Arquidiocese de Braga -

6 outubro 2021

Cardeal Schönborn pede para não se julgarem os casamentos que terminam em divórcio como o dos seus pais

Fotografia

DACS com Vida Nueva Digital

“Façam um esforço para não culpar o outro na frente dos vossos filhos. Eles vão sempre agradecer”, disse o cardeal.

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A questão do divórcio é um dos pontos quentes do diálogo, desde a fé católica, sobre o matrimónio e a família. Na verdade, a posição do Papa Francisco a este respeito – sempre apelou ao acolhimento – tem sido criticada em várias esferas. Agora foi o cardeal austríaco e arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, quem deu um passo em frente neste pedido de respeito... a partir da sua própria experiência familiar. Os pais de Schönborn divorciaram-se quando ele tinha 13 anos.

Num artigo escrito para o jornal Krone e recolhido pelo Katholisch, o cardeal explicou como, com o divórcio dos seus próprios pais, entendeu que “ninguém tem o direito de julgar” o que acontece dentro de um casamento.

Também reconheceu que, se um casamento for bem-sucedido, surge “uma das coisas mais belas deste mundo doloroso” e lembrou que “a unidade iniciada diante de Deus é muito mais do que um contrato no papel”.

“No entanto, os casamentos fracassam amiúde”, disse o cardeal. Por isso, nesse momento, o factor decisivo passa de haver ou não um divórcio a como é esse divórcio.

“Provavelmente não há uma resposta genérica para a questão de saber se os pais devem ficar juntos em qualquer caso se estão em conflito permanente e o seu relacionamento se tornou uma «instituição de indulgência mútua», como disse uma vez o dramaturgo austríaco Johann Nestroy”, escreveu Schönborn, focando as suas palavras nos casos em que, como na sua família, o casal tem filhos.

 

Experiência pessoal

“Façam um esforço para não culpar o outro na frente dos vossos filhos. Eles vão sempre agradecer”, apelou Schönborn, convencido de que os pais “nunca, nunca, nunca deveriam usar os filhos como reféns” contra o outro cônjuge, “mesmo em disputas violentas”, afirmou o cardeal, insistindo que “os filhos não deveriam ter que suportar o fardo da separação”.

A mãe do cardeal Schönborn, Eleonore, tem 101 anos. O seu ex-marido, Hugo-Damian Schönborn, morreu em 1979, embora tenha deixado a sua esposa e quatro filhos após um casamento infeliz.

Finalmente, em 1958, os dois divorciaram-se por mútuo consentimento. Talvez iluminado pela sua própria experiência, o cardeal Schönborn tem dedicado muito do seu ministério ao acompanhamento dessas famílias. De facto, o cardeal foi o responsável pelos grupos de famílias monoparentais e divorciadas nos Sínodos sobre a Família realizados em Roma em 2014 e 2015.

 

Artigo de Elena Magriños, publicado em Vida Nueva Digital a 5 de Outubro de 2021.