Arquidiocese de Braga -

3 fevereiro 2016

A Arquidiocese comprometida com a cultura

Fotografia Avelino Lima

Discurso na Conferência de Imprensa de apresentação do Espaço Vita

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O Papa Bento XVI, no encontro com os representantes da cultura, no Centro Cultural de Belém, em 12 de maio de 2010, dizia “A cultura reflete hoje uma «tensão» que por vezes toma formas de «conflito», entre o presente e a tradição. A dinâmica da sociedade absolutiza o presente, isolando-o do património cultural do passado e sem a intenção de delinear um futuro. Mas tal valorização do «presente» como fonte inspiradora do sentido da vida, individual e em sociedade, confronta-se com uma forte tradição cultural do Povo Português… com o sentido de responsabilidade global.”.

Também eu valorizo o presente mas não quero fugir à responsabilidade de o alicerçar no passado com perspectivas para o futuro aceitando a responsabilidade histórica da Arquidiocese de Braga. Sabemos que a fé desafiou o génio humano. A história de Braga confirma-o e ninguém ignora que a Arquidiocese foi realizadora de um inquestionável património e de uma contínua promoção cultural.

Hoje, a Arquidiocese de Braga quer continuar esta cumplicidade com a cultura. Por um lado, está a realizar um esforço enorme na recuperação do Património. Creio que ninguém o nega. Reaproveitamos diversos imóveis e entramos numa batalha difícil de dar vida a espaços emblemáticos. Iremos apresentar o que pretendemos efectuar com o Cinema S. Geraldo, mas também temos em curso outras recuperações como a Igreja da Lapa (com a Arcada) e a Igreja dos Terceiros. E existem, ainda, outros sonhos.

Quanto ao Cinema S. Geraldo, iremos procurar recuperar a fachada criando uma harmonização a partir da porta principal através de uma construção nova a ocupar a frente do chamado Pé Alado. Para isso teremos de demolir essa parte, de recente construção, para que a Praça Carlos Amarante usufrua de um edifício com um verdadeiro enquadramento arquitectónico. Fazemo-lo em nome do que consideremos respeito pela história e integração de novos elementos. Gostaríamos de aí colocar algumas peças pétreas que recordassem o Convento dos Remédios, infelizmente destruído, e que, a existirem como alguém diz, ficariam a perpetuar um momento de inigualável valor.

Estamos conscientes de que esta intervenção já deveria ter sido feita. Foram muitos os imponderáveis e mesmo nesta última versão gostaríamos de a dotar com um espaço que enriquecesse ainda mais a praça e servisse a cidade. Não foi possível, embora me pareça que oferecia muitas vantagens.

Os detalhes da intervenção – o espaço continuará a evocar o padroeiro da cidade – serão explicados dentro de momentos. Tenho consciência de alguns artigos nos jornais que, injustamente, lamentam que se irá perder a vertente cultural. Creio que não fugiremos ao que o “Concurso de ideias para a cidade de Braga esboçou” e asseguramos, a quem se lamentava em artigo sobre o abandono do edifício, que aí se continuará a ter um palco para iniciativas culturais, assim como não esquecemos que o Cinema S. Geraldo foi o primeiro a projectar em Braga, com a honra de ser uma das primeiras salas do país. Daí que também o cinema poderá acontecer ocasionalmente. Por outro lado, as obras, salvo alguns imponderáveis, deverão iniciar em princípio de Abril. 

Com esta apresentação do Espaço Vita, queremos corporizar a vertente cultural manifesta no nome que, desde a recuperação desta histórica casa, a celebrar 90 anos da localização do Seminário de Nossa Senhora da Conceição, lhe atribuímos de Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese. Neste Centro, o Espaço Vita irá permitir uma programação e difusão cultural nas mais variadas vertentes. Tudo poderá estar presente neste Auditório. Congressos poderão acontecer neste polivalente espaço que, ao lado do auditório, oferece diversas salas, locais para refeições, possibilidade de alojamento, parque automóvel e, se assim o entenderem, uma Capela para momentos de especial intimidade.

Penso tratar-se de um enriquecimento para a cidade e norte do país. A Igreja não deixará de realizar os seus eventos como acontecerá em breve com o Nova Ágora. Espero que a sociedade civil, o tecido empresarial ou comercial, o mundo universitário, queira aproveitar o que preparamos com um grande sentido de responsabilidade histórica. Congressos, simpósios, exposições, colóquios, apresentação de iniciativas, em língua portuguesa ou com tradução simultânea, tudo poderá ser efectuado aqui. Só temos critérios de dignidade para tudo o que aqui se possa realizar. A Arquidiocese, assim o creio, pode orgulhar-se de oferecer este novo espaço sempre na consciência de viver o presente, com todas as suas vertentes humanas, respeitando o passado e abrindo-se às novas exigências do futuro.

 

 † Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

Download de Ficheiros

DSC_02_2016.02.03_Braga_EspacoVita.pdf