Arquidiocese de Braga -

5 dezembro 2016

Mensagem de Advento do Sr. Arcebispo

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Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens

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"O mundo que construo 

Com o Advento e o Natal, quero convidar a entrar no sentido mais profundo do nosso programa pastoral. Pretendemos contemplar a fé com e como Maria.

Quando pensamos na contemplação, somos, por vezes, tomados por ideias abstratas de difícil concretização. Nada mais contrário à tradição cristã e ao testemunho que grandes santos nos legaram.

1. Contemplar
- É estar com Deus Pai, reconhecendo que o Seu Amor criou toda a Humanidade;
- É estar com Cristo, agradecendo a Sua entrega de vida pela salvação de todos;
- É estar com Maria, entregando a vida para servir a Cristo e à comunidade com gestos concretos e solícitos;
- É estar com o mundo, contemplando as maravilhas que contrastam com tantas deturpações da beleza criadora de Deus.

2. Mas estar com Deus, como Maria
- Para redescobrir a beleza da criação e agradecer a Deus por tanta coisa bela que encontramos, se assim o quisermos, no nosso quotidiano;
- Para nos identificarmos com Cristo, que continua a dar a vida pelos últimos e mais debilitados, e crescermos em sentimentos de fraternidade;
- Para acolher o seu exemplo, acreditando que o serviço desinteressado constrói a felicidade e uma vida com sentido;
- Agradecer as maravilhas que Deus permanentemente nos oferece e para nos empenharmos em conceder beleza à vida daqueles que se sentem desfigurados pelo anonimato e tristeza da pobreza.

3. A comunicação social desmonta e desnuda toda a realidade. Esquece-se, infelizmente, de referir muitas situações que ofendem a dignidade humana. Ignora-se a miséria e o sofrimento oculto que ultrajam os pilares mais fundamentais de uma sociedade justa onde os direitos não são respeitados.

Contemplar significa ver as situações que ninguém quer ver e intervir com denúncia e acção. Só assim o Natal será a festa de fraternidade universal. Com o silêncio da meditação, ouvimos os cânticos dos anjos louvando o Senhor e despertamos para os gritos, talvez silenciosos, de quem ainda espera um Salvador que lhe restitua a paz construída pelo nosso amor.

Contemplemos, por isso, o presépio e colhamos, sem hipocrisia, a responsabilidade, que Ele nos coloca nas mãos, de construirmos um mundo solidário que todos esperam e muitos necessitam.

Porque será que celebramos o Natal e tudo continua na mesma? Não serei capaz, este ano, de o viver dizendo: “chega do meu egoísmo e espírito de resignação perante um mundo tremendamente desigual. Eu posso mudar a realidade que me circunda”. 

Bom Natal para todos, particularmente para os mais sozinhos, envergonhados e perdidos. Estarei sempre convosco."

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz


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