Arquidiocese de Braga -

1 fevereiro 2017

Voluntariado Universitário

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Departamento da Pastoral Universitária

Um testemunho de quem o pratica

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Percebi que o que define o voluntariado é a entrega que damos nesse tempo, que às vezes achamos tão precioso e que muitas vezes achamos que não temos, é o significado que a pessoa que recebe o nosso tempo nos dá.


Quando entrei para a universidade, quando comecei a viver sozinha, e depois de me integrar num novo local com novos amigos, sabia que o meu próximo passo era começar a fazer voluntariado: sentir-me útil para as outras pessoas. Pessoas com dificuldades, com necessidades ou simplesmente ser útil para qualquer um, sem que isso implicasse receber algo em troca. Mas desde o início percebi que para sentir que estava a dar alguma parte importante de mim, não bastava lá estar, não bastava dar o meu tempo a alguém, ou dar bens materiais a alguém. Percebi que o que define o voluntariado é a entrega que damos nesse tempo, que às vezes achamos tão precioso e que muitas vezes achamos que não temos, é o significado que a pessoa que recebe o nosso tempo nos dá.

E foi a Pastoral Universitária que me ajudou a perceber isso. Desde o primeiro encontro fez-nos perceber que não podíamos estar lá apenas porque não tínhamos mais nada para fazer e porque queríamos ocupar o nosso tempo com coisas que nos fizessem sentir bem. É necessária uma entrega à qual temos que dar significado, ou esse “tempo perdido” não vai passar disso mesmo: de tempo perdido sem importância para as pessoas que acompanhamos; se começarmos assim, esse tempo vai deixar de ter importância para nós também.

O primeiro projeto que integrei realizou-se na Casa de Saúde do Bom Jesus. E foi adorável. Nunca senti o tempo que passamos lá como se fosse tempo perdido. Sentimos sim, que mesmo sem uma atividade melhor definida, mesmo só à conversa com as utentes, esse tempo era um dos melhores momentos que lhes podíamos proporcionar. Todas as semanas sentíamo-nos bem recebidos pelas enfermeiras que as acompanhavam, e muito bem acolhidos pelas nossas novas amigas da Casa de Saúde. Sempre que lá chegávamos recebíamos um abraço ou beijinhos com muito carinho, cantávamos, desenhávamos, fazíamos jogos, etc., tudo com a melhor energia que conseguíamos. No final senti que as pessoas que conheci lá me deram mais do que eu consegui dar, não por não me ter esforçado, mas porque estas senhoras tinham mais a ensinar-me do que eu a elas. 

Com o início do percurso de voluntária não consegui não voltar ao acolhimento dos novos voluntários da Pastoral, no ano seguinte. Depois desta maravilhosa experiência, senti que deveria dar mais de mim, mais do que o que senti que já tinha dado. E foi por isso que resolvi inscrever-me no “Projeto Sementes”, um projeto internacional em África. Ainda estou no início desta caminhada, mas já estou com muitas expectativas e muita ansiedade para entrar no ativo deste projeto. As reuniões semanais têm-me ajudado imenso para perceber o que nos espera e aumenta muito, sem dúvida, a motivação para esta nova etapa. 

Ainda, este ano, estou a integrar o projeto “+ Horizonte” da Pastoral Universitária. Este projeto consiste em apoiar crianças, do 5º ao 7º anos, no seu estudo e na concentração para a escola. Depois de mais de um mês em atividade já são vistas melhorias no desempenho das crianças. E estas diferenças não são só notadas pelos voluntários, mas também pelas próprias crianças e afirmadas pelo testemunho dos pais. É incrível ver como crianças com as quais não tínhamos qualquer relação se tornam importantes para nós, e os sucessos delas passa também a fazer parte do nosso sucesso e dos nossos objetivos.

No entanto, é óbvio que sem todas as pessoas que estão responsáveis pelo bom funcionamento dos projetos, a entrega que os voluntários possam dar não seria suficiente. Toda a gestão, o convívio, a partilha, as formações e a comunicação entre todos os órgãos da Pastoral Universitária, são imprescindíveis para o atual (óptimo) funcionamento de todos os projetos que eu, ou qualquer outra pessoa, integre. Espero, e tenho a certeza, que o CPU vai continuar o seu bom trabalho com muito empenho e com muitos frutos que ainda estão por nascer.


Ana Luísa Cerqueira, 
Estudante de Psicologia na Universidade do Minho, Braga