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"Juntos no caminho de Páscoa"

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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga | 10 Abr 2004
Homilia da Vigília Pascal
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Onde está Deus? Na Páscoa queremos, essencialmente, celebrar a Ressurreição do Senhor, proclamar, individualmente e como Igreja, que Ele está vivo. Acontece, porém, que perante o mal e os males que afectam o nosso quotidiano e o nosso mundo, nos apetece perguntar: “Onde está Deus? Sabemos que o mal sempre existiu e que, no presente, o conhecemos melhor. Como diz o Santo Padre: “O novo milénio carregado de contradições dum crescimento económico, cultural, tecnológico que oferece a poucos grandes possibilidades, deixando milhões e milhões de pessoas não só à margem do progresso mas a viver em condições de vida muito abaixo do exigido pela dignidade humana. Como é possível?” (N.M.I. 50) Ao lado destas contradições dum verdadeiro humanismo, deparamos, ainda, com outra realidade quotidiana que nos choca e impressiona. A vivência da nossa Quaresma ficou marcada, quer queiramos quer não, pelos actos terroristas de 11 de Março acontecidos em Madrid. Perante a tragédia horrível e hedionda da morte de inocentes, de todas as idades e condições, talvez tenhamos levantado a questão humana, mas “onde” está Deus Omnipotente, Senhor da humanidade e Pai bondoso de todos os seres humanos? Com este presenciamos outros “infernos”onde Deus não está presente. Onde falta alimentação para todos, onde a educação não é adequada e completa, onde a saúde não é cuidada na atenção a coisas essenciais e indispensáveis para todos e nunca como privilégios duns poucos, onde o trabalho não se alia como direito de todos os homens para uma vida digna, onde a habitação não se reveste das condições mínimas para a tranquilidade, onde, onde… muitos lugares e situações que manifestam que nada oculta tanto Deus como o mal. Terrorismo, guerras silenciosas, fome, exploração sexual, trabalho infantil, desemprego. A estas e outras situações teremos, necessariamente, de contrapor tantas maravilhas que Deus vai permitindo e que poderíamos saborear através duma presença na vida mais positiva, sem optimismo exagerados mas com a força e a coragem da fé. A noite do mal não pode abafar a coragem de ver o bem e de o dar a conhecer. A Páscoa passa por aqui. Ela é luz serena que ilumina e aconselha a não cair no desalento. Há sempre algo de belo que teremos de descobrir. Nesta consciência de que o mundo não é só o Reino do mal e o império dos crimes, temos, como crentes e membros da Igreja, o dever e a responsabilidade de recolocar a questão crucial do mundo actual e recordar-lhe que o mal da sociedade não está na ausência de Deus mas é esta que está a empurrar para um beco sem saída, para uma catástrofe de destruição, para um abismo de profundidade desconhecida. A Páscoa é Deus vivo que urge trazer de novo à sociedade, com uma metodologia nova e a exigir muito trabalho aos cristãos e comunidades. Tenho-o referido e repito o que muitos apontam como tarefa primordial da Igreja. O passado preocupou-se em demonstrar Deus com os argumentos da razão; hoje teremos de mostrar ao homem moderno o amor que Deus sente por este mundo concreto e só o conseguiremos realizar com o perfume das boas obras como vivência do sermão das bem-aventuranças. Teremos de vencer o sofrimento e o mal onde ele se encontre, não tendo medo de o conhecer mas apaixonando-nos por ele e colocar ao serviço da sua eliminação a vontade e a fé dos crentes, a ciência e a técnica de que disfrutamos, unindo as boas vontades. Transformar o mundo e desenhar uma sociedade mais humana não só é possível mas é um dever. Não tapemos os olhos nem fechemos os ouvidos. Não cruzemos os braços. O Deus da Páscoa está em todos mas encontramo-lo, dum modo mais sublime, nos excluídos, nos marginalizados e abandonados, nos débeis e pobres. É na comunhão com todos que o encontramos e o manifestamos. A alegria pascal é uma explosão de amor que implica um processo de transformação das pessoas e da humanidade. Deus participa do sofrimento, faz-se solidário com a dor para a destruir para sempre pela acção dos seus discípulos. Quisemos olhar, durante a Quaresma e consciencializarmos das situações anómalas em que as crianças vivem. Assumimos o compromisso de as acolher para “ser” como elas dando confiança e coragem. O amanhã aterroriza-nos e vemos pais perplexos perante o futuro dos filhos. Há algo de novo a fazer. Queremos ser intérpretes dum mundo que não atemorize as crianças e que não lhe ofereça só dramas e dúvidas. Que a Páscoa aconteça e que as crianças voltem a sorrir dando aos adultos uma esperança sólida. Cristo ressuscitou. Retiremos as pedras que o ocultam no sepulcro da morte. Que Ele resplandeça no quotidiano do cristão e da comunidade diocesana. Páscoa 2004. + Jorge Ortiga
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