Arquidiocese de Braga -

14 dezembro 2006

Mensagem Natalícia à UCP em Braga

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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga

\n Impossibilitado involuntariamente de estar presente nesta Eucaristia de Natal do Centro Regional de Braga da Universidade Católica, peço desculpa pela ausência física e desejo representar-me com uma simples mensagem. Ela é uma partilha do que me acompanha como programa para este tempo. Procurei sintetizar o meu pensamento e plano num pequeno opúsculo, publicado na abertura do Ano Pastoral, no I Domingo do Advento, assinalando uma nova partida no percurso já iniciado. Creio que poderia ser conhecido e dado a conhecer. Intitulei-o Cuidar da vida - Uma reflexão a caminho do Natal. Hoje fala-se imenso da qualidade de vida. Para isso, teremos de cuidar da vida, integrando a sua dimensão de materialidade na indispensável perspectiva espiritual. Por outro lado, não basta fixar-se nalguns destinatários; importa chegar a todos, numa dedicação feita de consciência e vontade de responder às necessidades e carências de toda a ordem. Trata-se, por isso, de cuidar da vida toda e de todos. Uma tal meta poderá parecer ou aparecer como utopia perante as pressões bem organizadas e orquestradas que tentam impor a vontade de alguns sobre os outros e de impor critérios de bem-estar para minorias, numa cegueira inaceitável face a níveis de vida, que deveriam ser vistos como um escândalo numa sociedade dita de progresso, de muitos seres humanos excluídos das conquistas dum tal progresso. Em Cristo surge a Vida e, com Ele e por Ele, devemos estar em permanente alerta para que a vida seja realmente vida para todos. Só assim o Natal será aquela aventura que apela e interpela, dum modo vigoroso e profundo, a um mundo melhor, onde todos e cada um vejam respeitada e promovida a dignidade a que Deus os elevou. Acreditamos? Para quem acredita todo o ser humano é Filho de Deus. Cuidar dele é celebrar o Natal. E o nosso cuidado é o do Servo de Javé, que na sua confiança n’Aquele que o escolheu, colabora com o Senhor para que “os infelizes e os pobres” possam encontrar a fonte da “água que não vêem” de tal forma que “a sua língua seca pela sede”, incapaz de articular cantos de alegria, seja solta em brados de júbilo. O nosso cuidado é o do Precursor, o Baptista, que no espírito do grande profeta Elias vem para preparar um “povo bem disposto” a acolher o Messias tão desejado e esperado pelo coração de todas as gerações mas que pode passar despercebido se não aparecer alguém que diga “ele já está no meio de vós, aquele que não conheceis”, “eis o Cordeiro de Deus”, eis o esposo de quem sou amigo e com isso me alegro. Assim foi João, o Baptista, cujo nascimento fez soltar a língua do seu pai Zacarias que tinha ficado mudo! “Quem tem ouvidos oiça” o anúncio de que o deserto será um lago e de que da terra seca brotarão fontes de água viva. No dom do Espírito, que renova todas as coisas, daquele que mata a sede na fonte da água viva, dele jorrarão rios de água viva (cfr. Jo 7,38). Ser precursores, no âmbito da cultura e do serviço cultural, d’Aquele que desvenda no seu mistério os enigmas da existência humana é a vossa vocação, de todos vós nesta cara Universidade Católica em Braga. Quero estar com a vossa vida e a vida dos vossos familiares e aceito, agradecendo penhoradamente, a preciosa colaboração que me dais para que, aqui e agora, se viva em plenitude. Que comigo, convosco e com todos, a Arquidiocese de Braga seja um Sacramento de vida, um sinal visível para todos pela acção realizada por cada um. Bom Natal 2006, cuidando da vida toda e de todos por toda a vida. Estou certo que assim acontecerá porque a “Vida que estava junto de Deus fez-se carne e habitou entre nós”. Braga, 14.12.2006 + Jorge Ferreira da Costa Ortiga Arcebispo Primaz