Arquidiocese de Braga -

14 abril 2017

Vitória da vida

Fotografia Avelino Lima/DM

Homilia na Sexta-feira Santa

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Todos os testemunhos que nos chegaram através dos evangelhos e das cartas apostólicas afirmam com clareza que Jesus morreu numa cruz. Para a Escritura, esta é a morte do maldito, a morte mais infame. “Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, ao fazer-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito seja todo aquele que é suspenso no madeiro” (Gl 3,13).

A morte não foi um acto desejado por Cristo. Vimos a Sua angústia, no horto das oliveiras, quando disse “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42). Foi por absoluta necessidade, absoluta fidelidade ao Pai e absoluto amor que Ele morreu. No dia da Sua condenação, diante de Pilatos, confessou “para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade” (Jo 18,37). Causa-nos ainda maior perplexidade quando agora algumas pessoas afirmam e legitimam, com ligeireza, que vivemos tempos da pós-verdade e das inverdades. Por muito que queiramos, nenhuma verdade pode ser declinada, enquadrada ou flexibilizada.

Em Sexta-feira Santa, reflectimos sobre o impacto que as forças do mal têm quando endurecem o coração dos homens. Por outro lado, Jesus, ao morrer, assumiu em si a morte da Humanidade e mostrou que, quando se tem fé, a morte não tem a última palavra. Isto acontece também naquelas pequenas realidades de morte que nos acompanham quotidianamente. Importa ver para além dos acontecimentos imediatos e lutar sempre pela vida, em nós e nos outros, sem nos deixarmos vencer por aquilo que se experimenta no imediato. Não nos calemos para defender a dignidade da vida. Precisamos de uma ardente e corajosa acção educativa em favor da vida.

Um amor que sabe sofrer com quem sofre opera prodígios e revoluciona a história da Humanidade. Acreditando em Cristo que passou pela morte, nenhum poder pode roubar-nos a alegria de viver. Omnia vincit amor. O amor tudo vence. Pela fé acreditamos no amor de Deus. Pela caridade lutamos por um mundo de verdadeiro humanismo e fraternidade.

Que o conforto de Maria nos acompanhe e fortaleça na luta contra o mal dos corações endurecidos e contra as lógicas da morte. Pedimos também ao Senhor Ressuscitado que nos ajude a resgatar os esquecidos da sociedade, trazendo-os para o centro das nossas atenções.

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

Pode descarregar abaixo o PDF da homilia na íntegra.


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HomiliaSextaSanta2017.pdf