Arquidiocese de Braga -

18 dezembro 2020

Preparar e celebrar o Natal como Alexandrina

Fotografia

Balasar (Santa Eulália)

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Preparar e celebrar o Natal como Alexandrina

 

«E agora, que lhes hei-de dizer? Que estamos no Advento, que nos devemos preparar para a vinda de Jesus com a maior perfeição e graça nas nossas almas. Que Jesus Menino encontre dentro de nós um presépio cheio de alvura e fofinho, no qual Ele possa repousar dignamente! Ah, sim! Se vivermos para Jesus, vivemos para toda a gente, em tudo cumprimos os nossos deveres, aceitamos a cruz com todos os seus espinhos como vinda das mãos de Deus para nosso bem e santificação. Todo o amargo, todo o fel, toda a mirra, sofrimento e mortificação têm para nós encantos e doçura de mel.»

(Carta a um casal do Porto; 13/12/1951)

 

Salvar o Natal

 

“Anuncio-vos uma boa nova que será alegria para todo o povo. Hoje vos nasceu da cidade de David um Salvador, que é Cristo Senhor”. (Lc 2,11-12).

 

O nascimento de Jesus mudou a história da humanidade. Crentes, e até não crentes, celebram o Natal. No Natal somos envolvidos pela correria do comércio, os presentes, as viagens, as confraternizações familiares, as luzes em todas as casas, aldeias, vilas e cidades, mensagens de felicidade e paz que são enviadas a tantos familiares e amigos. Contudo, também existe a ânsia do lucro económico. Atualmente ouvem-se muitos desabafos e preocupações acerca da impossibilidade de celebrar Natal. Sim. Este “Natal” talvez esteja em perigo. O verdadeiro Natal só estará em perigo se tu quiseres.

 

Para os cristãos o Natal é a celebração do nascimento do Salvador, que é Cristo Senhor. É a grande festa da alegria. Mas, se esta alegria não vem do nosso encontro com Jesus Filho de Deus, o Salvador, e se não é para todo o povo, então não haverá verdadeiro Natal! Podemos celebrar um grande acontecimento social e familiar, mas se, pelo menos, não celebrarmos o facto histórico do nascimento de Jesus, não será verdadeiro Natal. Para um cristão, o Natal também não é apenas celebrar o facto histórico do nascimento de Jesus. Natal é um ato de Fé em Jesus Salvador, o Messias, o Deus Encarnado, o Emanuel, Deus connosco, o Filho de Maria, Filho do Altíssimo, obra do Espírito Santo. Celebrar o Natal sem nos deixarmos envolver no mistério de um Deus feito Menino, é participar numa festa sem conhecer a verdade do Natal. Natal é a manifestação do Deus Amor. “Deus amou tanto o mundo que lhe enviou o seu próprio Filho” (Jo 3, 17). 

 

Vamos celebrar o Natal sem nos deixarmos embalar pelo clima externo e comercial. A festa da família, a festa social (que devemos celebrar) deve ser expressão do verdadeiro Natal. Há muita gente que não celebra o Natal. Uns porque não querem. Outros porque não podem. Jesus quer que todos os povos celebrem o Natal. Jesus precisa de mim, de ti, das tuas mãos, do teu coração, do teu olhar, da tua compaixão, da tua caridade, para que muitos dos nossos irmãos possam celebrar o Natal. Hoje, o presépio de Jesus está no sem abrigo, no pobre rejeitado, no que não tem pão para comer e saúde para viver feliz, na família sem amor. Em Belém, Jesus também foi rejeitado e sem abrigo. Ele continua a dizer: “Tudo o que fizeste ao mais pequenino dos meus irmãos, a Mim o fizeste” (Mt 25, 40).

 

Este tempo de pandemia pode ser uma bela oportunidade para celebrar o verdadeiro Natal na família e comunidade. Que o Deus Menino nasça nas comunidades, famílias e no coração das pessoas. Surgirá uma nova Criação, uma nova Humanidade. Como os Anjos, cantemos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens” (Lc 2, 14). Então haverá Natal.