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O Conquistador | Ocua, Pemba, Moçambique| 21 Out 2022
A "ousadia" de ser mulher... em Moçambique!
Fátima Castro, equipa missionária Salama!
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  © Fátima Castro | Ocua, Pemba, Moçambique

Ser mulher é ser alegria e ternura. É ser cor e festa. É ter sorriso fácil e fortaleza permanente. É ser mãe e geradora de vida, independentemente da sua condição social, cultural ou religiosa... Ser mulher... Sim, toda a mulher devia ser assim. Mas não é.

Em muitos lugares do mundo a mulher continua a ser ignorada na sua dignidade, desvirtuada nos seus direitos, marginalizada e, muitas vezes, reduzida à servidão. O lugar e a missão da mulher continua a precisar de uma maior consciencialização da sociedade. A igualdade de oportunidades, entre homens e mulher, ainda é uma utopia. Guardo na memória uma frase do Papa Francisco na Praça de S. Pedro no dia 08 de Março de 2015: "O mundo onde as mulheres são marginalizadas ... é um mundo estéril!"

Vivemos, em Moçambique, a experiência de uma Igreja ministerial. A falta de sacerdotes faz com que a Igreja dependa do trabalho dos leigos onde os vários ministérios e serviços colocam toda a Igreja em movimento. Na sua grande maioria homens. A paróquia de Santa Cecília de Ocua não é exceção. Subdividida em 17 zonas e 98 comunidades, em nenhuma delas encontramos mulheres zonais ou animadoras (responsáveis) da comunidade. Raríssimas são as catequistas. Dos outros ministérios não me atrevo a falar. A justificação mais frequente é porque não sabem ler/escrever.

Recordo o encontro com uma jovem numa das primeiras visitas que fizemos às comunidades. Perguntava-lhe em que classe andava. Não entendendo o que perguntei, o animador da comunidade logo se prontificou a lhe emprestar a voz e respondeu-me: "Mana, ela é uma rapariga': Voltei a perguntar. Não porque não tivesse entendido a resposta da primeira vez, mas porque senti a necessidade de escutar outra coisa contrária ao que ele me estava a dizer! Aí ele respondeu em macua e apontando para ela: "liana"; ou seja, "mulher". Porque era mulher, a prioridade (e a sorte) de frequentar a escola, não era para ela. Que longo caminho há a percorrer!

O papel da mulher na Igreja foi um dos temas da IV Assembleia Nacional de Pastoral. Estamos a viver este tempo de graça (e de mudança, espero) em Moçambique. No primeiro fim de semana de Outubro decorreu a fase diocesana. O pároco de Santa Maria Rainha do Apóstolos, na apresentação dos relatórios paroquiais, referiu que os trabalhos terminaram quando uma mamã se levantou e questionou porque é que na paróquia deles não havia nenhuma mulher zonal ou animadora da comunidade. Presente depois como delegada, a mamã Maria do Céu, dotada de uma capacidade de resiliência impressionante, voltou a questionar o Sr. Bispo. Era mais uma tentativa para encontrar o lugar justo que a mulher ocupa na família, na sociedade e na comunidade cristã. Outro nome de mulher surgiu nesta assembleia e é para reter: Vilicia Macassine! Foi uma das 11 pessoas eleitas e vai representar as mamãs da Diocese de Pemba na fase das províncias eclesiais. Ah, importante dizer que esta mamã eleita é da nossa paróquia de Santa Cecília de Ocua! Vacani, vacani ... (pouco a pouco) chegaremos lá!

Artigo publicado no Jornal O Conquistador de 21 de outubro de 2022.

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Palavras-Chave:
CMAB  •  salama  •  conquistador  •  mulher  •  Ocua  •  Pemba  •  Moçambique
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