Arquidiocese de Braga -
15 fevereiro 2022
A estrela de ópera que encanta o Papa
DACS com La Croix International
A soprano russa, Svetlana Kasayn, encontrou-se recentemente com Francisco pela oitava vez em nove anos, dando-lhe uma cópia especial do seu novo álbum – “Fratelli tutti.”
Svetlana Kasyan certamente ganhou a afeição do Papa Francisco.
“Ele disse-me que adora a minha voz e que sente a verdade da minha alma nela”, disse a soprano russa de 37 anos recentemente sobre a sua visita mais recente ao papa.
Ela e o marido viram-no pela última vez a 11 de Janeiro no Vaticano.
A visita de quase uma hora foi a oitava vez que Kasyan se encontrou com Francisco. O primeiro encontro foi em 2013, quando de um concerto no Vaticano. “
“Falamos sobre música. Mas também sobre a vida, a minha família, a minha filha Natalia. Ele é um pouco como meu padrinho!”, disse, de sorriso rasgado.
Formada pelo Conservatório de Moscovo e já tendo actuado no Teatro Bolshoi, Kasyan tem uma relação única com o Papa.
Mesmo sendo Russa Ortodoxa, a cantora insiste que a sua amizade com Francisco não tem nada que ver com política.
Embaixadora cultural entre o Vaticano e o Patriarcado de Moscovo?
“Sou uma mulher das artes. O meu único poder é o poder da música”, disse. Ainda assim, ela vê-se como uma ponte entre o Vaticano e a Rússia, além das diferenças e dos distantes conflitos religiosos que atormentam as relações entre o Papado e o Patriarcado de Moscovo.
“Eu poderia ser uma embaixadora cultural”, sorriu.
Svetlana tem convidado repetidamente Francisco para visitar a Rússia, um convite pessoal que é desaprovado pelas correntes ortodoxas mais conservadoras e anticatólicas, que fizeram comentários desagradáveis sobre a soprano nas redes sociais.
“Foram escritas coisas horríveis. Nem quero ver mais”, disse ela.
Mas o Papa encontrou-se com o metropolita Hilarion, líder das relações externas da Igreja Ortodoxa Russa, em Dezembro passado, no Vaticano.
Discutiram um possível novo encontro com o patriarca Kirill em 2022, cinco anos depois de o Papa e o Patriarca realizarem um encontro histórico em Cuba.
“Algumas pessoas em Moscovo querem esta reunião, incluindo na hierarquia patriarcal. Mas eu não quero interferir”, disse Kasyan.
“Fratelli Tutti”, um álbum para o 85º aniversário do Papa
O seu último álbum chama-se “Fratelli Tutti”, em homenagem à encíclica do Papa de 2020. Lançou o álbum a 17 de Dezembro, no dia de aniversário do Papa.
O álbum consiste em 14 músicas em 14 idiomas diferentes.
“Ele gostou do conceito do meu álbum. Uma verdadeira mistura de culturas e um apelo à paz!” afirmou, referindo-se à visita de 11 de Janeiro.
A origem única de Kasyan, sem dúvida, levou-a a este momento. Nasceu na Geórgia, numa família de origem persa. A sua religião quando era criança era o Yezidismo, mas começou a frequentar os cultos da Igreja Ortodoxa na adolescência e converteu-se aos 13 anos.
Durante uma das suas oito conversas, Francisco disse a Kasyan que sua ópera favorita é Tosca. A soprano viajou para Itália no início do ano para uma nova produção da obra de Puccini em Bolonha.
A sua voz – que tem sido descrita como “colorida, natural e dramática” – corresponde bem aos grandes papéis das óperas italianas.
“No Bolshoi, o repertório é mais voltado para obras russas. É muito limitado para mim”, disse Kasyan, que passou a maior parte da sua carreira na Europa. Pelo menos antes da Covid-19.
“Deus ajudou-me…. e deu-me talento”
A soprano contraiu o vírus em 2020. no início da pandemia, e passou um mês no hospital, seguido de seis lentos meses de recuperação. Os seus pulmões foram afectados e a sua carreira musical de repente ficou incerta. Kasyan passou por um longo período de exercícios respiratórios.
“O resultado é que a minha voz não foi afectada, mas hoje a minha respiração está melhor do que antes da doença!”, disse.
Desde a provação, reacendeu a sua carreira e os concertos começam a acumular-se. Está entre convites para a Itália e apresentações na Ópera Novaya, a segunda maior casa de ópera de Moscovo.
Com uma filha de sete anos e outros projectos familiares , Kasyan teve que encontrar um novo equilíbrio na sua vida.
“Deus ajudou-me nos momentos difíceis. É importante acreditar. Isto ajuda-me no meu dia-a-dia e na minha alma”, confidenciou.
“Deus deu-me talento e está comigo desde o início da minha carreira”.
Ganhou o seu primeiro prémio numa competição internacional na China e assinou um contrato logo de seguida para realizar uma série de concertos em Itália. Isto foi em 2011, dois anos antes do seu primeiro encontro com o Papa Francisco.
Artigo de Benjamin Quénelle, publicado pelo La Croix International a 8 de Fevereiro de 2022.
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