Arquidiocese de Braga -
9 setembro 2019
Papa diz que Igreja tem de confiar nos "pobres e descartados"
Agência ECCLESIA
A celebração contou com a presença de 100 mil fiéis da Maurícia e outras ilhas do Oceano Índico.
O Papa desafiou a Igreja Católica a confiar nos “pobres e descartados”, apresentando como exemplo o missionário francês Jacques-Désiré Laval, do século XIX, que dedicou a sua vida aos antigos escravos na Maurícia.
A celebração contou com a presença de 100 mil fiéis da Maurícia e outras ilhas do Oceano Índico. No altar foram colocadas as relíquias do Beato Jacques-Désiré Laval, religioso espiritano que o Papa evocou como “apóstolo da unidade mauriciana”.
“A sua solicitude levou-o a confiar nos mais pobres e descartados, para que fossem eles mesmos os primeiros a organizar-se e a encontrar respostas para as suas tribulações”, declarou Francisco, na Missa a que presidiu no Monumento de Maria, Rainha da Paz, a 40 quilómetros da capital Port Louis, onde chegou esta manhã.
“O amor de Cristo e dos pobres marcou de tal maneira a sua vida que o protegeu da ilusão de realizar uma evangelização «abstrata e asséptica»”, sublinhou Francisco, destacando que o missionário francês “aprendeu a língua dos escravos recém-libertados e anunciou-lhes de maneira simples a Boa Nova da salvação”.
“Soube reunir os fiéis, formá-los para empreender a missão e criar pequenas comunidades cristãs em bairros, cidades e aldeias vizinhas. Muitas daquelas pequenas comunidades estão na origem das paróquias actuais”, acrescentou.
A população saudou o Papa com ramos de palma, como símbolo das 100 mil palmeiras que vão ser plantadas na ilha para reflorestar o país.
A viagem de oito horas à Maurícia é a terceira etapa de uma viagem a África, iniciada na Quarta-Feira, com passagens por Moçambique e Madagáscar, dois dos países mais pobres do mundo.
Francisco desafiou as comunidades católicas da região a manter o “impulso missionário” e o “rosto jovem da Igreja e da sociedade”.
“Nesta linha, custa constatar como, apesar do crescimento económico que registou o vosso país nas últimas décadas, sejam os jovens quem mais sofre: são eles os mais afectados pelo desemprego, o que lhes causa um futuro incerto e tira-lhes também a possibilidade de se sentirem protagonistas da sua própria história comum”, advertiu.
Num país em que os católicos representam cerca de 28% da população, o Papa convidou a centrar preocupações na falta de “homens e mulheres que queiram viver a felicidade pelos caminhos da santidade”.
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