Arquidiocese de Braga -

5 janeiro 2022

Lideranças religiosas de Cabo Delgado juntas pela paz

Fotografia Carta de Moçambique

DACS

Os seis signatários, "cientes de que a religião visa criar felicidade", distanciam-se "dos actos e das pessoas que deturpam as doutrinas religiosas para justificarem qualquer tipo de violência".

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As lideranças cristãs e muçulmanas da província de Cabo Delgado, em Moçambique, publicaram uma declaração inter-religiosa depois de terem estado reunidas em Dezembro num seminário que decorreu em Pemba, intitulado "Religião como parte da solução ao conflito em Cabo Delgado".

O documento é assinado pelo administrador da diocese católica de Pemba, D. António Juliasse Sandramo, pelo Sheikh Nassurulahe Dulá, do Congresso Islâmico de Moçambique, pelo pastor Alberto Sabão, do Conselho Cristão de Moçambique, pelo Sheikh Abdul Latifo Incachada, da Comunidade Islâmica de Cabo Delgado, pelo Sheikh Vitorino Luís Promoja, da União de Jovens Muçulmanos, e pelo Sheikh Ismail Selemane, do Conselho dos Álimos de Cabo Delgado.

A declaração começa por afirmar a "forte união" dos líderes religiosos "perante qualquer ameaça de ruptura" e o "unânime repúdio aos actos extremistas e terroristas", assim como sublinha o compromisso conjunto de caminharem "lado a lado em prol da paz e da fraternidade".

"Comprometemo-nos a continuar a trabalhar pelo verdadeiro sentido da religião, de modo que a sociedade não olhe a religião como causa de qualquer conflito, em particular a religião islâmica, a mais afectada pelos preconceitos", afirmam os líderes religiosos, que logo de seguida dizem "rejeitar que sejam atribuídos os actos terroristas à religião muçulmana e qualquer afirmação que associe tais actos aos princípios do Islão".

Os seis signatários, "cientes de que a religião visa criar felicidade", distanciam-se "dos actos e das pessoas que deturpam as doutrinas religiosas para justificarem qualquer tipo de violência". 

Pretendem, assim, "manifestar uma atitude positiva e proactiva para com os membros das outras religiões, vencendo resistências, desconfianças e atitudes preconceituosas" e trabalhando "para impulsionar o conhecimento mútuo e a partilha entre os religiosos".

Os líderes religiosos apelam ao diálogo franco, aberto e honesto em sociedade e comprometem-se a "fazer palestras nos cultos de modo que os crentes não dominem apenas as escrituras, mas também a ciência para melhor interpretar a realidade", além de sensibilizarem jovens e adolescentes "através de mensagens que desencorajem" a adesão ao extremismo ou a qualquer tipo de violência.

"Igualmente o compromisso de acolher, acompanhar e «reabilitar», através de um trabalho psicossocial e espiritual intenso e demorado, os adolescentes e jovens que sofreram o impacto da violência, do lado das vítimas e dos perpretadores, para alcançar a sua reabilitação e reinserção social", sublinham. 

A declaração completa pode ser lida aqui.