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15 Mai 2022
Tu podes, és mãe de Deus; e deves és nossa Mãe
Homilia nos 40 anos da visita de João Paulo II ao Sameiro; Peregrinação arquidiocesana das crianças e Homenagem a D. Jorge Ortiga
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1. O grande Domingo da Páscoa

Neste quinto Domingo da Páscoa, o conceito “novo, novidade” aparece muitas vezes para evocar um sentido positivo, «Cantai ao Senhor um cântico novo» (Antífona de entrada); «Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra...Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém...Vou renovar todas as coisas» (Segunda leitura); «Dou-vos um mandamento novo» (Evangelho); «vida nova da graça» (Oração depois da comunhão), que nasce do mistério pascal, celebrado na alegria e exultação como um único dia de festa, melhor como «um grande domingo», conduzindo os batizados à vida nova em Cristo.

No contexto da última ceia, o relato evangélico apresenta a revelação que Jesus fez de si mesmo, o mistério da sua glória. Jesus diz aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem... e glorificá-l’O-á sem demora», indicando a reciprocidade entre o Pai e o Filho. No Antigo Testamento, a glória era a revelação de Deus, a manifestação da Sua presença e do seu Mistério. Por isso, todos os Patriarcas e Profetas queriam contemplar a sua glória. Agora, em Jesus isto torna-se visível, de modo especial no seu mistério pascal. Ele é a revelação plena do mistério do Pai. 

Em simultâneo com o tema da glória, João considera o mandamento novo. Os israelitas tinham exaltado a amizade e o serviço recíproco, porém, o mandamento de Jesus é novo, na medida em que Ele o põe como exigência essencial para entrar na comunidade escatológica e porque requer uma humildade e uma vontade de serviço que propõem a ocupação do último lugar e o dar a vida pelos outros. De facto, o modo de viver de Jesus não oferece só uma norma e um estilo de vida, mas dá a possibilidade de viver plenamente o amor e a mútua edificação aos seus discípulos. Quem vive o amor como Jesus viveu torna-se, deste modo, um revelador da glória divina. 

O amor é mais forte! E, «onde há amor nascem gestos»!

2. A fé é uma aventura fascinante

É com muita alegria que me dirijo a vós, queridos meninos e meninas da Arquidiocese de Braga, para vos saudar e para fazer chegar até vós uma palavra de muita estima e de encorajamento na fé.

A fé é uma aventura fascinante. Mas talvez já alguns de vós estejam a perguntar: “O que é a fé?!” Antes de mais, convido-vos a olhar à vossa volta: Deus é maior que nós, Ele é o autor deste mundo, ou melhor, desta casa comum tão bela que nos envolve e da qual também nós fazemos parte. 

Ele fala-nos pelas suas obras e por esta energia acesa no nosso coração, é a energia do amor. Ele quer falar connosco e partilhar a sua vida. A fé é a aceitação do imenso amor que Deus nos dedica. Mas, como sabeis, às vezes estamos distraídos e não nos damos conta da beleza deste amor, não sabemos entender a sua linguagem. 

Jesus tinha dentro de si tanto amor, tanto amor, que quis abrir o seu coração, mesmo fisicamente, a fim de que todos pudessem ver sair dele este amor como uma fonte, pudessem recebê-lo para, também eles, se tornarem fontes de amor. Mas certamente os meninos e a meninas estão a concluir, com razão: “Para abrir o coração, Jesus tinha de morrer!” É verdade, Jesus teve de morrer… Mas, amando tanto os seus amigos, Jesus achou que não se podia separar deles, então pensou em deixar-lhes um sinal da sua presença e, antes de morrer, teve uma ideia, maravilhosa: fazer-se pão!

Vós sabeis como precisamos de nos alimentar todos os dias. Através do Pão onde Jesus se faz presente Ele mostra-nos como a nossa vida precisa da sua vida para viver com mais alegria, mais profundidade, mais verdade. Quando nos alimentamos do seu Pão Ele fica a fazer parte de nós. A nossa vida vive da sua Vida. É este o grande milagre que celebramos em cada missa. Certamente muitos de vós participam semanalmente na Eucaristia. Convido todos a fazê-lo, para que todos possamos participar da vida de Jesus. É que nós, hoje, também podemos e queremos ser grandes amigos de Jesus. Todos aqueles, em todos os tempos, que acolhem a sua mensagem a acreditam nela, são os amigos de Jesus.

Olho para vós com muita esperança! Vós sois frutos da alegria de Deus, testemunhos do Seu amor, sementes de futuro. Continuo a contar muito com cada um de vós, com a vida que Deus em vós acendeu, com a vossa vontade de crescer, com a amizade que quereis cultivar com Jesus, com a vossa capacidade de amar. Espero mesmo a vossa ajuda: juntos podemos fazer crescer em santidade e bondade a nossa Arquidiocese de Braga!

Aqui, neste magnífico santuário do Sameiro, há precisamente quarenta anos, São João Paulo II encorajou a família, comunidade insubstituível: «E vós, queridos pais e mães de família, conscientes de que o vosso lar é a primeira escola de valorização humana dos filhos que Deus vos deu, estareis conscientes também, certamente, deste outro grave dever que vos incumbe: de tudo dispor ou até exigir, para que os vossos filhos possam progredir harmonicamente, na ascensão para a vida, apoiados numa conveniente formação humana e cristã. A Igreja alegra-se quando os poderes constituídos na sociedade, tendo em conta o pluralismo e a justa liberdade religiosa, “ajudam as famílias, para que a educação dos filhos possa ser dada em todas as escolas, segundo os princípios morais e religiosos das mesmas famílias”».

E, depois agradeceu num telegrama enviado a 19 de maio de 1982 ao Arcebispo Primaz, D. Eurico Nogueira, com estas palavras: «com grata recordação pelos momentos de intensidade espiritual vividos com o povo bracarense, minhoto e transmontano no Sameiro, nessa Arquidiocese, reitero a expressão de agradecimento por participação nesse momento da minha inesquecível visita pastoral a Portugal. Com pensamento afetuoso nas famílias portuguesas peço a deus que em seus lares brilhe a firmeza na fé e amor cristão e aí desabrochem vocações para a vida de consagração».

3. Senhora Mãe do Sameiro, ensina-nos a Esperança

Com Maria sou feliz – é o tema que nos congrega aqui e agora nesta peregrinação arquidiocesana.

Na verdade, como diz uma poetisa: «Deus, quando se adormeceu, sonhou Maria» (...) «Tu és bela, peregrina de fé» (Alda Merini).

Com Maria, e sobretudo como Maria, muitos homens e mulheres viveram a vontade de Deus durante a sua peregrinação terrena. Hoje, o Papa Francisco canonizou dez novos santos e santas. Entre eles, um homem “irmão universal”, Charles de Foucauld, que rezou assim: «Meu Pai, eu me abandono a Ti, faz de mim o que quiseres. O que quer que faças de mim, eu to agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contando que a Tua Vontade se faça em mim e em tudo o que criaste; nada mais quero, meu Deus. Nas tuas mãos entrego a minha vida, eu ta dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque eu te amo, e porque é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me sem medida nas tuas mãos, com uma infinita confiança, porque Tu és o meu Pai».

A nossa prece cantada continua a chamar a Senhora Mãe do Sameiro: «Vela por nós filhos teus, Mãe de Jesus, nossa Mãe! Tu podes, és Mãe de Deus; e deves és nossa Mãe!»

 

† José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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