Arquidiocese de Braga -

1 março 2024

Cáritas alerta que ter emprego já não é suficiente e que pedidos de ajuda aumentam

Fotografia Avelino Lima

DM - Rita Cunha

Em 2023 a Cáritas de Braga apoiou cerca de 9000 pessoas

\n

 “Achávamos que bastava as pessoas terem um emprego, mas agora isso não chega. Temos casais empregados, algumas pessoas que acumulam empregos, e mesmo assim não conseguem fazer face às despesas”. O alerta partiu de Eva Ferreira, diretora técnica das Cáritas Arquidiocesana de Braga, ontem, à margem de um Dia Aberto, através do qual a instituição pretendeu dar a conhecer as suas respostas sociais, projetos e instalações a todos quantos a quiseram visitar.

A pandemia foi “uma fase complicada” e não só veio agravar situações que já não eram fáceis como criou outras. O que é percetível junto de quem lida de perto com a problemática é que atualmente, fruto do aumento exponencial do custo de vida, há um “fenómeno novo”: “há cada vez mais famílias a trabalhar e que recorrem à Cáritas porque não conseguem fazer face às despesas com habitação, alimentação, contas mensais. E quando temos crianças a situação ainda agrava mais. Por vezes não há dinheiro para comprar roupa para os filhos”, explicou, reforçando a ideia que já foi dada a conhecer a nível nacional: a de que os indicadores de pobreza severa sofreram um “retrocesso” nos últimos anos, sendo uma realidade a dificuldade de acesso aos bens básicos, em aquecer a casa. 

Segundo Eva Ferreira, atualmente vive-se uma situação de “quase pleno emprego, mas os rendimentos não chegam, e isso é preocupante”.

Apesar de o trabalho mais visível da Cáritas Arquidiocesana de Braga ser o chamado “de primeira linha”, e que pretende colmatar as necessidades mais prementes da população carenciada – garantindo alimentação e um tecto -–, este é muito mais abrangente e, por vezes, nem sempre conhecido pela comunidade em geral. Foi precisamente com o objetivo de se dar a conhecer e divulgar os projetos e parcerias nos quais está envolvida que a estrutura abriu ontem as portas. A iniciativa, no âmbito dos 75 anos, contou com a presença de pelo menos um grupo político, assim como escolas e pessoas a título particular que quiseram conhecer os espaços do edifício na Rua dos Falcões, desde a cantina social ao armazém de bens alimentares, mas também a exposição itinerante “Crianças Cáritas: do mundo para Famalicão”, da investigadora Arminda Ferreira.

“O objetivo da Semana Nacional da Cáritas é dar a conhecer à comunidade o que fazemos diariamente na nossa Arquidiocese, numa lógica de promover o desenvolvimento humano e integral”, salientou a diretora técnica, dando como exemplos deste trabalho o serviço na área da violência doméstica, as três respostas de acolhimento (reforçado nos últimos dois anos para dar resposta a sem-abrigo, migrantes e vítimas de violência doméstica), a área do emprego que também tem sido reforçada “numa lógica de capacitar os grupos vulneráveis e trabalhar com as empresas a integração destes grupos” e os apartamentos partilhados.

Eva Ferreira salientou ainda alguns dos projetos no terreno junto de crianças e jovens em situação de exclusão social e pessoas desempregadas ou sem-abrigo.

Milhares de atendimentos nas respostas sociais

Em 2023, a Cáritas de Braga apoiou cerca de 9000 pessoas nas suas diversas respostas sociais. No serviço de atendimento social foram recebidas 3394 pessoas e foram acolhidas 63 pessoas na Estrutura de Acolhimento Temporário para migrantes (EAT), 311 no Centro de Acolhimento de Emergência para Vítimas de violência doméstica (CAE) e integradas 11 pessoas em apartamentos partilhados. Foram 9000 pessoas apoiadas no global, nas diversas respostas sociais.

No Espaço Igual, para apoio à vítima, 61 pessoas foram apoiadas e 53 crianças e jovens vítimas acompanhadas psicologicamente. A Cáritas Braga apoiou, também, 148 pessoas com programas de empregabilidade, tendo empregado, através do Incorpora, 46 pessoas. 

Através do programa Proinfância, chegou, ainda, a 14 agregados familiares e 22 crianças e jovens em situação de pobreza ou exclusão social e a 275 pessoas de minorias étnicas através do “B!Equal”. 

A estrutura também promoveu ações de capacitação e sensibilização junto de 2868 pessoas e, com o “Cáritas na Escola” foram envolvidos mais de 700 alunos em reflexões como o bullying.