Arquidiocese de Braga -

O Papa Francisco encerrou esta segunda-feira a viagem à Grécia, onde chegou no passado sábado, com uma nova mensagem em favor dos refugiados depois de ouvir o relato de um jovem que fugiu da Síria com a família.

O líder da Igreja Católica disse que o testemunho de Aboud Gabro, de 18 anos, impressionou pela fuga “da querida e atormentada Síria” com a família depois de correr várias vezes o risco de ser morto pela guerra, pois a casa onde viviam foi atingida várias vezes por bombardeamentos.

Aboud explicou que, após algumas tentativas de emigrar legalmente, “em vão”, restava “tentar chegar à Grécia de barco”, o que conseguiram depois de três tentativas. “Foi difícil ficar num rochedo sem água e sem comida, esperando o amanhecer e por um navio da guarda costeira que nos viesse resgatar”, acrescentou o jovem sírio.

O dia do Papa começou com a celebração da Missa, em privado, na Nunciatura Apostólica, onde recebeu o presidente do Parlamento da Grécia, Konstantinos Tasoulas, e se encontrou com nove jovens cristãos sírios, acolhidos pelo Ordinariato Católico Arménio de Atenas.

Já na Escola de São Dionísio, das Irmãs Ursulinas de Maroussi, Francisco encontrou-se com representantes da Pastoral Juvenil da Igreja Católica, ouviu os testemunhos de vários jovens e fez uma intervenção focada na figura de Telémaco, filho de Ulisses, e a sua aventura relatada na Odisseia de Homero.

O pontífice indicou que o sentido da vida “não é ficar na praia, à espera de que o vento traga novidades”, mas que “a salvação está em fazer-se ao mar, está no ímpeto, na busca, em ir no encalço dos sonhos: sonhos reais, sonhos com os olhos abertos, que supõem fadiga, luta, ventos contrários, tempestades repentinas”.

O Papa colocou em confronto as palavras esculpidas no frontispício do templo de Delfos – Conhece-te a ti mesmo – com as “mensagens marteladas” da sociedade digital, e referiu que ninguém vale “pela marca da roupa ou pelos sapatos que usas”, mas porque é “único” e “única”.

A mais recente viagem internacional do pontificado de Francisco começou na última quinta-feira, no Chipre, e prosseguiu este sábado em território grego, onde o Papa criticou a falta de solidariedade da União Europeia na resposta à crise migratória e alertou para um “retrocesso” nas democracias ocidentais.

No domingo, Francisco regressou a Lesbos e chamou a atenção para a situação de milhares de refugiados que procuram chegar à Europa. A viagem à Grécia contou com vários encontros dedicados à minoria católica (cerca de 1% da população) e com responsáveis da Igreja Ortodoxa, liderada pelo arcebispo Jerónimo II.