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DACS com La Croix International | 15 Jul 2022
Padre chileno quer “aproximar autoridades dos pobres”
O padre Nicolás Viel, que foi nomeado capelão católico do palácio presidencial no Chile, encarna uma Igreja para a qual “a fé é política”.
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  © VERONICA ORTIZ

O Padre Nicolás Viel está a reorganizar os bancos dentro da capela de La Moneda, o palácio presidencial no Chile.

O clérigo de 40 anos, que foi nomeado capelão do palácio em Maio passado, estendeu um pano com motivos indígenas – conhecido como Aguayo – sobre o altar e colocou uma estátua de uma virgem Equatoriana na entrada da capela.

Diz que era preciso dar um tom mais fraterno a este espaço frio de mármore.

O padre Viel está aqui a pedido expresso do presidente Gabriel Boric, o político de 36 anos que assumiu o cargo em Março.

O presidente faz parte da nova geração de líderes de esquerda que esperam virar definitivamente a página do neoliberalismo herdado da era Pinochet.

Viel, que é membro da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria (os Padres Picpus), estudou Direito com alguns desses políticos na Universidade do Chile.

“A maioria deles não é crente, mas partilhamos uma utopia comum”, explica.

 

Com o pessoal do La Moneda

Foi um estranho destino que levou este padre de um bairro operário, fascinado pela espiritualidade de Madeleine Delbrêl e Charles de Foucauld, ao coração do poder chileno. Usando sapatos casuais e um colete grosso de lã, aponta para as paredes do palácio histórico, que foi bombardeado durante o golpe de estado de 1973, e ri: “É o anti-Foucauld, não é?”.

Mas o padre encontra aí uma coerência. “Estar no palácio presidencial, neste ambiente descrente, é como viver entre os tuaregues do deserto”, diz.

Jura que não está a tentar converter ninguém. Mas quer partilhar “vida e fé” com a equipa do La Moneda, e esperançosamente reviver a “fé comunitária” que é tão específica da espiritualidade latino-americana.

“O meu trabalho é aproximar as autoridades da base, dos pobres”, explica, convencido de que “Deus está na base”.

“O meu papel como padre aqui é fazer com que o poder se derrube a si mesmo”, refere.

Abrindo as portas do La Moneda para “ligá-lo à realidade social”, quer atrair pessoas marginalizadas para o palácio presidencial.

Convida migrantes, pessoas com deficiência e grupos de diversidades sexuais para participar na missa ali.

 

Escolher o sacerdócio aos 25 anos

Viel, que a princípio se tornou advogado, escolheu o sacerdócio aos 25 anos. Mergulhado na teologia da libertação, queria colocar “a fé num Deus que escolhe os pobres, a comunidade e a proximidade com os últimos entre nós” no centro da sua vida.

Passeou cinco anos em bairros operários da periferia de Buenos Aires. E foi lá e em outras partes da Argentina que, com admiração, descobriu uma Igreja “muito política”.

Na Diocese de Merlo-Moreno, por exemplo, as comunidades cristãs estão em contacto com as numerosas organizações dos bairros. Ajudam a desenvolver actividades de pastoral social e animam cantinas populares.

Ele estudou “Teologia Maior” em Espanha e aprendeu que ser pároco significava “mover mesas e varrer o chão” – por outras palavras, “estar disponível para pequenos serviços”. O compromisso de um padre na Argentina também tem impacto na liturgia.

Quando Santiago Maldonado, um jovem activista simpatizante da causa Mapuche, desapareceu repentinamente em Agosto de 2017, o bispo celebrou uma missa.

Viel, ele próprio responsável pelo ministério da juventude, viu adolescentes da sua vizinhança cometerem suicídio, serem mortos ou morrerem por acidente. Organizou uma Via Sacra que, em cada estação, passava pela casa de um jovem falecido.

Foi também durante sua estadia na Argentina que D. Enrique Angelelli foi beatificado em Abril de 2019. O prelado tinha sido assassinado em 1976 pela ditadura militar.

“Foi como estar impregnado de toda a história da América Latina, cheia de beleza e martírio”, lembra Viel.

Afirma que a sua espiritualidade e compromisso com a justiça social são inseparáveis.

“A política precisa de um místico”, insiste. “Se a fé é apenas política e social, morre; mas se é apenas espiritual, permanece desencarnada e manca”, argumenta.

Daí vem a ideia de que as diferentes sensibilidades políticas entre os cristãos beneficiariam ao serem explicitadas.

“Às vezes temos a sensação de que ninguém pode falar de política na Igreja”, diz o padre.

“Acho que é o contrário: vamos expressar-nos e sermos irmãos e irmãs de quem pensa diferente! Estamos unidos por algo maior”.

Através de uma rede chamada “Catholic for Boric”, Viel apoiou publicamente o candidato presidencial.

“O coração da nossa fé é o projecto do reino, que tem que ver com um mundo fraterno e uma sociedade justa”, diz, defendendo a sua decisão.

“E isso não pode acontecer sem tocarmos nas estruturas sociais e políticas”, conclui.

Artigo de Marguerite de Lasa, publicado no La Croix International a 14 de Julho de 2022.

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Palavras-Chave:
Chile  •  Sacerdócio  •  Política  •  Igreja  •  Religião
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