Arquidiocese de Braga -
12 novembro 2021
Francisco critica “hipocrisia” de quem culpa os pobres pela pobreza
DACS com Agência Ecclesia
Num encontro em Assis, o Papa evocou a vida de São Francisco e disse que é hora de devolver aos pobres a palavra e dignidade que merecem.
O Papa criticou esta sexta-feira a “hipocrisia” da sociedade que culpabiliza as pessoas pobres pela sua condição. Em Assis para assinalar o V Dia Mundial dos Pobres – celebrado no domingo, dia 14 –, Francisco afirmou que é hora de devolver aos pobres a palavra e dignidade que merecem.
O líder da Igreja Católica explicou que, por vezes, se ouve que “os pobres são os responsáveis pela pobreza” e que isso é um “insulto” porque, para evitar fazer “um sério exame de consciência sobre os próprios actos, sobre a injustiça de algumas leis e medidas económicas e sobre a hipocrisia de quem quer enriquecer excessivamente”, atiram-se as culpas para “os ombros dos mais fracos”.
Francisco realçou que é “hora de abrir os olhos para ver o estado de desigualdade em que vivem tantas famílias”, hora de “arregaçar as mangas para restaurar a dignidade com a criação de empregos” e hora de voltar a “escandalizar-se com a realidade de crianças famintas, escravizadas, sacudidas pelas águas na agonia de naufrágios, vítimas inocentes de todo o tipo de violência”.
O Papa Francisco evocou a vida de São Francisco de Assis, que ensinou a partilhar tudo com os outros, e sublinhou a importância de “acolher” para os católicos, de “abrir a porta, a porta da casa e a porta do coração”, sem “virar a cara para o outro lado”.
Na celebração de “oração e testemunho” que decorreu junto à Porciúncula – uma das igrejas que São Francisco restaurou e que está hoje dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos –, o Papa apontou que a “primeira marginalização” que os pobres sofrem é espiritual, pois “muitas pessoas e muitos jovens encontram algum tempo para ajudar os pobres e levar-lhes comida e bebidas quentes”, mas que fica feliz “acima de tudo” quando sabe que os voluntários “param um pouco para conversar com as pessoas, e às vezes rezam juntamente com elas”.
Francisco agradeceu a participação de todos numa iniciativa que nasceu de uma proposta de um homem desfavorecido e pediu que o encontro abra “o coração de todos nós para nos colocarmos à disposição uns dos outros, para fazer da nossa fraqueza uma força que nos ajuda a continuar o caminho da vida, para transformar a nossa pobreza numa riqueza a ser partilhada e, assim, melhorar o mundo”.
O encontro de oração e testemunho começou com um “abraço” virtual no átrio da Basílica de Santa Maria dos Anjos, onde o Papa recebeu simbolicamente o manto e o cajado do Peregrino. O cajado foi entregue por Abrhaley, refugiado eritreu invisual, que chegou à Itália em 2018 graças à criação dos corredores humanitários.
Vários representantes do grupo de pessoas pobres e de quem trabalha junto delas apresentaram testemunhos, visivelmente emocionados, e Francisco agradeceu a “coragem e sinceridade” de todos os que falaram, elogiando a “esperança” e a capacidade de “resistir” diante das dificuldades.
Este domingo, no V Dia Mundial dos Pobres, Francisco preside à missa na Basílica de São Pedro – pelas 11 horas portuguesas – com a participação de 2 mil pessoas acompanhadas por diversas associações no território de Roma.
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