Arquidiocese de Braga -

5 dezembro 2023

São Geraldo, peregrino de Páscoa

Fotografia DACS

Solenidade, 5 de dezembro 2023

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1. Não desanimamos neste ministério

São Geraldo foi um peregrino vigilante no caminho de Páscoa e um administrador fiel e prudente, proclamando a graça do Senhor e levando «o azeite da alegria em vez do traje de luto» (Evangelho e 1ª leitura). O que escutámos da segunda carta aos Coríntios, centra-nos no essencial do serviço episcopal na Páscoa de Jesus Cristo: «Não desanimamos neste ministério que nos foi confiado pela misericórdia de Deus. (...) não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor. (...) Nós trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério, para que se conheça que um poder tão sublime vem de Deus e não de nós». 

Deus é maior que todo o ministério que nos é dado. São Geraldo experimentou-o bem, primeiro no mosteiro beneditino e depois na nossa querida Arquidiocese de Braga, que na altura era bem mais abrangente, correspondendo, em traços gerais, ao que hoje é território de 4 Dioceses: Braga, Bragança-Miranda, Vila Real e Viana do Castelo.

São Geraldo confiou até ao limite. Em plena visita pastoral, no rigor do inverno e no limiar da sua Páscoa eterna, ainda ousou pedir: “vai e procura”. E, segundo a lenda, que é sempre a poesia da história, a fruta apareceu. O milagre é expressão da fé sem limites e do amor ardente do coração crente e orante.

2. Primazia pelos pobres

A Igreja faz memória dos melhores entre os seus filhos e filhas – os santos(as). O Arcebispo bracarense São Geraldo (1096-1108): «Ao entrar na cidade de Braga e ao ver a situação inóspita do lugar, despovoado e quase em ruínas, tomado de grande espanto, agradeceu a Deus o facto de lhe haver concedido um lugar em que houvesse de amofinar-se, cansar-se das fadigas apostólicas». E acrescenta-se na biografia do santo Arcebispo: «Amava os humildes; resistia aos soberbos; frequentemente dava conforto a pobres, não só com refeições senão que com roupas».

A partir da realidade que a Cáritas Arquidiocesana e outras instituições católicas e civis experimentam quotidianamente, a cidade de Braga depara-se com as consequências que a crise na habitação tem exercido sobre as pessoas e famílias em Portugal. Com efeito, «são cada vez mais as famílias que procuram apoio porque não conseguem suportar as despesas associadas à habitação». (...) Causa de preocupação são«os idosos que têm baixas reformas e ficam sem direito a habitação acessível de acordo com os seus rendimentos». Os dados fornecidos pela Cáritas Bracarense revelam igualmente que apartilha de apartamentos entre várias famílias, a partilha de quarto por duas famílias e, inclusivamente, o partilhar de camas é um fenómeno cada vez mais comum. esta situação é ainda agravada pelo elevado fluxo migratório não planeado que leva a que muitas destas pessoas vivam em condições de total ausência de dignidade».

Perante este cenário, «a Cáritas de Braga reforçou ainda, em grande escala, as respostas de acolhimento destinadas a grupos vulneráveis através da criação de um Centro de Acolhimento para Vítimas de Violência Doméstica e de uma Estrutura de Acolhimento Temporário para Migrantes e do aumento da capacidade de resposta de acolhimento para Pessoas em Situação de Sem Abrigo».

É preciso a audaz participação e colaboração de todos para criar inovadoras soluções para a atual situação de crise. Assim, no próximo dia 16, será apresentada em Fafe, a equipa da Cáritas Arquidiocesana Jovem durante o lançamento da campanha 10 milhões de estrelas.

Na nossa cidade, numa cooperação recíproca entre a Igreja e a sociedade civil com as suas autoridades autárquicas, académicas, militares e forças de segurança, não faltem igualmente as pessoas de boa vontade e os voluntários, quais bons samaritanos da humanidade.

3. Jesus Cristo é a nossa Páscoa

Juntos no caminho de Páscoa (2023-2033) para Levar Jesus a todos e todos a Jesus. A Igreja existe para levar Jesus Cristo a todos e trazer todos a Jesus Cristo. Não há nada mais importante na Igreja que evangelizar. 

A Arquidiocese é o sujeito primário da evangelização integral neste território desde a serrania minhota à beira-mar. De Páscoa em Páscoa, de Domingo em Domingo, a Igreja caminha na história na fidelidade ao Evangelho da Esperança. O Papa Francisco acentua este dinamismo pascal: «O Ano litúrgico é para nós a possibilidade de crescer no conhecimento do mistério de Cristo, imergindo a nossa vida no mistério da sua Páscoa, na esperança da sua vinda. Esta é uma verdadeira formação contínua».

De facto, desconhecer o Ano litúrgico é ignorar o próprio Jesus Cristo. Juntos no caminho de Páscoa, queremos ser peregrinos de esperança e construtores de uma pastoral declinada cada vez mais em chave sinodal, samaritana e missionária. O método do caminho sinodal é a conversação no Espírito feito de escuta, de silêncio e de esperança pascal.

 

+ José Manuel Cordeiro