Arquidiocese de Braga -

9 dezembro 2020

Confederação Portuguesa de Voluntariado considera "Missão Amar(es)" exemplo a seguir

Fotografia

DACS | Fotos: Bernardino Silva / Missão Amar(es)

Projecto luta contra as dificuldades causadas pela pandemia. Coordenador Bernardino Silva sublinha o empenho e motivação de todos os alunos.

\n

E se lhe dissessem que o projecto que coordena é tão valioso (e exemplar) que merecia um prémio, mesmo que esta distinção não lhe pudesse ser formalmente atribuída? Parece confuso, mas foi exatamente o que aconteceu ao projecto do Clube da Solidariedade e do Voluntariado da Escola Secundária de Amares coordenado pelo Professor Bernardino Silva, “Missão Amar(es)”.

A Confederação Portuguesa de Voluntariado (CPV) foi constituída a 19 de Janeiro de 2007 e desde então que pretende dar voz aos voluntários de Portugal e contribuir para a defesa dos seus direitos e interesses. Para isto, representa as organizações que dependam do voluntariado para a concretização da sua missão, quaisquer que sejam os seus domínios de actividade.

A Educação para o Voluntariado acaba por ocupar, deste modo, um lugar ímpar na preparação integral dos alunos e ajudá-los a construir uma identidade pautada no bem comum. Acreditamos que sempre que uma instituição educativa promove actividades de voluntariado, mediadas e animadas pela escola oferece aos seus alunos a oportunidade de participar activamente na construção de uma sociedade mais coesa e mais solidária.

Bernardino Silva

 

Um dos projectos-bandeira da Confederação, intitulado Troféu Português do Voluntariado, já existe há doze anos e distingue anualmente projectos de voluntariado nas seguintes categorias: Geral, Jovem e Sénior, não existindo nenhuma categoria que premeie iniciativas desenvolvidas em contexto escolar. Este ano, Eugénio Fonseca, Presidente da CPV, sugeriu a Bernardino Silva que submetesse uma candidatura relativa à “Missão Amar(es)”, mesmo que ela objectivamente não pudesse ser considerada.

“O que me foi dito é que, mesmo que a candidatura não fosse susceptível a premiação, seria sempre interessante para o júri poder apreciá-la e, quem sabe, num futuro próximo, incluir uma categoria escolar nos prémios atribuídos”, explicou Bernardino Silva ao Departamento Arquidiocesano para a Comunicação Social.

O responsável afirmou ainda que foi uma forma de valorização e reconhecimento de um projecto que vai mais além daquilo que é o voluntariado local, consistindo numa iniciativa de carácter global que todos os anos tem atravessado diversas fronteiras. O coordenador elaborou assim uma candidatura que sintetiza a actividade da “Missão Amar(es)”, mais que “um projecto, uma proposta de vida”.

“É um projecto de grande utilidade e constitui uma enorme mais-valia em vários campos. Este reconhecimento, vindo da Confederação Portuguesa de Voluntariado, foi muito bom”, afirmou Bernardino Silva.


Projecto troca as voltas à pandemia

O coordenador não esconde as dificuldades vividas pelo projecto em tempos de pandemia. Com todas as restrições impostas, a acção da equipa tem sido limitada e as últimas deslocações internacionais foram adiadas ou canceladas.

“Neste momento a vida do projecto realmente fica difícil… É sempre possível fazermos a formação dos alunos que desejam partir em missão, temos condições para fazer parte dela presencialmente e a outra parte com recurso ao online. O grande impedimento é mesmo a acção, a experiência no terreno. Fazíamos, por exemplo, angariação de fundos em vários locais onde agora não podemos estar”, desabafa.

Questionado sobre outras alternativas para serem reunidos os fundos de que a equipa necessita, Bernardino responde de imediato que para já é preciso aguardar por uma maior estabilidade a nível de saúde pública.

“Temos de trabalhar com transparência. E a verdade é que não podemos pedir determinado número de donativos às pessoas sem termos mesmo a certeza de que será possível partir em missão em 2021. Neste último ano tivemos um grupo de onze pessoas – oito alunos do 12º e três ex-alunos – que fizeram a formação, tudo direitinho, e depois não puderam partir. No dia 24 de Dezembro partirei para Moçambique e já farei um levantamento de necessidades. Veremos também o que acontece a nível de pandemia… Só em Janeiro conseguiremos, no melhor dos casos, fazer um plano para os próximos meses”, explica.

O coordenador sublinha, no entanto, o entusiasmo e o empenho dos voluntários que, mesmo sabendo da franca possibilidade de serem impedidos de fazer a viagem, já pensam em alternativas para continuarem a “Missão Amar(es)” da melhor forma no próximo ano.

“Eles já têm muitas ideias para estratégias online, formas de angariar fundos, coisas que possam vender… Não estão parados! E é importante continuar a incentivá-los e mobilizá-los para esta causa. O melhor da educação é mesmo o voluntariado”, sublinha Bernardino Silva.

Se tudo correr bem, o coordenador conseguirá viajar até Moçambique no dia 24 de Dezembro. Os voluntários costumam encher as malas com artigos que possam ajudar as povoações, até porque enviar de Portugal é bastante dispendioso. Apesar de ir sozinho, Bernardino leva com ele duas malas a abarrotar de material escolar e hospitalar.


"Um projecto, uma proposta de vida"

“O Voluntariado é, hoje, um movimento que mobiliza em todo o mundo um grande número de jovens e de adultos, sendo um instrumento de participação da sociedade civil nos mais diversos domínios de atividade. Esta prática não se restringe ao campo social, mas alarga-se à cultura, à educação, à justiça, ao ambiente, ao desporto e a outras dimensões do nosso quotidiano e tem vindo a responder às questões que continuamente emergem do tecido social, económico ou político”, começa por referir Bernardino Silva na candidatura da “Missão Amar(es)” submetida à CPV.

O coordenador explica que foi nesse contexto que surgiu o projecto para os alunos do Ensino Secundário da Escola Secundária de Amares que, “através de um conjunto de ações de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada pelos alunos”, procura não só incentivar o voluntariado em contexto escolar, mas também promover o agir local e o pensar global.

“A Educação para o Voluntariado acaba por ocupar, deste modo, um lugar ímpar na preparação integral dos alunos e ajudá-los a construir uma identidade pautada no bem comum. Acreditamos que sempre que uma instituição educativa promove actividades de voluntariado, mediadas e animadas pela escola oferece aos seus alunos a oportunidade de participar activamente na construção de uma sociedade mais coesa e mais solidária”, explica.

Exemplo de acções levadas a cabo por voluntários da "Missão Amar(es)" em Moçambique


Além de várias experiências a nível local, os alunos que participam no Clube da Solidariedade e do Voluntariado da Escola Secundária de Amares têm a oportunidade de realizarem uma experiência de voluntariado internacional, concretamente nas cidades de Maputo e de Chibuto, em Moçambique.

Para a missão do ano de 2020 realizaram toda a preparação e formação 11 voluntárias que, devido à pandemia de Covid-19, não puderam partir. Este grupo está disponível para realizar a missão em 2021, juntando-se assim ao grupo que está em preparação, com cerca de 13, 14 jovens. A acontecer, o projecto “Missão Amar(es)” poderá ter em 2021 ter um grupo de 24/25 jovens em missão.

Pode manter-se a par de todas as novidades do projecto “Missão Amar(es)” aqui.