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D. José Cordeiro | Sé Primaz, Braga| 5 Fev 2023
Ao serviço da fraternidade social
Homilia de D. José Cordeiro no Dia da Universidade Católica Portuguesa.
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  © Avelino Lima

 Ao serviço da fraternidade social 

1. Sal da Terra 

Na leitura do sermão da montanha segundo São Mateus, que agora escutámos, é dirigido aos discípulos missionários do Evangelho uma desafiante missão: ser sal da terra e luz do mundo. 

Se o Evangelho é sal da terra, os seus discípulos missionários são também eles sal da terra. Na verdade, o Evangelho abrasa os lábios e o peito, mas nestes tempos parece que a Igreja no Mundo está cansada e parece que vive uma fé sem paladar, tépida e cinzenta. 

Será de grande e atual desafio, revisitar um conhecido sermão do grande Padre António Vieira, que no século XVII, pregava assim: «Vós, diz Cristo, senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra; e chama-lhe sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhe dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra, ou porque a terra não se deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem os seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal.”».

Por isso, a terra precisa dos cristãos para serem sal que tempera e transforma com o dom da fé as realidades terrenas e para serem luz que ilumina os caminhos da vida do mundo como «luz acesa» (B. Vasconcelos) de amor para novos horizontes de esperança. 

2. Luz do Mundo 

Da Luz da Luz, que é Cristo, os discípulos missionários são iluminados e são luz do mundo. Um provérbio hebraico diz: «todas as trevas não conseguem apagar uma candeia; mas uma candeia sozinha ilumina todas as trevas». 

O mistério de Cristo é Luz no sinal supremo da Cruz, como nos interpela a segunda leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios: «pensei que entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado» (1Cor 2, 2). Como é que Jesus se dá a conhecer pela Cruz? 

A cruz é a manifestação plena do amor de Deus. A cruz é glória do amor, «porque a glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus» (Santo Ireneu). Na cruz contemplamos um amor forte. O poder, a fama e a riqueza não entram nesta glória. Só o serviço e a humildade na liberdade são caminho do amor. Juntamente com os jovens fazemos esta experiência nestes dias felizes, de 29 de janeiro a 3 de março, na peregrinação e da fé focalizados nos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (a cruz alta e larga e o ícone mariano) nos caminhos sinodais da nossa Arquidiocese. 

 

3. A alegria da luz da verdade 

O dia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), comemora-se a 2 de fevereiro, a solenidade da Apresentação do Senhor, que no Oriente se chama a festa do Encontro. Este encontro é com a luz da verdade que é Jesus Cristo, a sabedoria em pessoa. Este ano damos graças pelos 55 anos já percorridos deste serviço da Igreja na capacitação da sociedade. 

Em 2017, o Papa Francisco na constituição apostólica Veritas gaudium sobre as Universidades e as Faculdades eclesiásticas salientou: «a alegria da verdade (Veritatis gaudium) é expressão do desejo ardente que traz inquieto o coração de cada ser humano enquanto não encontra, habita e partilha com todos a Luz de Deus. Efetivamente a verdade não é uma ideia abstrata, mas é Jesus, o Verbo de Deus, em quem está a Vida que é a Luz dos homens (cf. Jo 1, 4), o Filho de Deus que é, conjuntamente, o Filho do homem. Só Ele, «na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime»

A UCP tem a missão de ser sal da terra e luz do mundo, ao colocar o conhecimento ali produzido, ao serviço da fraternidade social, conforme a mensagem para este dia nacional da UCP. Aqui em Braga, já com a Teologia, a Filosofia e ciências sociais, e outros conhecimentos que muito gostaríamos de alargar para a cultura do encontro e do cuidado da nossa casa comum. 

Ser luz e ser sal ad intra e ad extra tem de se manifestar no brilho da fraternidade social. 

 

† José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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