Arquidiocese de Braga -

5 janeiro 2022

Covid desencadeou uma “onda crescente de raiva”, avisa bispo

Fotografia CNS photo/Reuters

DACS com The Tablet

Um mundo assustado é um terreno fértil para aqueles que alimentam o confronto político, acrescentou o bispo McKeown.

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Os últimos dois anos da pandemia de Covid deixaram as pessoas “maravilhadas com o nível de solidariedade na sociedade e assustadas com a crescente onda de raiva e confronto”, segundo o bispo de Derry, Donal McKeown.

Na sua homilia no Dia Mundial da Paz na Catedral de Santo Eugénio, o Bispo McKeown observou como o serviço de saúde tem sido elogiado pelo seu trabalho dedicado equanto, ao mesmo tempo, as pessoas são “bombardeadas por novas certezas dogmáticas sobre conspirações mundiais ou a alegada estupidez egoísta daqueles que decidem não se vacinar”.

Um mundo assustado é um terreno fértil para quem alimenta o confronto político, alertou.

Destacando a existência de “muitas forças divisórias” que procuram “promover um futuro que lhes convém”, afirmou: “Os gigantes financeiros prometem prazer através dos seus produtos. E os politicamente fortes tentarão desacreditar todos os outros e promover a sua pureza ideológica. A mensagem «obedeça à sua sede» não tem espaço para autocontrolo e sacrifício pelo bem dos outros”.

Referindo-se à mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, o Bispo McKeown sublinhou que o diálogo por si só pode construir comunidades de esperança, enquanto uma sociedade que separa os direitos de qualquer noção de certo e errado está a destruir qualquer esperança de coesão social.

“A privatização dos rituais separa os indivíduos dos pontos-cardeais da bússola e deixa-os abertos à exploração de forças poderosas. Os sumos sacerdotes e sacerdotisas da chamada nova era da razão condenam aqueles que discordam deles com um nível de arrogância e desprezo que caracteriza as velhas e novas elites. Tendem a desprezar a fé em Jesus como algo para os desesperados e os hipócritas”.

Expressando preocupação com o “grande número de jovens” perdidos para o álcool e as drogas, e a indiferença para com a situação deles, o bispo McKeown disse: “O nosso fracasso como sociedade em preparar tantos jovens para o mundo do trabalho e da responsabilidade é uma praga sobre todos nós enquanto enfrentamos 2022”.

Identificou ainda outros “valores perniciosos” que envenenam os corpos e as esperanças dos jovens como a solidão, o desespero e a pobreza de aspiração, que esmagam muitos indivíduos e marcam as suas famílias.

“Os pais muitas vezes tentam o seu melhor, mas enfrentam um tsunami de mensagens culturais vazias sobre o que torna a vida significativa”, explicou.

Lembrando o próximo 50º aniversário do Domingo Sangrento em Derry, o Bispo McKeown advertiu: “Ao lutar as batalhas do passado, aprendemos pouco. Ao ficarmos presos ao passado e  à sua dor, pouco crescemos. A paz crescerá a partir do diálogo entre a experiência e a esperança”, concluiu.

Artigo de Sarah Mac Donald, publicado no The Tablet a 5 de Janeiro de 2022.