Arquidiocese de Braga -

30 setembro 2019

Papa institui Domingo dedicado à Bíblia

Fotografia

DACS com RR/Agência Ecclesia

O III Domingo do Tempo Comum (a 26 de Janeiro do próximo ano) coincide com o fim do tempo dedicado à oração pela unidade dos cristãos.

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O Papa Francisco anunciou a instituição de um dia dedicado à valorização da Sagrada Escritura no calendário litúrgico católico.

Num motu proprio com o título “Aperuit illis” – que significa “Abriu-lhes” – Francisco afirma que “a dedicação de um domingo do Ano Litúrgico particularmente à Palavra de Deus permite, antes de mais nada, fazer a Igreja reviver o gesto do Ressuscitado que abre, também para nós, o tesouro da sua Palavra, para podermos ser no mundo arautos desta riqueza inexaurível.”

A ideia deste dia já tinha sido introduzida pelo Papa no Jubileu Extraordinário da Misericórdia e é agora instituída depois de Francisco ter recebido muitos pedidos dos fiéis nesse sentido.

A celebração anual vai ser assinalada pela primeira vez a 26 de Janeiro de 2020, num momento em que decorrem tradicionalmente iniciativas que visam o diálogo entre confissões cristãs e com o mundo judaico. O Papa Francisco explica que essa escolha não é “mera coincidência”, uma vez que “a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam à sua escuta, o caminho a seguir para se chegar a uma unidade autêntica e sólida”.

Francisco faz, no motu proprio, uma série de sugestões sobre como pode este dia pode ser vivido. As comunidades encontrarão a forma de viver este Domingo como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus. Neste Domingo, em particular, será útil colocar em evidência a sua proclamação e adaptar a homilia para se pôr em destaque o serviço que se presta à Palavra do Senhor, diz.

Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, continua, explicando esse gesto como uma forma de fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura com particular referência à leitura das Escrituras. O Papa acrescenta ainda que as homilias devem ser bem preparadas, pois não se pode improvisar o comentário às leituras sagradas.

Francisco vai sublinhando a importância fundamental da Bíblia, tanto do Novo como do Antigo Testamento, para a fé cristã, e diz que o conhecimento da mesma deve ser generalizado. A Bíblia não pode ser património só de alguns e, menos ainda, uma colectânea de livros para poucos privilegiados. Pertence, antes de mais nada, ao povo convocado para a escutar e se reconhecer nesta Palavra. Muitas vezes, surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, desterrando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim.

A carta apostólica realça a actualidade das Escrituras mas acautela devem ser lidas sempre com abertura ao Espírito Santo, para evitar fundamentalismos. O papel do Espírito Santo na Sagrada Escritura é fundamental. Sem a sua acção, estaria sempre iminente o risco de ficarmos fechados apenas no texto escrito, facilitando uma interpretação fundamentalista, da qual é necessário manter-se longe para não trair o caráter inspirado, dinâmico e espiritual que o texto possui.

Quando a Sagrada Escritura é lida com o mesmo Espírito com que foi escrita, permanece sempre nova. O Antigo Testamento nunca é velho, uma vez que é parte do Novo, pois tudo é transformado pelo único Espírito que o inspira.