Arquidiocese de Braga -
24 março 2016
Procissão "da Burrinha" enche ruas de Braga
José carlos Lima | DM
Vinte e dois quadros bíblicos foram apresentados por crianças, jovens e população em geral.
*Vídeo: DACS | Fotografia: WAPA
A Semana Santa de Braga entrou ontem no seu período de maior fervor religioso e de apoteose popular, numa vivência coletiva que congrega portugueses e estrangeiros numa rápida caminhada de salvação para a Páscoa que se aproxima.
A “Procissão de Nossa Senhora da Burrinha” encheu ontem as ruas da cidade, no primeiro grande cortejo das solenidades da Semana Santa de Braga, que contou com bom tempo ao longo do percurso pelo centro urbano. Saindo da Igreja de São Victor, os mais de mil participantes representaram todo o caminho bíblico do povo de Deus, numa organização da Paróquia e da Junta de de S. Victor, que ano após ano supera em qualidade e dimensão as edições anteriores.
Sob o lema “Vós Sereis o Meu Povo”, a procissão “abriu as portas” do Tríduo Pascal, apresentando as etapas mais significativas da história da salvação, desde o pai Abraão, primeiro crente, Moisés e a fuga do Egipto, David rei das doze Tribos, Isaías anunciando que uma virgem dará àluz um filho, o nascimento de Jesus, fuga da Sagrada Família para o Egipto, a Quaresma e o mistério Pascal até à instituição da Eucaristia.
É precisamente a fuga de Nossa Senhora sentada numa burrinha, que deu origem ao nome popular: “Procissão da Burrinha”. Como há dois mil anos, a burrinha é real– e mais uma vez manifestou o “cansaço da missão”, com uma breve paragem frente às Convertidas – transportando, agora, a imagem de Nossa Senhora do Egipto ou Senhora da Fugida, existente na Igreja de S. Victor, sendo conduzida por um figurado representando São José.
Os 22 quadros bíblicos foram participados massivamente por crianças, jovens, grupos paroquiais e pela população em geral, para admiração generalizada dos bracarenses e forasteiros desde crianças de colo até anciãos todas as idades – entre os quais muitos galegos – que se viram recompensados com a brilhante representação dos mais de mil figurantes.
A passagem do povo de Israel pelo Egipto, desde o bom acolhimento de Jacob e da família, passando pela escravidão de que foi alvo de seguida às mãos dos faraós – cujo figurante foi este ano transportado num carro puxado a cavalo, de acordo com a investigação do egiptólogo Rogério Sousa – até à sua libertação por intermédio de Moisés, o pai na fé, destacaram-se neste tradicional cortejo religioso bracarense. Liberto o povo, seguiu-se a parte da representação da Páscoa na Terra Prometida, simbolizada pelo Cordeiro pascal. Um cordeiro verdadeiro, que seguia às costas do dono sem estranhar o desfile. Por último, o quadro principal, com a anunciação e concepção da Virgem, que deu à luz o único Salvador.
No entanto, o Menino não foi deixado em paz por Herodes, que mandou os seu soldados matarem todas as crianças, afirmando-se como o único rei. É aqui que a Sagrada Família enceta a heróica fuga para o Egipto e é este o quadro maior desta primeira procissão da Semana Santa bracarense. Seguiram-se ainda as crianças da catequese levando o símbolo do sol que «traduz a caminhada de conversão quaresmal que fizeram para que Cristo, luz do mundo, possa brilhar nas suas vidas».
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