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DR | 18 Abr 2020
Cuidar da nossa gente com solicitude
Nota Pastoral para organizar a pastoral em tempo de contingência
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Caríssimo sacerdote,

O confinamento que estamos a viver não impede um contacto entre nós. No isolamento, experimentamos que a vida tem sentido quando conjugada em comum e o presbitério é esta graça de ser corpo unido na oração e comunhão. Mais do que nunca, somos chamados a uma doação e comunhão total a Cristo e aos irmãos. Podemos redescobrir e viver a “fraternidade mística” de que tanto fala o Papa Francisco.

Sublinhando, em primeiro lugar, a certeza da unidade, sabemos que a nossa vida ministerial não pára. Deus confiou-nos uma parcela do Seu rebanho. Continuamos a pensar nele e interrogamo-nos sobre o que podemos fazer por ele. A pastoral tem muitas dimensões. Também, agora, teremos de cuidar das ovelhas com toda a solicitude. Não estamos de férias! Agimos, antes, de um modo diferente.

Algo de novo deve acontecer como desafio suscitado por esta pandemia. Talvez, até agora, a pastoral tenha sido demasiado burocrática e predominantemente sacramental. O tempo era sempre escasso. Chegou o momento de privilegiar o conhecimento das pessoas e de intensificar os valores comunitários. Qual o caminho? O Espírito Santo sugerirá. Os meios da era digital são um campo aberto e a potenciar mil e uma iniciativas. 

Prioritário é que intensifiquemos a relação com todos os paroquianos. Depois, o funcionamento da comunidade não pode ser interrompido. Há grupos, serviços, ministérios e movimentos que esperam por formação. Falamos imenso na urgência de uma consciencialização da fé. São muitos os meios e subsídios para o concretizar. Outrora não podíamos estar em tantas reuniões. Com o recurso aos meios de comunicação, hoje é possível concretizar novas iniciativas. Podemos iniciar uma nova era, a perdurar no pós-pandemia, de acompanhamento e formação dos cristãos.

O momento presente parece-me estar a exigir três opções fundamentais.

1. Sabemos que a Igreja nasceu a partir das famílias. Nelas, vivia-se a fé. Eram o espaço para concretizar a vida de um discipulado missionário. Não podemos exigir o que não nos podem dar, pois ninguém dá o que não tem. Mas é um caminho obrigatório a seguir. Interrogar-se sobre como poderemos dar-lhe um novo protagonismo. Precisamos de recuperar a família como “Igreja doméstica” e extrair daí todas as possibilidades que esta realidade encerra. Foi experiência no passado. Hoje deve ser laboratório, dando-lhe meios para uma nova expressão da Igreja.

2. Ninguém ignora que a pandemia provocará uma crise profunda com muitas consequências, sobretudo de ordem social. A pobreza regressará e as nossas famílias serão importunadas por carências de vária ordem. A paróquia deverá sair e ir ao encontro dos necessitados, tornando-se, na linguagem de S. Bartolomeu dos Mártires, verdadeiros “hospitais de Deus” e, segundo o Papa Francisco, “hospitais de campanha”. Urge identificar os carenciados e os pobres, particularmente os pobres envergonhados, e encontrar respostas que garantam a dignidade a todos.

A caridade é espontânea e dever de cada cristão. As circunstâncias, porém, vão exigir maior organização e revitalização das Conferências Vicentinas ou Equipas Sócio-caritativas. A crise está a mostrar que somos vulneráveis mas também deverá ser momento para garantir a força da solidariedade solícita e aberta.

3. Há muitos anos que temos assumido a responsabilidade de caminhar com a era digital. Sabemos, porém, que não temos conseguido fazer com que ela integre todos os dinamismo da vida pastoral. Já sublinhamos a importância quando, numa atitude verdadeiramente pioneira, avançamos com o Kyrios. É chegada a hora de universalizar estas práticas informáticas na parte organizativa dos cartórios paroquiais, assim como na dinâmica das comunidades. Ninguém ignora que os contactos presenciais são imprescindíveis. Teremos de lhes conferir uma prioridade inquestionável. Importa, porém, avançar e entrar em novos circuitos de comunicação que poderão proporcionar muita informação e formação. A pastoral terá, necessariamente, de se estruturar de harmonia com as propostas que nos são oferecidas pelos meios digitais. Se necessário, teremos de voltar a organizar cursos de formação para que todos os sacerdotes se tornem minimamente ágeis no uso destes meios.

Já estão a acontecer experiências maravilhosas. Sacerdotes que se encontram por video-conferência com os sacerdotes do arciprestado ou da zona pastoral, equipas arciprestais da catequese que elaboram o seu programa em comum. Multipliquemos estas experiências. Programemos encontros com os colegas e leigos. A título de exemplo, as palestras poderão acontecer desta maneira.

Agora, algumas orientações pastorais muito concretas.

a) Temos necessidade de seguir tudo quanto nos é determinados pelas autoridades civis. Não podemos interpretar subjectivamente nem dar-nos a aventuras. A unidade passa por acolher as indicações. Vamos, por isso, saber perder para não programar actividades que possam, directa ou indirectamente, potencial a propagação do Covid-19.

b) Quanto à catequese, não podemos deixar de descobrir modos de a ir concretizando. Este terceiro período não poderá ser desperdiçado. A criatividade pode sugerir muita coisa. Quanto aos adolescentes, sugerimos o uso de subsídios a serem programados de harmonia com o Say Yes, que sairão semanalmente. Na catequese de infância, o site do Secretariado Nacional da Educação Cristã fornecerá, diariamente, para cada ano, materiais a aproveitar.

c) Como já referi, a celebração dos sacramentos e da liturgia está condicionada pelo confinamento que deveremos respeitar, evitando toda e qualquer celebração comunitária. As festas (Primeira Comunhão, Profissão de fé, festas dos santos), procissões e peregrinações, em princípio devem ser suspensas e, se conveniente, adiadas para o princípio do próximo ano pastoral. O mesmo deverá acontecer com os crismas programados para este Verão.

Quanto ao mês de Maio, as famílias poderão ser motivadas para o celebrar seguindo o esquema habitualmente preparado pelas equipas do Seminário, que brevemente estará disponível em forma digital. Aconselho vivamente a que as famílias, assim como construíram cruzes floridas, façam um terço com flores de papel, que também poderá ser colocado nas sacadas, onde isso for possível.

d) A Semana das Vocações merece uma atenção particular. Não esqueçamos que toda a pastoral deve ser vocacional e que esta semana nos ajuda a imprimir este ritmo a toda a pastoral. O que poderá acontecer? Vejamos para cada caso.

Caro sacerdote,

Muitas coisas nos são solicitadas neste tempo. Não podemos deixar de continuar a nossa dedicação ao povo. Vamos tendo sugestões. A criatividade e a atenção às circunstâncias particulares das comunidades aconselharão muitas outras. Não vamos, porém, enveredar somente pelas dinâmicas virtuais e pastorais. Teremos de encontrar meios e maneiras para manifestar a proximidade ao Povo de Deus. Há muitos sinais e gestos que mostram uma presença. Não deixemos de o testemunhar.

Continuemos esta divina aventura. Não sabemos muito bem onde estamos e onde seremos conduzidos. Não sejamos tomados pela inércia. O Povo de Deus espera pela nossa solicitude. Mostremos o quanto o estimamos.

 

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

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