região da Crimeia, para além de começar a apoiar rebeldes separatistas nas províncias de Donetsk e Luhansk através de milícias paramilitares russas.
Os rebeldes conseguiram estabelecer duas pequenas “repúblicas populares”, onde a pena de morte foi re-estabelecida e dezenas de campos de concentração foram criados para torturar e executar dissidentes. O conflito vitimou, desde 2014, mais de 14 mil pessoas e obrigou à deslocação de milhões.
Mais de metade dos 45 milhões de ucranianos fazem parte da Igreja Ortodoxa, onde também é visível o confronto entre Kiev e Moscovo, com a existência de dois patriarcados no território. Em Janeiro de 2019, o patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, considerado ‘primus inter pares’ no mundo ortodoxo, reconheceu a nova Igreja na Ucrânia como “autocéfala” (independente), uma decisão que foi rejeitada por Moscovo.
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