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DACS com Crux | 22 Jul 2022
Documentos que detalham a Inquisição Portuguesa estarão disponíveis online
Os documentos incluem versões impressas de sermões pregados por dois padres no final dos julgamentos a que presidiram e um manuscrito encadernado de 60 páginas do século XVIII que documenta os primeiros 130 anos de actividade do tribunal da Inquisição portuguesa.
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  © CNS photo/Debbie Hill

Rara documentação da Inquisição Portuguesa com informações detalhadas sobre os julgamentos que ocorreram há 500 anos foi digitalizada pela primeira vez no Arquivo Central para a História do Povo Judeu da Biblioteca Nacional de Israel.

Os documentos incluem versões impressas de sermões pregados por dois padres no final dos julgamentos a que presidiram e um manuscrito encadernado de 60 páginas do século XVIII que documenta os primeiros 130 anos de actividade do tribunal da Inquisição portuguesa.

Os julgamentos ocorreram principalmente em Lisboa, com uma breve menção aos julgamentos em Tomar.

Escrito em português, o manuscrito contém informações sobre julgamentos conduzidos por inquisidores de 1540 a 1669 contra judeus recém-convertidos ao catolicismo, acusados ​​de continuar a praticar secretamente o judaísmo. Estão incluídos detalhes dos julgamentos, incluindo datas, nomes dos padres que participaram e número de vítimas sentenciadas em cada um.

O documento é conhecido em inglês como “An Accounting of All the Autos-da-Fé that Oked Place in Lisbon”.

Autos-da-fé eram espectáculos públicos em que as sentenças das vítimas da Inquisição eram lidas e executadas pelas autoridades.

Os resumos foram escritos num momento em que os inquisidores, ou alguém que participou nos julgamentos, sentiram a necessidade de manter um registo do trabalho da Inquisição como algo positivo, observou a arquivista Pnina Younger. Com base na caligrafia, todos os resumos foram escritos por uma só pessoa, disse.

Estes resumos foram posteriormente encadernados num volume no século XVIII como um memorial à crueldade desses julgamentos, explicou. O volume também inclui uma lista resumida dos julgamentos escritos num papel separado que a arquivista acredita ter sido compilado no final do século XIX ou início do século XX com base na caligrafia e no tipo de papel usado.

O título em português da encadernação do volume diz: “Esses actos de fé hipócritas, praticados sem piedade, eram obra de antigos clérigos, apenas para tornar as pessoas miseráveis”.

Em 1536, a Igreja Católica iniciou a Inquisição em Portugal após uma influência em massa no país de “anusim”, judeus que foram forçados a converter-se ao Cristianismo ao fugir da Inquisição espanhola. A Inquisição portuguesa incluiu punições particularmente cruéis, muitas vezes realizadas diante de grandes multidões que se reuniam para assistir. Os julgamentos cessaram após cerca de 250 anos, embora a Inquisição de Portugal não tenha sido oficialmente abolida até 1821, disse Younger.

Embora muitos dos julgamentos tenham sido realizados contra “novos cristãos”, alguns julgamentos também foram realizados contra “velhos cristãos”, aqueles que conseguiam traçar a sua linhagem de sangue cristão no “passado profundo”, disse Younger. Esses velhos cristãos defenderam a sua “pureza de sangue” nos julgamentos que acusaram pessoas de crimes como judaização, blasfémia, posse de livros proibidos, sacrilégio, sodomia e bigamia, explicou a arquivista.

Cópias digitais dos dois sermões impressos estarão disponíveis em breve no site da Biblioteca Nacional de Israel em www.nli.org.il/.

Os sermões foram uma parte importante dos julgamentos e não foram apenas dirigidos às vítimas, mas foram também uma forma de disciplina para o público que veio observar os autos-da-fé, explicou Younger.

Um dos sermões impressos foi pregado a 26 de Junho de 1645, num auto-da-fé pelo padre agostiniano Phillippe Moreira. O resumo do evento encontra-se no volume encadernado, disse Younger, abrindo o volume na página de resumo onde o nome de Moreira e a data podem ser claramente vistos.

Este auto-da-fé também está listado na lista sumária separada, que observa que 11 das 72 pessoas julgadas sob o comando do padre foram condenadas à fogueira, disse Younger.

Os documentos já faziam parte do acervo do arquivo há algum tempo e estavam catalogados, mas voltaram a aparecer no quadro da recatalogação e digitalização dos arquivos e documentos do arquivo.

Artigo de Judith Sudilovsky, publicado no Crux a 21 de Julho de 2022.

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