Arquidiocese de Braga -

15 setembro 2021

As 7 causas da migração forçada na América Central, de acordo com a Companhia de Jesus

Fotografia Cuartoscuro

DACS com Vida Nueva Digital

Os Jesuítas do México e da América Central apresentaram o seu diagnóstico intitulado “Postura da Companhia de Jesus no México e na América Central frente às Migrações Forçadas” e forneceram 41 ideias para enfrentar o fenómeno.

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A 13 de Setembro, foi apresentado o diagnóstico intitulado “Postura da Companhia de Jesus no México e na América Central frente às Migrações Forçadas”, através do qual os jesuítas da região procuram apresentar à sociedade as causas que dão origem à migração forçada no norte da América Central e as soluções possíveis.

O documento identifica especificamente sete causas estruturais do fenómeno da migração forçada: 1. A desigualdade de oportunidades para o pleno desenvolvimento humano associada a um modelo económico. 2. Desilusão com os processos democráticos existentes e associados a um modelo de Estado. 3. A deficiência dos sistemas tributários e de protecção social. 4. A influência do tráfico de drogas e de armas. 5. Insegurança, militarização e violação sistemática dos direitos humanos. 6. Vulnerabilidade frente a ameaças induzidas pela alteração e variabilidade climática. 7. O horizonte individualista da vida unido ao universalismo que prioriza as categorias globais sobre as locais.

 

Mais de 40 ideias para resolver o problema

Durante a apresentação online do documento, o padre jesuíta Jorge González, assistente do Provincial para o Sector Social da Companhia de Jesus no México, considerou que a migração não se resolve com armas e dinheiro, mas que “são necessárias estratégias multidisciplinares, interinstitucionais e contextualizadas com lideranças comprometidas que priorizam mudanças institucionais e estruturais profundas e de longo prazo. A colaboração e os processos de trabalho são necessários entre as organizações de base e as elites”.

Por isso, o diagnóstico também propõe 41 ideias para enfrentar o fenómeno da migração forçada.

“Estamos convencidos de que é possível levar a cabo esta proposta, por isso este documento não é um lamento, mas sim um apelo à esperança ”, disse o religioso jesuíta Francisco Iznardo, coordenador do Apostolado Social da Companhia de Jesus na América Central .

 

As propostas

Úrsula Roldán, directora do Instituto de Investigação e Projecção sobre Dinâmicas Globais e Territoriais da Universidade Rafael Landívar, na Guatemala, destacou, por exemplo, a necessidade de os Estados promoverem uma mudança tributária que reduza a desigualdade e os privilégios e que tenha como objetcivo aumentar a produtividade e melhorar os gastos públicos.

Da mesma forma, afirmou, é fundamental fortalecer as micro e pequenas empresas, estruturar um mercado comum centro-americano e mercados locais de alimentos e promover o emprego decente e o acesso à terra, aos recursos e à infraestrutura.

A professora referiu ainda algumas políticas que devem ser implementadas para garantir o bem-estar de quem hoje não encontra esperança de resolver a situação precária em que vive, como a universalização da educação, saúde, água e saneamento.

Vinculado à procura de um Estado efectivo, o documento alerta para o fortalecimento do Ministério Público e dos órgãos eleitorais e para a promoção da construção de pontes entre as elites e as bases.

 

Jesuítas pedem foco na juventude

O padre jesuíta Guillermo Irizar, académico responsável por Assuntos Migratórios do Instituto de Direitos Humanos Ignacio Ellacuria da Universidad Iberoamericana Puebla, elencou, como parte das acções para enfrentar a crise de violência na região, a promoção de modelos de segurança cidadã, o estabelecimento de rotas de migração regular, a abordagem das causas da violência e programas dirigidos à juventude.

As propostas também se referem à importância de reavaliar e fortalecer os ecossistemas e a vida comunitária, sublinhando o reconhecimento das contribuições dos povos indígenas e camponeses e dos sistemas agroalimentares.

Por fim, as Províncias do México e da América Central da Companhia de Jesus recordaram que as mobilidades humanas “trazem boas novas e mudanças positivas aos povos e enriquecem a cultura dos lugares e das comunidades” e apelaram à solidariedade e à hospitalidade nas suas obras e comunidades.

Recorde-se que os Jesuítas acompanham migrantes e refugiados na área do México e América Central desde 1980. Desde 2001, no México, foi criado o Serviço Jesuíta para Migrantes e, em 2017, foi reactivado o Serviço Jesuíta para Refugiados para atender a fronteira sul. Este ano, um projecto foi iniciado na fronteira norte. Na América Central existem vários órgãos que fazem parte da Rede Jesuíta com Migrantes na região.

 

Artigo de Miroslava López, publicado em Vida Nueva Digital a 14 de Setembro de 2021.