Arquidiocese de Braga -

10 maio 2021

Vaticano acelera passos para poder excomungar elementos da máfia

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

O anúncio coincide com a beatificação do juiz italiano Rosario Livatino, assassinado na Sicília e definido por Francisco como "mártir da justiça e da fé”.

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Depois da beatificação, neste Sábado, na Sicília, do juiz mártir italiano Rosario Livatino, o Vaticano anunciou o lançamento de um grupo que estudará a “excomunhão dos mafiosos”. A comissão criada no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral inclui o Arcebispo de Palermo, D. Michele Pennisi, o magistrado Giuseppe Pignatone, o padre Luigi Ciotti e a política Rosy Bindi.

Para o Papa Francisco, o novo beato é um "mártir da justiça e da fé". Após a oração do Regina Caeli a 9 de maio, o Pontífice destacou que “no seu serviço à comunidade como um juiz justo, que nunca se deixou corromper, esforçou-se por julgar não para condenar, mas para redimir”.

“A sua obra colocou-o sempre sob a protecção de Deus, por isso tornou-se testemunha do Evangelho até à sua morte heróica. Que o seu exemplo seja para todos, especialmente para os magistrados, um estímulo para serem fiéis defensores da legalidade e da liberdade”, acrescentou.

Vittorio V. Alberti, coordenador da comissão, destacou que é necessário que “fique claro que não é possível pertencer às máfias e fazer parte da Igreja”.

Para este membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, “os mafiosos não estão em comunhão com Deus”, afirmou sem rodeios numa entrevista aos meios de comunicação do Vaticano.

 

Começa a sensibilização

“A comissão foi criada para dar continuidade ao trabalho que iniciamos há quatro anos sobre a máfia e a corrupção. A certa altura, de facto, percebemos que na Doutrina Social da Igreja, no Direito Canónico, no Catecismo não não se menciona a excomunhão de mafiosos. Por isso, para reforçar a excomunhão, os pronunciamentos e o magistério do Papa Francisco sobre esta questão, consideramos necessário intervir ”, explicou Alberti.

Também fazem parte do grupo Raffaele Grimaldi, inspector-geral dos capelães das prisões italianas, Marcello Cozzi, sacerdote e professor da Universidade Lateranense e o Bispo D. Ioan Alexandru Pop, do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos.

“A beatificação de Livatino é realmente um acontecimento marcante porque ele é o primeiro magistrado da história da Igreja a ser beato e é um leigo, um verdadeiro leigo”, destacou o coordenador.

 

Artigo de Mateo González Alonso, publicado em Vida Nueva Digital, a 10 de Maio de 2021.