Arquidiocese de Braga -

30 junho 2021

Pe. João Torres: Pastoral Penitenciária deve ser “oportunidade de humanização” das prisões

Fotografia Emiliano Bar/Unsplash

DACS com Agência Ecclesia

Em entrevista à Agência Ecclesia, o coordenador da Pastoral Penitenciária de Braga diz que Igreja tem que assumir este serviço como “algo de sério e importante”.

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A Pastoral Penitenciária deve ser uma “oportunidade de humanização” das prisões e que este trabalho pastoral tem de ser encarado como “algo de sério e muito importante” para a própria sociedade, disse o padre João Torres, coordenador da Pastoral Penitenciária de Braga, numa entrevista à Agência Ecclesia.

“Eu acho que a própria Igreja Católica terá de assumir este trabalho como algo de sério e muito importante até para a própria sociedade, mas também a direção geral de serviços prisionais tem de olhar para este serviço como grande oportunidade de humanização dos estabelecimentos prisionais”, afirmou.

O sacerdote de 45 anos é assistente espiritual e religioso dos sstabelecimentos prisionais de Braga e Guimarães e sente que, nesta missão, “leva outro ar ao estabelecimento prisional”.  

“O assistente religioso leva outro ar ao estabelecimento prisional, não é só a parte cultual, ritos e celebrações, mas outro trabalho que tem de existir, em que a própria pessoa faz caminho de descoberta, das coisas boas que tem dentro de si, processos de conversão interior, de se reconciliar consigo e a quem fez mal, um processo que leva tempo e que precisa de atores, assistentes sociais, psicólogos mas também de uma parte espiritual”, aponta.

O padre João Torres defende também que “há pessoas que fazem descobertas interiores importantes, reconciliadas e disponíveis para pedir perdão a quem fizeram mal” mas considera “triste” as “portas se fecharem”.

“Acho que mesmo os serviços de reinserção social terão de fazer muito mais, quando alguém quer mudar de vida devíamos arranjar possibilidades para que mude mesmo, a cadeia não serve só para prender alguém 10 ou 15 anos, quando se sai pior ser humano do que quando entrou, com outros hábitos, seja por exemplo a ociosidade que se cultiva nos estabelecimentos prisionais e terá de acabar”, admite.

O responsável pela Pastoral Penitenciária de Braga assume que tem de se “arranjar maneiras” para que estas pessoas “saiam com formação humana, profissional, pessoas que saibam fazer alguma coisa” e “possam dar um contributo diferente à sociedade que eles prejudicaram”.

O também pároco de Priscos descobriu esta missão “ainda seminarista”, com um convite do reitor para que pudesse colaborar no estabelecimento prisional de Braga, onde inicialmente ficou “assustado” mas depressa percebeu que ali estavam “pessoas sedentas de esperança, de uma oportunidade na vida e a quererem ser tratadas com a mesma dignidade que qualquer outra pessoa merece”.