Arquidiocese de Braga -
11 setembro 2024
Eucaristia, mistério de fraternidade
53.º Congresso Eucarístico Internacional, Quito (Equador), 8-15 de setembro de 2024.
Fraternidade para curar o mundo. "Todos vós sois irmãos" (Mt 23,8)
Muito obrigado pela vossa hospitalidade fraterna.
Estamos em casa! Com o olhar terno da Mãe, a Mulher Eucarística, Nossa Senhora do Rosário de Fátima, todos nos sentimos irmãos em Jesus Cristo. Somos todos irmãos e irmãs porque somos filhos de Deus Pai por Jesus no Espírito Santo.
O 53.º Congresso Eucarístico Internacional leva-nos em peregrinação à bela cidade de Quito, "o pequeno rosto de Deus".
- Estender a mão
Jesus está de novo na sinagoga, no sábado, o dia santo dedicado a Deus. O olhar misericordioso de Jesus dirige-se a um homem com uma mão atrofiada, incapaz de trabalhar e abençoar. Portanto, de levar uma vida pessoal, familiar, social e religiosa digna.
A pessoa humana está no centro da assembleia e é o caminho da Igreja. Jesus disse-lhe: «Estende a tua mão» e pela sua mão ela foi restituída. Jesus é a misericórdia em pessoa que cura e liberta.
Rezemos e trabalhemos pela justiça e pela paz, sabendo que «a resposta do Evangelho é a Misericórdia» e que «a Misericórdia é o coração de Deus», como afirmou vivamente o Papa Francisco. Estejamos inteiros a tempo inteiro, para que Jesus Cristo nos dê a plenitude da alegria e da misericórdia sem fronteiras.
O amor é exigente, porque é verdadeiro e o amor verdadeiro é sempre uma força que transforma. Onde não há amor não pode haver vida. Deus não está presente num coração ausente.
- Coração de Maria, Evangelho vivo
Entre todas as criaturas, Maria é aquela que melhor encarna o Evangelho da misericórdia e nos impele a uma cultura da misericórdia.
Maria, no Magnificat, canta: «a sua misericórdia estende-se de geração em geração».
Ao longo da história cristã, muitas orações a Maria imprimiram a dimensão da misericórdia, como a Salve Regina: « Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa (...) Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei».
Como Maria concebeu Jesus Cristo na terra, assim a Igreja é chamada a gerar a Eucaristia. Ela é «um “sacramento de Jesus Cristo” e o seu coração é um “Evangelho vivo”» (H. Du Lubac).
3. Eucaristia, sacramento do encontro
Hoje o Martirológio dá testemunho de São Pedro Claver "escravo dos escravos, que vos ajudou com admirável caridade e paciência". «São Pedro Claver, sacerdote da Companhia de Jesus, que, em Cartagena, Colômbia, durante mais de quarenta anos, com admirável abnegação e grande caridade, se dedicou ao serviço dos negros tomados como escravos, dos quais cerca de trezentos mil renasceram para Cristo através do Batismo por ele administrado».
A Liturgia é um lugar de encontro com Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, um lugar de missão. A este respeito, o Papa Francisco adverte: «Uma celebração que não evangeliza não é autêntica, assim como não é autêntico um anúncio que não leva ao encontro com o Ressuscitado na celebração: ambos, sem o testemunho da caridade, são como um latão que bate ou um címbalo que retine (cf. 1Cor 13,1)» (DD 37).
A Igreja vive da Eucaristia. Esta é a sua dimensão decisiva, não exclusiva. A liturgia é a primeira escola da fé e da vida espiritual. Nela deixamos de falar de Deus, para falarmos com Deus e trabalharmos em Deus. Celebrar, isto é, frequentar a Liturgia é cultivar em perene surpresa o organismo vivo que é a Igreja, contemplando «a beleza e a verdade da celebração cristã» (DD 1).
✠ José Manuel Cordeiro
Arcebispo Metropolitano de Braga
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