Arquidiocese de Braga -

3 abril 2024

Jardim da Páscoa

Fotografia

Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor

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1. Perfume do jardim de Páscoa
A Eucaristia que celebramos é a presença perene da Páscoa. O túmulo aberto remete sempre para o perfume do jardim de Páscoa, antecipados pelo sabor do pão e do vinho, o corpo dado e o sangue derramado: «não basta estar de acordo com a mensagem recebida / basta sim o acolhimento da passagem do anjo / que assinala o túmulo aberto / basta acreditar no perfume do jardim da Páscoa» (J. A. Mourão).

Aleluia! Aleluia! A Sé primaz e toda a Igreja inunda-se de alegria transbordante. Na verdade, evidenciou Sophia de Mello Andressen: «aqui para além da morte da lacuna da perca e do desgaste, celebramos a Páscoa. Aqui celebramos a claridade, porque Deus nos criou para a alegria».


2. Memorial da Páscoa
O texto do Evangelho de João coloca-nos em movimento, no caminho de Páscoa com Pedro. Ele foi ao sepulcro impactado pelas palavras de Madalena. Pedro e o discípulo que Jesus amava correm ao sepulcro e verificam os sinais. Pedro permanece na dúvida, enquanto o discípulo predileto acredita «viu e acreditou». No entanto, o texto conclui que ainda não estavam preparados para a revelação pascal, «porque ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos». Por conseguinte, as Escrituras são apresentadas como o critério hermenêutico para acolher e entender na fé o acontecimento da ressurreição de Cristo.

Os Atos dos Apóstolos apresentam o anúncio da ressurreição pela boca de Pedro em casa de Cornélio, um centurião romano. A especificação do texto «comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos» salienta com força a realidade física e concreta da ressurreição, acontecimento escatológico realizado na história.

Na oração da dedicação de uma igreja, rezamos: «aqui, os vossos fiéis, reunidos em volta da mesa do altar, celebrem o memorial da Páscoa e sejam alimentados no banquete da palavra e do Corpo de Cristo».


3. Adoração pascal
A segunda leitura sublinha a estreita ligação entre a ressurreição de Jesus e a do cristão. O conceito de fundo gira à volta das coisas do alto, que os crentes são chamados a buscar. Nas coisas do alto encontra-se Cristo, sentado à direita de Deus. O motivo desta procura e aspiração consiste no facto de que os cristãos já ressuscitaram com Cristo. A vida nova existe, mas ainda não é percetível aos sentidos, tal como Cristo ressuscitado está, de certo modo, escondido ao olhar dos crentes.

Amanhã, segundo dia da oitava da Páscoa, até à véspera da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, haverá Adoração Eucarística contínua em toda a nossa Arquidiocese, na preparação imediata do 5º Congresso Eucarístico Nacional. Inaugurará com a Paróquia de Ócua, cruzando com a as religiosas de vida contemplativa e atravessando os 13 Arciprestados por ordem alfabética. Uma gigantesca rede de adoração eucarística sinodal, samaritana e missionária!

De facto, «apenas na adoração, só diante do Senhor, é que recuperamos o gosto e a paixão pela evangelização. E, curiosamente, perdemos a oração de adoração; e todos, sacerdotes, bispos, consagradas, consagrados têm de a recuperar: recuperar aquele permanecer em silêncio diante do Senhor» (Papa Francisco, Lisboa, 2 agosto 2023).

A Igreja recebeu a Eucaristia do Senhor Jesus Cristo como o dom por excelência, porque dom d’Ele mesmo, pelo que é verdadeiramente o mistério da fé. Quando o sacerdote proclama estas palavras, «Mistério da fé», a assembleia responde: «Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!». Com estas palavras, a Igreja apresenta Cristo no mistério da sua paixão e, simultaneamente, revela o seu próprio mistério. O seu fundamento é o mistério pascal.

Em muitas comunidades hoje as famílias recebem a cruz florida em compasso pascal e até com a “música da Páscoa”. Em bastantes lugares até se sente dizer: “não há Páscoa sem compasso”. Cantemos o mistério desta Páscoa florida, da qual a celebração da Eucaristia é sacramento dos sacramentos. Aleluia! Aleluia!

+ José Manuel Cordeiro