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18 Mai 2018
Noite UP’S
Homilia na eucaristia da noite UP’s
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  © Ana Pinheiro | Basílica dos Congregados

Esta noite fazemos a experiência de ser Igreja, isto é, os convocados por Deus em assembleia cultual. Viemos de toda a Arquidiocese de Braga e, por isso, falo a pensar em todas as comunidades paroquiais, movimentos e associações. Procurando ser realista, parece-me que muitas vezes somos minimalistas. Contentamo-nos com o mínimo para andar em frente. Isto acontece tanto nas paróquias, onde a manutenção é a principal estratégia pastoral, assim como nos movimentos e associações que se fecham em reuniões sem horizontes mais amplos.

Quero, nesta noite, deter-me no dinamismo da solenidade que celebramos. O Pentecostes não é a confirmação da vida dos apóstolos encerrados no Cenáculo com medo dos judeus. O Espírito Santo escâncara as portas e impele os apóstolos a falarem com desassombro no meio da praça. Para trás ficou o receio, a timidez e a negação da intimidade com Cristo. O Pentecostes é uma nova etapa que se abre na vida dos apóstolos. Assumem a missão, o Espírito Santo dá-lhes a força e os instrumentos necessários e anunciam Cristo na diversidade de línguas e culturas.

É neste cenário que vos coloco algumas perguntas muito concretas. Estais contentes com a vossa vida enquanto cristãos, discípulos de Cristo e seus enviados no meio do tecido social que vos envolve? As vossas comunidades paroquiais estão satisfeitas com aquilo que vivem dentro e fora da paróquia? Os vossos movimentos possuem a força evangélica que chega às realidades terrenas ou fecham-se em reuniões narcisistas sem ardor apostólico?

Apercebendo-me das respostas que dão a estas perguntas, lembro-vos que viestes para realizar uma directa com Deus. Que esperais desta noite? Um passatempo agradável e descontraído? O desejo de promover um encontro profundo e pessoal com Cristo? Penso que nada vos poderá satisfazer e marcar a vossa vida se não se abrirem ao Espírito para que Ele vos conduza a Deus, desmontando esquemas de egoísmo e fazendo com que a vossa vida se torne expressão de um cristianismo desinibido e ancorado na vontade de mostrar o quanto Deus vale para vós. Uma directa com Deus é um apelo a estarem sempre junto de Deus e a gastarem a vida onde Ele quiser. Hoje sois jovens mas amanhã sereis família, sacerdotes, religiosos ou religiosas. Estar com Ele para abraçar um estado de vida é a base para um encontro pessoal e íntimo com Cristo. E este encontro fortalece a esperança necessária para acreditar que o futuro, vosso ou dos outros, poderá ser melhor porque construído por vós. Muitas vezes tenho repetido que a minha vida tem sido marcada por uma “satisfação insatisfeita”. Contente mas insatisfeito com aquilo que importa viver e fazer. Há um amanhã que espera muito mais de mim.

Com esta convicção pessoal, deixo-vos um pensamento do Papa Francisco. “Não tenhas medo de apontar para o alto, de te deixar de amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixar guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça. No fundo, como dizia Léon Bloy, «na vida existe apenas uma tristeza: a de não ser Santo»” (GE 34). É ingenuidade da minha parte afirmar que Cristo veio habitar entre nós e que não há nada mais triste do que a vida de cristãos instalados quando deveriam ser a expressão do amor que dedicamos a Deus? Não sou santo! A imperfeição está comigo nas palavras e nas acções. Mas todos os dias me levanto com este programa: viver para me aperfeiçoar, para reforçar a identidade de alguém que ama apaixonadamente a Cristo e, como consequência, se entrega à Igreja para o bem do mundo que deve ser amado como Cristo o amou.

Hoje celebra-se a festa do Espírito Santo, o enviado por Cristo para anunciar o amor de Deus. Este dia deveria envolver-nos neste ambiente familiar de Deus que, ao mesmo tempo, se alarga a toda a Humanidade. Que poderemos oferecer ao mundo? Seremos uma simples associação com objectivos mais ou menos definidos? Seremos uma ONG de trabalho meritório junto dos mais marginalizados? Tudo é meritório mas pode não ser suficiente! Creio, por isso, ser essencial potenciar um duplo movimento. Por um lado, crescer na interioridade de uma vida entregue a Cristo. Por outro lado, viver para o mundo que reclama um amor visível de Deus. Não existimos, os que aqui nos encontramos – a não ser que alguém tenha uma vocação contemplativa, que é sempre bem-vinda –, só para a interioridade ou só para a exterioridade. A vida cristã compreende-se num duplo movimento em perfeita articulação. Tudo deve partir de uma escolha primordial por Deus e que, mais tarde, se espelha nos mais variados gestos e opções exercidas no quotidiano. Coloco Deus no primeiro lugar da minha vida? É com Ele e por Ele que me comprometo e trabalho no mundo? Lembro-me de um pensamento que dizia aos jovens no tempo em que trabalhei nesta Basílica. Este pensamento mostrava a diferença nas actividades que aqui se realizavam. “Para Deus o quase tudo é nada”. Como é fundamental que a motivação da vida da Igreja seja o resultado de uma escolha que se traduz numa vida orientada para Ele. Isto é o essencial da vida cristã e à qual somos chamados a viver.

Gostaria de terminar convidando-vos a reflectir nalgumas palavras que o Papa Francisco escreve na exortação apostólica “Alegrai-vos e exultai”. Deixo-as para que cada um pense nelas como um convite muito especial:

“Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade está reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser Santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguir em Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (GE 14).

Sim! Todos, sem excluir ninguém, somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia e onde cada um se encontra. Eis a finalidade desta UP’S. Aceitemos o desafio!

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

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