Arquidiocese de Braga -
10 fevereiro 2019
Dia Arciprestal reúne centenas de Catequistas
Carlos Lopes de Sousa
Do Arciprestado de Guimarães e Vizela
Do Arciprestado de Guikmarães e Vizela
DIA ARCIPRESTAL REÚNE CENTENAS DE CATEQUISTAS
Centenas de catequistas do Arciprestado de Guimarães e Vizela participaram sábado passado no Dia Arciprestal do Catequistas.
A Escola Francisco de Holanda acolheu a iniciativa que contou com o Acolhimento inicial e Oração orientados pela Equipa Experimental de Evangelização, guiada pelo Padre Albano Nogueira.
Seguiu-se uma intervenção do Senhor Bispo Auxiliar de Braga, Dom Nuno Almeida, que transcrevemos da sua partilha na sua página do Facebook:
"
ENCONTRO ARCIPRESTAL DE CATEQUISTAS
GUIMARÃES, ESCOLA FRANCISCO DE HOLANDA, 09.02.2019
O CATEQUISTA É DISCÍPULO-MISSIONÁRIO
Introdução
Sendo a catequese essencialmente encontro com Jesus Cristo, será possível encontrá-l’O hoje, tal como aconteceu há dois mil anos com as mulheres e homens nas aldeias da Galileia ou em Jerusalém? É possível estabelecer uma relação vital com Jesus, que viveu numa cultura e num contexto, social e religioso tão diferente do nosso? É possível descobri-l’O como “rosto” da misericórdia do Pai, na força e ternura do Espírito? Será possível que o seu olhar amoroso se cruze com o nosso e ouçamos o Seu chamamento?
Leitura: Lc 5, 1-11 – “Faz-te ao largo”
1.Catequizar como gesto de amor
2.Como criar condições para que haja encontro vital com Cristo?
3.Algumas simples propostas
1.Catequizar como gesto de amor
O anúncio de Jesus é o grande gesto de amor que podemos fazer a todos e, em especial, aos nossos catequizandos, para lhes restituir vida, consolidar a esperança, convidar, gradualmente, a uma responsabilidade pela causa do Reino de Deus.
O anúncio de Jesus, como gesto de amor caloroso e apaixonado, não nasce nem do pedido do interlocutor nem do nosso desejo apostólico. Nasce da lógica do serviço pleno e total por com cada pessoa no mistério da sua existência e pela história coletiva, na perspetiva daquele projeto a que Jesus chamou o “Reino de Deus”.
Todo o dom de si mesmo é uma semente de amor que faz nascer e frutificar o amor. Mafalda Veiga di-lo com particular beleza e poesia, numa das suas primeiras melodias: “É preciso morrer e nascer de novo; semear no pó e voltar a colher; há que ser trigo, depois ser restolho; há que penar para aprender a viver. A vida não é existir e mais nada. A vida não é dia «sim», dia «não». É feita em cada entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o coração”.
Há que olhar sempre para o celeiro da nossa vida e da nossa missão como catequistas e não se fixar somente no “restolho”. De facto, educar é como semear: o fruto não está garantido e não é imediato; mas se não se semeia, de certeza que nada se colherá. Mas – caríssimos catequistas - não percais o ânimo: não há nada de irremediável, para aquele que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus. A vossa vocação para catequizar é abençoada por Deus!
2.Como criar condições para que haja encontro vital com Cristo?
2.1.Comunicação de uma experiência
S. Paulo recorda frequentemente a sua experiência pessoal, quando sublinha os temas centrais da sua pregação (veja-se, por exemplo, 1Cor 15 e 2Cor 12).
Esta é uma dimensão qualificante do anúncio cristão: o que é comunicado provém de uma experiência pessoal direta e é apresentado aos outros com a intenção explícita de suscitar novas experiências. Não é antes de tudo uma mensagem, mas uma experiência de vida (acontecimento) que se faz mensagem, numa cadeia ininterrupta que reporta à experiência fundante que alguns crentes tiveram em Jesus.
2.2.Comunicação que impele ao seguimento
A evangelização é, de facto e sempre, a narração de uma história que impele ao seguimento. A sua estrutura linguística não se destina a dar informações, mas pede uma decisão de vida.
Quando no centro da comunicação está o convite ao seguimento e à coragem da conversão, não basta ter muitos conhecimentos e técnicas apuradas. É necessária a paixão, o encanto e o envolvimento pessoal. Amados, amamos, perdoados, perdoamos! Quem viveu uma experiência de salvação, narra-a aos outros; fazendo assim, ajuda a viver e concretiza o estilo de vida a assumir com alegria, seguindo fielmente Jesus e o seu Evangelho.
2.3.Comunicação que antecipa em ponto pequeno o que anuncia
Jesus anunciou a Boa Nova do Reino com gestos e palavras. Os seus discípulos são por vocação os anunciadores da esperança, por serem testemunhas da paixão de Deus pela vida de todos.
Para poder falar de modo sensato da salvação de Deus que é Jesus devemos mostrar com os factos que é possível crescer como homens e mulheres na liberdade e na responsabilidade, capazes de amar de modo oblativo, empenhados na realização da justiça, testemunhas do sentido do sofrimento e da morte.
A palavra evangelizadora mostra com os factos o Deus da vida: liberta e cura, reenviando de cabeça levantada quem chega destruído sob o peso dos acontecimentos, pessoais e coletivos; restitui a dignidade àqueles a quem foi tirada; dá a todos a liberdade de olhar para o futuro, numa esperança ativa, para os novos céus e as novas terras onde finalmente todas as lágrimas serão enxugadas (Ap 21).
3.Algumas simples propostas
- A questão de fundo que se coloca a cada catequista e educador é: como transmitir hoje não somente uma doutrina, mas um estilo de vida evangélico que coloque crianças, jovens e adultos em comunhão pessoal e comunitária com Jesus Cristo?
- A pedagogia que Jesus usa é a de “fazer-se um”. A encarnação é o primeiro ato pedagógico de Jesus. Aprende a nossa língua. Nos seus discursos estão factos e pessoas do povo: crianças que brincam, festas casamento, construtores de casas e torres, pastores, devedores, credores, pescadores, agricultores. Entrou na nossa vida e no nosso mundo. Olhou-o com amor e soube encontrar gestos e palavras para nos falar do Céu.
- A vida normal de cada dia revela-se em Jesus como o lugar “pedagógico” privilegiado. Jesus é um Mestre itinerante: ensina caminhando, “vivendo a vida”. Ensina sobretudo convivendo com os seus discípulos. Ensinamento feito sempre com o exemplo.
- Jesus fala às multidões, mas também a cada pessoa individualmente. Propõe um ensinamento exigente: amar a todos, amar o inimigo, perdoar sempre, tomar a cruz em cada dia e ir contra corrente.
- Jesus ensina sempre com o seu luminoso exemplo. Diz aos outros que façam o que Ele primeiro fez. Acolher o anúncio não é aprender qualquer coisa que é ensinada, mas a disponibilidade para revivera experiência comunicada. A sua vida e o seu ensinamento foram sempre um contínuo dar, até ao fim: “Isto é o meu Corpo entregue por vós… Isto é o meu sangue derramado por vós (Lc 22, 19-20). Palavra e Eucaristia um único alimento.
-Como o Mestre, assim o discípulo deve dar a fundo perdido e saber esperar como o semeador. É o dom gratuito de si feito por amor, a parte que é pedida ao discípulo para tornar manifesta a vida nova em Cristo (1 Jo 3,16).
- No início da vida cristã, portanto, está um encontro: “o encontro com uma Pessoa”, que como afirma o Papa Bento XVI na sua primeira Encíclica, “dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus Charitas Est, n. 1).
Conclusão
Temos consciência de que somos portadores da alegria do Evangelho e discípulos missionários de Cristo (EG 120). Não podemos perder nunca este sentido missionário, onde joga papel fundamental a qualidade do nosso serviço à família, à igreja e à sociedade. O Papa Francisco dizia há algum tempo: «Evangelizar não é chegar ali e dizer ‘Cristo ressuscitou. Aleluia’. É dar testemunho».
E o primeiro testemunho que é preciso dar é o da alegria, de ser quem somos: pessoas de esperança, pessoas da Igreja ao serviço da educação integral, que inclui todas as dimensões da fé: fé professada, celebrada, vivida, rezada, anunciada. Sem complexos ou receios de críticas! Evangelizadores felizes! Quando tantos mostram cansaço, enfado, azedume, nós, educadores cristãos, “em vez de crescermos na severidade, na intransigência, na indiferença, no sarcasmo, na maledicência, no lamento, caminhemos suavemente no sentido contrário. Cresçamos na simplicidade, na gratidão, no despojamento e na confiança. A alegria tem a ver com uma essencialidade que só na pobreza espiritual se pode acolher” (Tolentino Mendonça, Nenhum caminho será longo, p. 152). A alegria deve ser uma marca tatuada no nosso rosto!
Guimarães, 09.02.2019
+Nuno Almeida, Bispo Auxiliar de Braga".
Depois, os Catequistas participaram nos vários ateliers em que se tinham inscrito à chegada ao encontro.
Um dia para continuar, agora, em cada Comunidade Paroquial.
Partilhar