Arquidiocese de Braga -

11 fevereiro 2020

Jovens ligados aos Jesuítas querem “prevenir o que não se pode remediar"

Fotografia

DACS com Agência Ecclesia

Carta aberta aos deputados está a recolher assinaturas de jovens dos 16 aos 30 anos.

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Um grupo de jovens ligados aos centros universitários dos Jesuítas publicaram ontem, no portal Ponto SJ, uma carta aberta aos deputados à Assembleia da República. Sobre a eutanásia e com o título ‘Prevenir o que não se pode remediar’, a carta está a recolher assinaturas de jovens dos 16 aos 30 anos.

Os 44 subscritores iniciais referem na carta que partilham com quem apresenta os projectos de lei que serão discutidos no dia 20 a preocupação com o sofrimento, a doença, a dignidade, a solidão, e a dificuldade de lidar com a morte”, mas consideram que “a morte assistida”, nas formas de eutanásia e suicídio medicamente assistido, “não é uma resposta adequada” e que a sua aprovação no Parlamento “poderá constituir um irremediável erro, que ainda é possível prevenir”.

“Nenhum de vós poderá garantir que os efeitos da rampa deslizante não se farão sentir em Portugal. Nenhum de vós poderá garantir uma infalível aplicação da lei. E quando o que está em causa é a vida, nenhum erro ou precipitação se poderá remediar. Resta apenas prevenir. É isso que vos pedimos, retirando os projectos de lei apresentados ou votando contra a sua aprovação”, apelam aos deputados portugueses, depois de lembrar que “há muito por fazer na atenção a quem sofre”.

Os autores da carta referem também que têm “dificuldade em compreender os argumentos da liberdade e da autonomia” do doente como justificativos da opção pela eutanásia: Não estamos a falar de desligar um suporte artificial de vida ou interromper tratamentos desnecessários. Essas possibilidades já estão reguladas, respeitando a liberdade do doente e dos profissionais de saúde. Aqui trata-se de um médico provocar a morte de um doente e para isso não basta citar o princípio da liberdade individual”.

A juventude ligada aos Jesuítas assinala que a eutanásia torna a morte assistida “num acto médico, mas também num acto jurídico”, objecto de uma legislação que transforma profissionais de saúde em “juízes da vida e da morte”.

“Se a lei for incorrectamente aplicada, o resultado é a morte indevida de alguém. E esse erro é irremediável, pois a morte é irremediável”, sublinham.

Os jovens questionam como se lida com os casos em que o doente pede para morrer “devido a outros motivos que não a sua doença”, como o medo de sofrer ou de ser um peso para os outros, a solidão ou o abandono.

Na semana passada foi lançada, por um grupo de cidadãos, uma petição para a realização de um referendo sobre a despenalização da eutanásia que conta, neste momento, com mais de 7.600 assinaturas.

A Assembleia da República agendou para 20 de Fevereiro o debate dos projectos do Partido Socialista, Bloco de Esquerda, partido Pessoas-Animais-Natureza, Verdes e Iniciativa Liberal sobre a despenalização da eutanásia em Portugal.



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