Arquidiocese de Braga -
7 julho 2020
O Regresso (a)Normal à Generosidade
Nota da Vigararia Geral
É muito bonita a forma como a Igreja se concebe depois do II Concílio do Vaticano. Repetem-se à saciedade expressões como “povo de Deus”, “povo sacerdotal”, comunidade crente, diversos na unidade; também se reforçam os conceitos de participação, corresponsabilidade, solidariedade.
Acreditamos hoje que a Igreja não são apenas os padres ou os bispos. Igreja somos todos nós. E acreditamos que a Igreja precisa de todos nós. É constituída e construída por todos nós.
Sendo válido quanto dito para todos os tempos, com maior acuidade para os que ora correm, cheios de dificuldades, por fragilidades sociais, por sobressaltos na saúde, por temores, por impedimentos vários.
Como sentimos forte o apelo de retorno à Igreja primitiva: vede como eles se amam...Punham tudo em comum... Ninguém passava por necessidades, pois contava com o apoio e socorro da comunidade. Eram um belo exemplo, os primitivos cristãos, razão do enorme sucesso apostólico que conheceram.
Claro que hoje muita coisa se estruturou. Também a caridade; ou a forma de os cristãos partilharem; ou o modo de a Igreja encontrar sustentabilidade; ou o modo de administrar e reunir proventos.
Assim, pede o atual Código de Direito Canónico que em todas as paróquias exista o chamado Fundo Paroquial. Para ele se devem canalizar todos os proveitos, todas as contribuições dos fiéis, todos os rendimentos que a Paróquia consiga arrecadar, na administração dos seus haveres, no exercício da sua atividade, aquando da celebração dos sacramentos, por doações espontâneas ou calendarizadas dos fiéis.
Deste Fundo Paroquial sairá o sustento de quantos se dedicam à paróquia no exercício do múnus sacerdotal, ou noutros serviços; sairá o necessário à conservação do património; também quanto se requer para a vida sacramental e de apostolado e para o exercício da caridade.
Como tudo isso é importante. Para algumas paróquias esta doutrina ainda encerra alguma novidade. Para outras, o seu harmonioso funcionamento está a permitir que a vida pastoral decorra com absoluta normalidade.
Por razões sobejamente conhecidas e que nos fazem rezar pelo fim da Covid-19, em muitas paróquias não decorreu na forma tradicional o contributo penitencial e o contributo quaresmal, a visita pascal… Daí que se estejam a notar algumas deficiências. Importa recordar as nossas obrigações e imaginar o que poderemos ou deveremos fazer. Temos consciência das múltiplas necessidades que afligem as nossas famílias. Acreditamos, porém, que algo poderá ser realizado para bem da comunidade. Com a ajuda de todos, conseguiremos corresponder aos apelos urgentes da evangelização.
Vamos então contribuir. Nem que seja pouco, se algo conseguirmos dar, não pequemos por omissão. E não sejamos injustos, permitindo que outros contribuam para nós, enquanto nós nos fechamos na avareza e egoísmo.
Mãos dadas, em enorme sentido de responsabilidade e solidariedade, há que suprir o que foi lacuna: até finais do mês de setembro, se não antes, todos os fiéis tomarão a preceito a contribuição para o Fundo Paroquial, nos moldes em que habitualmente o faziam.
Será este o caminho para o retorno à possível normalidade, no que diz respeito ao sustento de quem dele precisa, à manutenção do património que nos orgulha e acolhe, ao exercício do apostolado que nos impele, e à prática da caridade que nos engrandece.
Compense Deus a enorme generosidade dos nossos cristãos.
Cónego José Paulo Leite de Abreu
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