Arquidiocese de Braga

D. Nélio Pereira Pita - Armas

O lema escolhido por D. Nélio, «Ut vitam habeant», remete para a passagem do Evangelho de São João 10, 10: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. O lema sumariza o propósito dos mistérios centrais da nossa fé: Deus fez-se Homem para dar Vida à vida, para que o ser humano recupere a semelhança divina tantas vezes distorcida pelo pecado. A ação do Pastor emerge como continuidade da Missão do Filho de Deus, uma contínua proposta «de vida em abundância» em cada tempo e lugar.


Significado das cores e símbolos heráldicos

A cor azul do fundo do escudo, por um lado, remete para o céu e para o mar, a cor predominante da ilha onde nasceu, a Madeira e, por outro, para o infinito e a eternidade. Sobre esse fundo figuram três elementos:

Uma pomba branca, símbolo do Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade que, tal como professamos no Credo, «é o Senhor que dá a Vida». A pomba evoca, ainda, o ambiente da nomeação episcopal ocorrido no contexto da solenidade litúrgica do Pentecostes, a 6 de junho de 2025.

A espiga de trigo em cor de ouro é uma alusão ao Pão da Vida oferecido no Sacramento da Eucaristia, «fonte e cume da vida cristã». O símbolo do trigo condensa uma promessa de abundância e unidade: uma só semente morre para gerar mil espigas. De muitos grãos, faz-se o milagre de um só Pão: pequeno, mas cheio de potencial; frágil, mas essencial; escondido, mas destinado à mesa onde Deus se faz presente.

A concha dourada acentua a dimensão peregrina da fé. Alimentados pela Eucaristia e sob a ação do Espírito Santo, o batizado é aquele que se dispõe a caminhar, no contexto eclesial, para o Reino de Deus. Este símbolo evoca ainda o Jubileu da Esperança, ano da ordenação episcopal de D. Nélio como bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga.

Juntos, estes três elementos representam os Sacramentos da Iniciação Cristã — Batismo, Crisma e Eucaristia — através dos quais os fiéis são introduzidos na vida da Igreja. A partir deles o crente enceta a peregrinação no meio das adversidades deste mundo, um caminho de luz e de sombras, acompanhado por Deus e pelos irmãos.

Como insígnias episcopais, tal como é próprio dos bispos, D. Nélio Pita usa um anel, uma cruz peitoral e um báculo pastoral.

A natureza de Deus, realidade invisível, resplandece em cada uma das suas obras. O esplendor da santidade manifesta-se nos céus e na terra, nos templos sagrados e em todas as criaturas (Sl 96, 5-9).

Convocada a ser semelhança de Deus, a humanidade está particularmente destinada a ser veículo do resplendor divino. Todos os que acolhem a Palavra e a põe em prática, em cada tempo e lugar, refletem a luz de Deus. Razão tinham os antigos quando recorriam à metáfora onde Cristo é comparado ao sol e a Igreja à lua. Deus, na pessoa do seu filho Jesus, é «luz da luz» e fonte de toda a vida. A Igreja não possuí luz própria, pois como a lua, ela apenas reflete a luz do sol que é Cristo. Ao permanecer fiel ao Mestre, ela torna-se sinal vivo do esplendor da santidade e, por isso mesmo, toda a humanidade beneficia da sua presença.

As três insígnias da autoria do escultor Manuel Rosa desenvolvem a ideia do esplendor da luz divina cujos raios se estendem até às extremidades. Em cada uma podemos ler o lema episcopal escolhido pelo D. Nélio: «para que tenham vida» (Jo 10,10), em grego, no anel; em latim, na cruz; em português, no báculo. A linguagem simples e orgânica do esplendor que emerge de um centro transparece nos três objetos.

O ministério episcopal está ao serviço da vida divina cuja gloria e esplendor não conhece fronteiras nem ocaso. Ele é chamado a ser testemunha da luz divina permanecendo fiel portador da verdade, da beleza e da bondade de Deus.