Arquidiocese de Braga -

27 abril 2018

Crónica para o V Domingo de Páscoa – Ano B - 29 de abril de 2018

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Liliana Dinis

«se o coração não nos acusa, tenhamos confiança diante de Deus e receberemos d’Ele tudo o que Lhe pedirmos…»

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V Domingo de Páscoa -  Ano B

«Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto…»  

Conseguem imaginar uma estrada gigante que temos de percorrer,
mas sempre que damos um passo mais rápido, mais longo, menos certo, menos firme, caímos?
A sensação de que vamos cair é aterradora…
Tentamos segurar-nos a qualquer coisa para não batermos no chão, mas nem sempre é possível…
e… caímos!

Há quedas que até são fatais. Há quedas que nos deixam muito magoados… com verdadeiras feridas abertas!
Há quedas que podem mudar a nossa vida, até! Cair nunca é bom!

Talvez seja por este motivo que quando alguém cai à nossa frente temos duas reações diferentes:
ou rimo-nos que nem loucos… ou corremos sufragados para ajudar!
Mas, de qualquer forma a queda é motivo para acção, há uma reacção, há uma metamorfose!

É empírico para quem acredita no Ressuscitado que é preciso, todos os anos,
renovar esta Passagem que o Messias nos oferece.
Há sempre algo na nossa vida que podemos e devemos mudar…
Nesta nossa Estrada de Damasco, o Tempo Pascal deverá ser de quedas!

Hoje, no 5º domingo da Páscoa, a liturgia é como uma lomba que se mistura nas pedras do caminho e nos faz cair.
Cair nos braços, sempre abertos, do Pai e, «se o coração não nos acusa,
tenhamos confiança diante de Deus e receberemos d’Ele tudo o que Lhe pedirmos…»

Que situação! Que estranho é, ou não…
Que nos fale, agora e já, o Antigo testamento:
«Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos fiéis. 
Os pobres hão-de comer e serão saciados, louvarão o Senhor os que O procuram: 
vivam para sempre os seus corações.»

Quando acreditamos na concretização destas Palavras (quando a promessa sai do papel e é visível)…
quando a Esperança nos desperta de um pesadelo chamado consumismo e nos liberta do medo dessa queda,
somos erguidos do chão pela força da Boa Nova do Messias:
«Eu sou a videira, vós sois os ramos.» e transformamo-nos!
Assumimos um novo papel e iniciamos uma nova Procura inspirados em S. Paulo:
«A partir desse dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém e falava com firmeza no nome do Senhor.»

O gesto mais poderoso e mais corajoso do homem é admitir o erro.
Custa-nos tanto, como cair numa estrada de alcatrão aquecida pelo sol de verão,
no final de tarde, com os nossos calções de jogging,
durante um passeio de bicicleta relaxante,
onde pelo menos dúzia e meia de pessoas, vagueiam também…
A vergonha dói mais que os joelhos e as mãos esfoladas! Dói e marca…

Não podemos pensar nessa queda como o fim!
Há quedas que são o início! Todas o são…

Psst! Oh! Tu que não queres cair nesta estrada estás a ouvir?
Pensa que a ferida aberta irá sempre cicatrizar. Se acreditares… se pedires ao Pai, ainda hoje, serás «limpo»!
É de condição humana aprender na dor, mas é da nossa natureza filial de Filhos de Deus,
erguer-nos, sempre, com uma força ainda maior!
Não fiques agarrado a estas coisinhas que o mundo te dá, por dar…
Deixa-te cair de coração ferido e cansado, de coração aberto e choroso! Deixa-te cortar, deixa-te podar!
Que Deus seja o nosso agricultor… que Jesus seja a Videira na qual a nossa Vida Permaneça!

Então? Queres ser ramo de videira? O Pai já calçou as botas! Vens ou não cair comigo?

 


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