Arquidiocese de Braga -

É sempre uma surpresa quando elas aparecem na “caixa de entrada” – mensagens manuscritas que o Papa Francisco anexa rotineiramente aos seus e-mails particulares.

Geralmente são apenas algumas linhas escritas em caracteres minúsculos e datadas no canto superior direito.

É assim que Francisco prefere lidar com grande parte de sua correspondência privada. Pode ser uma resposta a um e-mail vindo de alguém do outro lado do mundo... ou de alguém da Cúria Romana que deseja contornar os canais oficiais e alcançá-lo directamente.

Claro, isso não quer dizer que qualquer um pode entrar em contacto com o Papa dessa forma. Todas as pessoas que usam esse método têm algum tipo de ligação pessoal, mais ou menos antiga, com o ex-arcebispo de Buenos Aires.

E a maioria delas recebe uma resposta do Pontífice que nunca deixa de as surpreender: “Quando lhe escrevo, recebo sempre uma resposta numa semana”, diz uma das pessoas.

Outra pessoa que trabalha na Cúria diz que a resposta do Papa “chega sempre em 24 horas”. “É muito surpreendente”, acrescenta este funcionário.

“É mais fácil para mim chegar ao Papa e fazer-lhe perguntas do que chegar ao director de um dicastério. Às vezes, pode levar semanas para encontrar um superior”, explica o homem.

Essas pequenas notas manuscritas são digitalizadas por uma secretária e anexadas aos e-mails do Papa, sugerindo que o bispo de Roma, de 85 anos, tem aversão a usar um teclado de computador.

Francisco trabalha sempre com um lápis na mão, corrigindo e anotando os documentos que lhe são enviados, escrevendo as suas respostas em cartões rectangulares.

Mas a prática de enviar mensagens manuscritas a amigos e conhecidos próximos também é um lembrete de que o Papa quer preservar uma parte da sua vida privada que tanto preza.

Artigo de Loup Besmond de Senneville, publicado no La Croix International a 21 de Fevereiro de 2022.