Arquidiocese de Braga -

1 setembro 2016

Papa: Cuidar da "Casa Comum" é obrigação misericordiosa

Fotografia DACS

Papa Francisco lançou hoje mensagem no âmbito do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.

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O Papa Francisco sugere um “complemento” às 14 obras de misericórdia: “o cuidado da casa comum”.

A proposta foi apresentada hoje, na mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. 

“Comprometamo-nos a dar passos concretos no caminho da conversão ecológica, que exige uma clara tomada de consciência da responsabilidade que temos para connosco, o próximo, a criação e o Criador”, pediu Francisco.

O Santo Padre apelou a um arrependimento pelo mal que cada um tem feito à “casa comum”, através de uma “profunda conversão interior”.

No âmbito do Jubileu da Misericórdia, Francisco alerta para a necessidade de as pessoas reconhecerem e confessarem “os pecados contra a criação”, e procurarem a misericórdia de Deus.

Para o Sumo Pontífice, os comportamentos “irresponsáveis e egoístas” de cada um são os principais causadores da destruição dos ecossistemas, do “exuberante jardim” dado por Deus.

“Fazer uma utilização judiciosa do plástico e do papel, não desperdiçar água, comida e eletricidade, diferenciar o lixo, tratar com desvelo os outros seres vivos, usar os transportes públicos e partilhar o mesmo veículo com várias pessoas” são alguns dos exemplos que evoca para ajudar a solucionar o problema. 

Bergoglio referiu que pretende, com esta mensagem, renovar o diálogo com aqueles que habitam o planeta, na procura de minimizar “os sofrimentos que afligem os pobres e a devastação do meio ambiente”.

“Quando maltratamos a natureza, maltratamos também os seres humanos”, sublinhou Francisco enquanto lembrava que os pobres são quem mais sofre as consequências do impacto ambiental.

“Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, são os mais vulneráveis e já sofrem os seus efeitos”, destacou.

A “«dívida ecológica» entre o Norte e o Sul do mundo” foi também abordada pelo Santo Padre, que apontou como solução para minimizar desequilíbrios, o fornecimento de “recursos financeiros e assistência técnica” aos países mais pobres.

  

Uma política de cuidado da "Casa Comum"

O Santo Padre aponta a “cultura equivocada do bem-estar”, o “desejo de consumir mais do que realmente se tem necessidade e o sistema que “impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza”, como culpados pela destruição ambiental.

Neste sentido, convoca todos para um esforço conjunto pelo cuidado do planeta: “A economia e a política, a sociedade e a cultura não podem ser dominadas por uma mentalidade de curto prazo nem pela busca de imediato benefício financeiro ou eleitoral”.

“A protecção da «casa comum» requer um consenso político crescente”, referiu.

O Sumo Pontífice alertou assim para a necessidade de os governos respeitarem os compromissos assumidos nos acordos e pactos internacionais e de as empresas cumprirem as normas ambientais em vigor.

Aos cidadão cabe, segundo o Santo Padre, exigir o cumprimento do estipulado e até mesmo a definição de objectivos mais ambiciosos.

Francisco voltou a colocar a questão lançada na Encíclica Laudato si’: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?”.

O Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação surgiu em 2015, por iniciativa do Papa Francisco, ao qual aderiram outras Igrejas e Comunidade cristãs.