Arquidiocese de Braga -
5 setembro 2018
Pe. Tiago Freitas defende adaptação da Igreja aos novos tempos
DACS com RR e Ponto SJ
Sacerdote proferiu ontem, em Fátima, a conferência de abertura do encontro nacional da Pastoral Social, este ano com o tema "A paróquia ainda é um lugar de proximidade?".
Uma conveniente adaptação da Igreja aos “tempos de grande transformação cultural” que se vivem actualmente foi a sugestão que deixou ontem o Pe. Tiago Freitas, da Arquidiocese de Braga, aos participantes do XXXII Encontro da Pastoral Social que se encontra a decorrer em Fátima até amanhã.
Com o tema “Colégio de Paróquias: Uma renovação de mentalidade”, a comunicação do sacerdote defendeu que o caminho da Igreja “passa por encontrar um modelo adequado de paróquia para os dias” de hoje, “encontrar um modelo pastoral adequado, mas também, ao mesmo tempo, preocupar-se com a renovação da vida das paróquias”.
No caminho a percorrer, o papel dos leigos será fundamental, pelo que será importante criar mais ministérios onde a presença e intervenção destas pessoas seja feita de forma qualificada e transversal a várias realidades.
“O governo da paróquia pode e deve ser feito de um modo mais colegial, porque aquilo que é específico do sacerdote é esta categoria da presidência no discernimento comunitário, mais do que propriamente a acção de governo, que essa, sim, é própria de qualquer cristão”, defendeu, alertando para algumas formas de clericalismo ainda presentes na Igreja.
O sacerdote não ignora, no entanto, as resistências que poderão ser encontradas neste caminho que, não sendo impossível, se poderá revelar “longo e doloroso”.
“Ainda não estamos convencidos de que a realidade mudou e o ponto em que a Igreja se encontra. A lógica tem sido a de fazer tudo para que tudo permaneça igual ao passado. E esse é um caminho de morte! As resistências são muitas, começando, desde logo, pelos sacerdotes e o modo como vivem o seu ministério. Será necessária humildade e coragem para mudar o paradigma, para encontrar um novo estilo de ser presbítero, assim como um novo modo de dialogar com os não-crentes, agnósticos, indiferentes e intermitentes”, explicou, em declarações ao Ponto SJ.
O Pe. Tiago Freitas referiu ainda ao portal de informação dos jesuítas haver dois caminhos possíveis para concretizar estas propostas.
"O primeiro é administrativo e impositivo, parte da decisão e reflexão do bispo diocesano ou de um grupo de trabalho. A sua implementação é, por isso, muito expedita e bastam dois a três anos. A experiência em várias dioceses mostra-nos, todavia, que este é um caminho a evitar porque a comunhão não se impõe nem tão pouco corresponde ao estilo sinodal de ser Igreja. (...) A segunda via parte do diálogo construtivo com as bases, paróquias, sacerdotes, leigos e agentes pastorais. Como seria de esperar, é um caminho longo mas, ao mesmo tempo, mais consistente. Podemos estar a falar de 10 anos", defendeu.
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