Arquidiocese de Braga -

21 março 2018

Domingo de Ramos

Fotografia

Balasar (Santa Eulália)

A Igreja celebra a entrada Triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém

\n

Liturgia Dominical

LEITURA I – Is 50, 4-7

LEITURA II – Filip 2, 6-11

EVANGELHO – Mc 14, 1 – 15,47

 

N         Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

 

N         Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos

            e os príncipes dos sacerdotes e os escribas

            procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição

            para Lhe darem a morte.

            Mas diziam:

R       «Durante a festa, não,

          para que não haja algum tumulto entre o povo».

N       Jesus encontrava-Se em Betânia,

          em casa de Simão o Leproso,

           e, estando à mesa,

veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro

com perfume de nardo puro de alto preço.

Partiu o vaso de alabastro

e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.

Alguns indignaram-se e diziam entre si:

R «Para que foi esse desperdício de perfume?

Podia vender-se por mais de duzentos denários

e dar o dinheiro aos pobres».

N         E censuravam a mulher com aspereza.

           Mas Jesus disse:

J          «Deixai-a. Porque estais a importuná-la?

Ela fez uma boa acção para comigo.

Na verdade, sempre tereis os pobres convosco

e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem;

Mas a Mim, nem sempre Me tereis.

Ela fez o que estava ao seu alcance:

ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura.

Em verdade vos digo:

Onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo inteiro,

            dir-se-á também em sua memória, o que ela fez».

N         Então, Judas Iscariotes, um dos Doze,

foi ter com os príncipes dos sacerdotes

para lhes entregar Jesus.

Quando o ouviram, alegraram-se

e prometeram dar-lhe dinheiro.

E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

 

N         No primeiro dia dos Ázimos,

            em que se imolava o cordeiro pascal,

            os discípulos perguntaram a Jesus:

R         «Onde queres que façamos os preparativos

            para comer a Páscoa?»

N         Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:

J        «Ide à cidade.

Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água.

Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa:

‘O Mestre pergunta: Onde está a sala,

em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’

Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior,

alcatifada e pronta.

Preparai-nos lá o que é preciso».

N Os discípulos partiram e foram à cidade.

Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito

e prepararam a Páscoa.

Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze.

Enquanto estavam à mesa e comiam,

Jesus disse:

J       «Em verdade vos digo:

Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».

N         Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:

R       «Serei eu?»

N         Jesus respondeu-lhes:

J       «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.

O Filho do homem vai partir,

como está escrito a seu respeito,

mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído!

Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».

N         Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,

recitou a bênção e partiu-o,

deu-o aos discípulos e disse:

J          «Tomai: isto é o meu Corpo».

N         Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.

E todos beberam dele.

Disse Jesus:

J          «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança,

derramado pela multidão dos homens.

Em verdade vos digo:

Não voltarei a beber do fruto da videira,

até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».

N         Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras.

 

N         Disse-lhes Jesus:

J        «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:

           ‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.

            Mas depois de ressuscitar,

            irei à vossa frente para a Galileia».

N         Disse-Lhe Pedro:

R         «Embora todos te abandonem, eu não».

N       Jesus respondeu-lhe:

J        «Em verdade te digo:

Hoje, esta mesma noite, antes do galo cantar duas vezes,

três vezes Me negarás».

N         Mas Pedro continuava a insistir:

R         «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».

N         E todos afirmaram o mesmo.

Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémani

e Jesus disse aos seus discípulos:

J          «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».

N         Tomou consigo Pedro, Tiago e João

e começou a sentir pavor e angústia.

Disse-lhes então:

J          «A minha alma está numa tristeza de morte.

             Ficai aqui e vigiai».

N         Adiantando-Se um pouco, caiu por terra

e orou para que, se fosse possível,

se afastasse d’Ele aquela hora.

Jesus dizia:

J        «Abba, Pai, tudo Te é possível:

afasta de Mim este cálice.

Contudo, não se faça o que Eu quero,

mas o que Tu queres».

N       Depois, foi ter com os discípulos, encontrando-os dormindo

          e disse a Pedro:

J          «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora?

             Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.

             O espírito está pronto, mas a carne é fraca».

N         Afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.

Voltou novamente e encontrou-os dormindo,

porque tinham os olhos pesados

e não sabiam que responder.

Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:

J          «Dormi agora e descansai…

Chegou a hora:

o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.

Levantai-vos. Vamos.

Já se aproxima aquele que Me vai entregar».

N         Ainda Jesus estava a falar,

quando apareceu Judas, um dos Doze,

e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,

enviada pelos príncipes dos sacerdotes,

pelos escribas e os anciãos.

O traidor tinha-lhes dado este sinal:

«Aquele que eu beijar, é esse mesmo.

Prendei-O e levai-O bem seguro».

Logo que chegou, aproximou-se de Jesus e beijou-O, dizendo:

R         «Mestre».

N       Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O.

Um dos presentes puxou da espada

e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.

Jesus tomou a palavra e disse-lhes:

J          «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,

como se fosse um salteador.

Todos os dias Eu estava no meio de vós,

a ensinar no templo,

e não Me prendestes!

Mas é para se cumprirem as Escrituras».

N         Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos.

Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol.

Agarraram-no, mas ele, largando o lençol, fugiu nu.

 

N         Levaram então Jesus à presença do sumo sacerdote,

onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,

os anciãos e os escribas.

Pedro, que O seguira de longe,

até ao interior do palácio do sumo sacerdote,

estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume.

Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio

procuravam um testemunho contra Jesus

para Lhe dar a morte,

mas não o encontravam.

Muitos testemunhavam falsamente contra Ele,

mas os seus depoimentos não eram concordes.

Levantaram-se então alguns,

para proferir contra Ele este falso testemunho:

R         «Ouvimo-l’O dizer:

‘Destruirei este templo feito pelos homens

e em três dias construirei outro

que não será feito pelos homens’».

N         Mas nem assim o depoimento deles era concorde.

Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos

e perguntou a Jesus:

R       «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?»

N         Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.

           O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O:

R         «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?»

N       Jesus respondeu:

J        «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem

sentado à direita do Todo-poderoso

vir sobre as nuvens do céu».

N         O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:

R         «Que necessidade temos ainda de testemunhas?

          Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?»

N       Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.

Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe,

a tapar-Lhe o rosto com um véu

e a dar-Lhe punhadas, dizendo:

R         «Adivinha».

N         E os guardas davam-Lhe bofetadas.

 

N Pedro estava em baixo, no pátio,

quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote.

Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:

R         «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».

N       Mas ele negou:

R       «Não sei nem entendo o que dizes».

N       Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou.

          A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes:

R         «Este é um deles».

N         Mas ele negou segunda vez.

            Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:

R         «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».

N         Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:

R         «Não conheço esse homem de quem falais».

N         E logo o galo cantou pela segunda vez.

Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito:

«Antes do galo cantar duas vezes,

três vezes Me negarás».

E desatou a chorar.

 

N         Logo de manhã,

os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho,

com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio.

Depois de terem manietado Jesus,

foram entregá-l’O a Pilatos.

Pilatos perguntou-Lhe:

R         «Tu és o Rei dos judeus?»

N         Jesus respondeu:

J          «É como dizes».

N         E os príncipes dos sacerdotes

faziam muitas acusações contra Ele.

Pilatos interrogou-O de novo:

R         «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».

N       Mas Jesus nada respondeu,

          de modo que Pilatos estava admirado.

 

N P     ela festa da Páscoa,

Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.

Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos,

que numa revolta tinham cometido um assassínio.

A multidão, subindo,

começou a pedir o que era costume conceder-lhes.

Pilatos respondeu:

R         «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?»

N         Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes

O tinham entregado por inveja.

Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão

a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.

Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:

R «Então, que hei-de fazer d’Aquele

que chamais o Rei dos judeus?»

N         Eles gritaram de novo:

R         «Crucifica-O!».

N         Pilatos insistiu:

R         «Que mal fez Ele?»

N         Mas eles gritaram ainda mais:

R       «Crucifica-O!».

N       Então Pilatos, querendo contentar a multidão,

soltou-lhes Barrabás

e, depois de ter mandado açoitar Jesus,

entregou-O para ser crucificado.

Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,

que era o pretório,

e convocaram toda a coorte.

Revestiram-n’O com um mando de púrpura

e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos

que haviam tecido.

Depois começaram a saudá-l’O:

R         «Salvé, Rei dos judeus!»

N         Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe

e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.

Depois de O terem escarnecido,

tiraram-Lhe o manto de púrpura

e vestiram-Lhe as suas roupas.

Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.

 

N         Requisitaram, para Lhe levar a cruz,

um homem que passava, vindo do campo,

Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.

E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,

quer dizer, lugar do Calvário.

Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,

mas Ele não o quis beber.

Depois crucificaram-n’O.

E repartiram entre si as suas vestes,

tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.

Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.

O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito:

«Rei dos Judeus».

Crucificaram com Ele dois salteadores,

um à direita e outro à esquerda.

Os que passavam insultavam-n’O

e abanavam a cabeça, dizendo:

R         «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,

             salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».

N         Os príncipes dos sacerdotes e os escribas

            troçavam uns com os outros, dizendo:

R       «Salvou os outros e não pode salvar-se a Si mesmo!

Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,

para nós vermos e acreditarmos».

N         Até os que estavam crucificados com ele o injuriavam.

Quando chegou o meio-dia,

as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.

E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:

J          «Eloí, Eloí, lamá sabachtháni?»

N         que quer dizer:

            «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?»

N         Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:

R       «Está a chamar por Elias».

N       Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre

         e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:

R         «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».

N       Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.

 

N       O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.

O centurião que estava em frente de Jesus,

ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:

R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».

N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe,

entre elas Maria Madalena,

Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé,

que acompanhavam e serviam Jesus,

quando estava na Galileia,

e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.

Ao cair da tarde

– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado –

José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio,

que também esperava o reino de Deus,

foi corajosamente à presença de Pilatos

e pediu-lhe o corpo de Jesus.

Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto

e, mandando chamar o centurião,

ordenou que o corpo fosse entregue e José.

José comprou um lençol,

desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol;

depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha

e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.

Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,

observavam onde Jesus tinha sido depositado.

 

 

Reflexão

No Domingo de Ramos a Igreja inicia as festas pascais, com a Semana Santa, a Semana Maior do Calendário Litúrgico. A liturgia deste último Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.

A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projectos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.

O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total. (portal dos Dehonianos)