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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga | 21 Nov 2004
Homilia da Eucaristia de Cristo Rei
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Por onde anda a eclesiologia do Vaticano II? No dia 21 de Novembro de 1964, o Papa Paulo VI, «juntamente com os veneráveis Padres, no Espírito Santo» «aprovamos, decretamos e estabelecemos» «todos e cada uma das coisas» que a constituição dogmática Lumen Gentium estabelecia e, por isso, «mandamos que, para glória de Deus seja promulgada». Completam-se, por isso, neste dia, 40 anos sobre a votação final e da promulgação da Constituição mais discutida e alterada desde as discussões iniciais. Comemorando este quadragésimo aniversário, convém que regressemos aos seus conteúdos para compreender a novidade da concepção de Igreja que ela encerra assim como a estrutura que a deve caracterizar. Se os anos passaram, talvez tenhamos de reconhecer que ainda continuamos apegados à nostalgia dum passado e não a tornamos motor duma verdadeira renovação. Num exame de consciência, reconheço que, aqui e acolá, surgem salpicos de vivência conciliar. Mas, por outro lado, teremos de aceitar a existência de muito medo em pôr em prática essas orientações conciliares. Neste dia de Cristo Rei, gostaria que fossemos capazes de reconhecer o trabalho inacabado na compreensão e concretização da eclesiologia delineada pelo Vat. II. Particular relevo merece o capítulo dedicado aos leigos e à sua importância como pertença dinâmica à Igreja através dum papel insubstituível no seu interior mas, particularmente, no espaço que, preferencialmente, lhes pertence. São variadas e necessárias as diversas formas de participação dos cristãos na vida eclesial. Talvez um número reduzido tenha assumido o seu espaço como consciência desta pertença à Igreja que é comunhão para uma missão intra e extra eclesial. Houve um tempo em que os carismas foram extraordinários impulsionadores da transformação da sociedade e duma criatividade cultural e social profunda. Conseguiu-se uma influência não só no campo teológico como no filosófico, artístico, económico, político, social. Era uma verdadeira estratégia onde o Espírito suscitava respostas adequadas e oportunas. Também hoje – reunindo na Catedral os movimentos – devemos aceitar que são chamados a ser fermento e luz para uma revitalização da sociedade e reestruturação do mundo nas mais variadas vertentes. É urgente uma nova gramática da relação social não já alicerçada num paradigma antropológico individualista mas preocupada com novas instâncias que, mergulhadas no coração do mundo, ofereçam respostas credíveis e incisivas. É esta Igreja sacramento de Salvação, ou seja, sinal dum modelo de sociedade diferente, capaz de dar felicidade e bem-estar a todos os homens, que o Espírito Santo delineou no Concílio Vat. II. Não sejamos ingratos para com este dom que continua a ser o Concílio. Regressemos à sua leitura e meditação e compulsemos os conteúdos que ainda não assimilamos. Quarenta anos ainda não foram suficientes para alterar as consciências. Não precisamos de regressar ao clericalismo omnipresente nem ao regime de cristandade. Somos para o mundo, não para o dominar mas para o servir. Daí que, quanto mais grave é a situação, maior é a nossa responsabilidade. Os tempos mudaram e foi para estes tempos diferentes que o Concílio aconteceu. Não permitamos que tudo se torne um conjunto de boas intenções. O Espírito Santo preparou-nos, através de todos os documentos conciliares, para estes momentos. Como poderemos dar vida à Lumen Gentium? Criemos uma consciência da eclesiologia que as suas palavras encerram. Confrontemos a sua doutrina com a realidade. Não teremos de reconhecer que ainda continuamos, no pré-Vat. II e, por vezes, nos encontramos à deriva, atribuindo culpas a outros e não ousando acreditar nas suas referências e modelos? Doutrina temos. Falta vontade em a conhecer e, particularmente, em a praticar. Algo mais poderá acontecer. Neste Ano Vocacional sintamos que a Vocação Universal à santidade, sendo o quinto Capítulo da Lumen Gentium, é o berço onde nascem as vocações de especial consagração. Que os movimentos, caminhando na sua espiritualidade, ofereçam vocações para prosseguirmos a concretização do Reino de Deus. Sé Catedral, Cristo-Rei 2004. + Jorge Ortiga, A. P.
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