Arquidiocese de Braga -

19 abril 2021

Abadia de La Trappe doa carvalhos de 200 anos para ajudar na reconstrução da Catedral de Notre-Dame

Fotografia DR

DACS com La Croix International

Abade D. Thomas gostaria que carvalhos fossem utilizados para suportar a torre, assim como os "trapistas" suportam o mundo com oração.

\n

A Abadia de La Trappe, onde a Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância (OCSO) iniciou em 1664 como um movimento de reforma monástica, doou dois grandes carvalhos da sua floresta de 80 hectares para ajudar a reconstruir a Catedral de Notre-Dame. 

Os dois carvalhos, que têm cerca de 200 anos, serão usados ​​para reconstruir a icónica torre que desabou dramaticamente durante o incêndio de 15 de Abril de 2019 e que quase destruiu a famosa Catedral de Paris. 

Os "trapistas", como estes membros são chamados, estão entre vários grupos religiosos e seculares que ofereceram árvores para o projecto de restauração da catedral. 

"Foi por intermédio de um amigo da comunidade que é proprietário de alguns terrenos na região de Perche, e que também tinha sido abordado, que entrei em contacto com o coordenador da recolha. De seguida, colocámo-lo em contacto com o responsável pelo nosso bosque”, explicou D. Thomas Georgeon, que lidera a comunidade desde 2019 e foi eleito Abade em Fevereiro passado.

 

Monges ajudaram a construir catedrais na Idade Média

La Trappe, como a Abadia é geralmente designada, está localizada nas premissas de um mosteiro do século XI. Os cerca de 20 monges que lá moram tomaram a decisão conjunta de doar as árvores. 

"Conversamos sobre isso em comunidade, com os irmãos, e descobrimos percebemos que era o que fazia sentido para nós", disse o abade Thomas.

"Já na Idade Média os monges eram muito activos na construção de catedrais!”, apontou o responsável. 

As árvores, que foram derrubadas no mês passado, serão retiradas no início do Verão e secas durante 18 meses antes de serem cortadas. 

"Os dois carvalhos serão mais usados ​​para tábuas do que para vigas", supôs o abade Thomas. 

A selecção de árvores da floresta da abadia seguia especificações estritas. 

"Precisávamos de carvalhos que tivessem entre 100 e 200 anos, rectos, sem nós no tronco e que tivessem 60-80 centímetros de diâmetro", indicou.

 

"Felizes" por representarem a vida monástica

A comunidade “trapista” foi a primeira a ser abordada pelas autoridades encarregadas pela recolha dos carvalhos. 

"Estamos felizes por participarmos na reconstrução deste monumento que faz parte do património religioso francês. Espero que outras comunidades participem também”, disse o abade Thomas. 

O responsável acredita que a participação do mosteiro no projecto de reconstrução é simbólica. "A vida contemplativa estará presente em Notre-Dame, através de modestas tábuas. É muito bom para nós estarmos em alguma parte da torre, que por si só tem uma dimensão de elevação em consonância com a vida monástica", observou o Abade Thomas. 

Nas próximas semanas, um protocolo informará aqueles cujas árvores foram seleccionadas exactamente que tábuas e traves serão criadas a partir das suas ofertas. 

Os monges trapistas ainda não sabem onde é que os carvalhos serão colocados, mas o abade tem uma preferência muito clara. 

"Se estivermos bem no fundo da torre, um pouco escondidos, para suportá-la como tentamos suportar o mundo com oração, seria muito adequado”, indicou, com um sorriso. A restauração de Notre-Dame não irá começar até ao próximo ano. Ainda não se sabe se poderá ser totalmente reconstruída em cinco anos, como o presidente francês Emmanuel Macron prometeu. Mas deve, pelo menos, estar aberta novamente para adoração na data prevista: 16 de Abril de 2024.

 

Artigo original de Matthieu Lasserre, publicado no La Croix International, a 19 de Abril de 2021