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31 Out 2022
Da vocação à conversão
Homilia na Abertura Solene do ano pastoral dos Seminários
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  © Avelino Lima

1. Procurar e salvar

A liturgia do XXXI Domingo do Tempo Comum salienta o amor de Deus por todos, em especial pelos pecadores. Jesus Cristo é o evangelizador de todos, pobres e ricos, mas os pobres são a sua preferência: «...procurar e salvar o que estava perdido». Como bem enunciou, Santo Ireneu: «A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus». A Liturgia fez sua esta afirmação e traduziu-a em oração num prefácio: «Vós sois o único Deus vivo e verdadeiro e estais presente em todo o universo; mas é sobretudo no homem, criado à vossa imagem, que imprimistes o sinal da vossa glória. Vós o chamais a colaborar, com o trabalho de cada dia, no projecto da criação e lhe dais o vosso Espírito para que em Cristo, homem novo, se torne construtor da justiça e da paz» (Prefácio Comum IX).

O Evangelho de Lucas apresenta o episódio chamado Zaqueu, que relata a salvação de um rico, “chefe dos publicanos”. Jesus aceita a hospitalidade de Zaqueu e oferece-lhe o precioso dom: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão». Jesus comunica o amor gratuito ao pecador Zaqueu. Nesta vocação, Zaqueu converte-se e abre o seu coração e as suas mãos a Deus e aos outros. Quando se encontra o Amor e se descobre que se é amado, então, alguém se torna capaz de encontrar os outros. «A reação do encontro é tão fecunda como exigente. (...) Há festa quando há encontro» (A.L. Quintás). 

 

2. Amar a vida

As palavras proféticas da Sabedoria da primeira leitura descrevem o amor de Deus pelas suas criaturas: «De todos Vos compadeceis, porque amais tudo o que existe.... a todos perdoais, porque tudo é vosso, Senhor que amais a vida». O texto bíblico enumera as razões da moderação divina para com o Egipto, fundamentadas no amor incondicionado de Deus Criador e Senhor da Vida.

O Salmo 144 é um cântico de ação de graças em louvor da majestade divina. Dia após dia, as razões da ação de graças são muitas, porque: «O Senhor é clemente, compassivo, bom, misericordioso, fiel, perfeito, ampara os que vacilam e levanta todos os oprimidos».

Deus chamou-nos à salvação, todavia, é necessário que o chamamento se realize pela sua graça em Cristo e se confirme a fé. A fé deve ser vivida, mesmo no meio das perseguições, dado que os sofrimentos por causa do reino serão devidamente compensados por Cristo, como ensina Paulo aos Tessalonicenses (segunda leitura). 

3. Servir a sinodalidade

A invocação (atributo de Deus) da Oração Coleta, «Deus omnipotente e misericordioso», salienta a temática do Lecionário para este Domingo. O desenvolvimento da invocação «de quem procede a graça de Vos servirmos fiel e dignamente» remete para o serviço e o seguimento de Jesus, como aconteceu no caso de Zaqueu. A conversão na vida não é fuga da vida. Zaqueu não precisou de deixar tudo e seguir atrás de Jesus, mas continuar com um coração novo a comprometer-se com a família e com as suas obrigações, como a petição da Colecta sublinha: «fazei-nos caminhar sem obstáculos para os bens por Vós prometidos». A história do homem, no seio da história da salvação, é uma história de tropeços e obstáculos pelos caminhos da vida. Todavia, a fé garante-nos a certeza da felicidade prometida, porque «Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito; quem acredita n’Ele tem a vida eterna» (Aclamação ao Evangelho; Jo 3,16). 

Jesus ressuscitado continua a chamar e hoje diz a cada um de nós: levanta-te e testemunha, ou melhor, levanta-te e segue-Me! Seguir Cristo compromete. É uma escolha de vida ou de morte! Mas não há que ter medo, pois à semelhança do Eis-me, envia-me de Isaías, a jovem de Nazaré Maria, no seu dinamismo total diante do Anjo do Senhor que a convidava para um extraordinário projeto, responde: Eis-me.

Caros seminaristas, escutai Deus no silêncio do coração e tende coragem de ser felizes. «Eis-me aqui. Envia-me» (Is 6,8) pode ser a vossa oração diária. Convido-vos a rezar esta resposta à Vocação, todos os dias!

O Ano litúrgico e pastoral 2022/2023 que juntos e todos viveremos desafia-nos a ser uma Igreja sinodal samaritana: «colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele» (Lc 10, 34) – Onde há amor aí habita Deus – acompanhar.

Como na parábola do Bom Samaritano, não basta ver, cuidar, tocar, é preciso acompanhar. Assim como a Zaqueu não lhe bastou erguer os olhos e ver Jesus, mas deixar-se erguer e ser visto por Jesus. Do encontro passa-se à conversão e ao seguimento e acompanhamento com Jesus e como Jesus. 

O Papa Francisco na Visita Ad Limina Apostolorum de 2015 pediu-nos: «para passar do modelo escolar ao catecumenal: não apenas conhecimentos cerebrais, mas encontro pessoal com Jesus Cristo, vivido em dinâmica vocacional segundo a qual Deus chama e o ser humano responde».

 

† José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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