Arquidiocese de Braga -

21 novembro 2023

Cáritas de Braga preocupada com aumento de pedidos de ajuda para habitação

Fotografia DM

DM - Jorge Oliveira

Cáritas Arquidiocesana lançou campanha “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”

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O presidente da Cáritas Arquidiocesana de Braga mostrou-se ontem preocupado com o crescente número de pessoas que procura a instituição em busca de apoio para pagar rendas ou encontrar habitação condigna a preços comportáveis.

Na apresentação/lançamento da Operação “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”, este ano focada precisamente na habitação, João Nogueira deu nota da dificuldade em encontrar soluções face a um mercado habitacional que pratica preços exorbitantes, fazendo com que o acesso à habitação, considerado o 1.º Direito, seja cada vez mais difícil. 

“A habitação tem sido, de facto, o foco de maior procura. Estamos a falar de famílias nacionais, migrantes, de pessoas sem-abrigo, desempregados”, assinalou o dirigente.

À Cáritas Arquidiocesana têm chegado cada vez mais pedidos para habitação por parte de pessoas com trabalho, mas cujo rendimento não é suficiente para fazer face às despesas de casa.

“Há aqui uma situação nova para nós. Nos últimos anos apostamos muito na área da empregabilidade como fator de inclusão. Essa aposta vai continuar e tem sido muito importante, mas já não é suficiente, porque mesmo conseguindo a integração no mercado de trabalho das pessoas que usufruem daquilo que é a ação da Cáritas temos este problema da habitação”, explicou a diretora técnica, Eva Ferreira.

Algumas famílias, como não conseguem manter a renda em dia, acabam por partilhar o apartamento ou até o quarto com outro casal, sendo que há casais com filhos. 

Em Braga, já há mesmo situações de trabalhadores que partilham camas, por turnos, avançou a responsável pelo atendimento social, Mónica Martins, acrescentando que o fenómeno de partilha de camas não é tão comum como partilhar apartamentos ou quartos.

Numa altura em que o aluguer de um quarto na cidade de Braga pode chegar aos 650 euros e na periferia a 350 euros, a Cáritas Arquidiocesana está, com a rede de parceiros, a trabalhar as questões do alojamento para tentar encontrar alternativas mais económicas.

“Nos últimos dois anos fizemos uma aposta muito grande nas respostas de acolhimento. Estamos a dinamizar estruturas de acolhimento destinadas a pessoas em situação de sem abrigo, apartamentos partilhados, uma estrutura de acolhimento de emergência para vítimas de violência doméstica e uma estrutura de acolhimento temporária para migrantes”, lembrou Eva Ferreira.

Este ano, de janeiro a outubro, a Cáritas Arquidiocesana já contabilizou, em despesas relacionadas com a habitação (rendas, despesas correntes, água, luz e gás), cerca de 30 mil euros. As despesas de habitação correspondem a cerca de 90 por cento dos apoios monetários facultados às famílias. 

No último ano, com a campanha “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”, a Cáritas de Braga angariou 17.629,28 euros. Com esta verba, foram apoiados 326 agregados familiares. 

Para a operação deste ano, intitulada “Vamos dar luz a quem tantas vezes é invisível”, a Cáritas Arquidiocesana apontou como meta a venda de 30 mil velas, ou seja, mais seis mil que na campanha de 2022.

Campanha apoia duas causas

Ao comprar a Vela da Paz, as pessoas estão a contribuir para que a rede Cáritas em Portugal continue a conseguir apoiar todos aqueles que estão em situação de carência, emergência e vulnerabilidade social.

No caso de Braga, 65 por cento das verbas destinam-se ao apoio à habitação, através do trabalho desenvolvido pela Cáritas Arquidiocesana, junto das pessoas/famílias mais vulneráveis. O restante valor (35 por cento) será aplicado no apoio a microprojetos de ecologia integral nos países lusófonos, através da Cáritas Internacional. 

Além da causa solidária, as pessoas são convidadas a manter a vela acesa na noite de Natal, renovando, assim, o seu compromisso para com os valores da Paz, Reconciliação, Justiça e Solidariedade. 

As velas já estão a ser comercializadas nos locais aderentes (paróquias, movimentos de jovens, agrupamentos de escolas, empresas, superfícies comerciais,  farmácias juntas de freguesia, etc.), a um preço simbólico de 2 euros, podendo ser adquiridas com uma caixa, por mais 50 cêntimos.

Esta campanha, que a Cáritas realiza em Portugal desde 2002, iniciou no domingo, Dia Mundial do Pobre, e decorre durante o Advento, terminado na noite de Natal, com a iluminação das janelas das casas, simbolizando a adesão das famílias aos valores da campanha. 

No início da apresentação, João Nogueira recordou a mensagem do Papa Francisco a propósito do Dia Mundial dos Pobres, em que o pontífice refere que não basta acolher os pobres e desafia cada um a nunca afastar de um pobre o seu olhar.

O dirigente destacou ainda a parte em que Francisco denuncia a inflação e a especulação colocada no mercado e que tem levado tantas vezes as famílias a optar entre alimentação, saúde e habitação. 

Entretanto, no dia 16 de dezembro, a Cáritas vai organizar uma caminhada na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Fafe, com a participação de jovens que estiveram envolvidos na JMJ, seguida da celebração da Eucaristia, às 17h30, e de uma manifestação pública onde se fará um apelo aos valores da campanha “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”.